Olhos cristalinos

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Quietude contínua antecedeu o imaginar
Logo a mente, como cartilha, o descreveu
O ser mais belo dos vales pôs-se a caminhar
Dentro de sonhos áridos, bendito acometeu

Amor primordial de eras, logo blindares
Tens pristinal fase aos céus cinzentos
Profundamente, como vastos mares
Me refugiei, drástica, ao teu alento

És a branda lareira no inverno nevoeiro
Cor viva do arco-íris, minha contemplação
Recanto atemporal no meu espaço inteiro
És o protagonista de uma tarde de verão

Cristalinos olhos, pele macia lustrosa
A primavera lembra-te, colorido encantador
Foi calêndula medicinal em ruína desamorosa
Néctar esmero que dilacerou a dor

Cabelos lisos escurecidos como o anoitecer
Puro posfácio de um recôndito soberano à vida esbelta
Mãos abastecidas de desejos ao corromper
Leva a pensamentos tão remotos quanto a Sentinela

Solstício inimaginável de forma inquietante
Surgiu e desfez o obscurantismo de um dia
Tornou meu caos interno menos desmoronante
Dentro do abraço o pesadelo colossal adormecia

Me leva longe, ao ilusório, tu és correnteza
Longa prosa fascinante, caminhos desconhecidos
Te pinto uma aquarela lúdica para que não esqueças
Do eternal sentimento que tem sobrevivido

Silêncio espectral soando aos montes induzes
Simples cantar de pássaros torneia minúcias recordações
Tu'alma brilha como um navio a vela cheio de luzes
Onde soavam violinos através de belas canções

Senhor serenidade de vestígios que acolhi
Trono faraônico que ampara nossa futuridade
Sua voz é Djoser espectral onde me perdi
Exatidão do monte primordial, destrói a calamidade

Veneza, palácios, alucinações se movem
Noite de outubro, ainda decaem neves sem fim
Figura mais bela que a Noite estrelada de Van Gogh
Estaria, eu, amando um anjo Serafim?

Óh, vanglorioso viajante místico
Que viaja em meus sonhos mais profundos
Trouxe a paz marcante dos Campos Elíseos
Desfez o Tártaro agouro submundo

Eros atingiu, ágil e prático, o coração
Sob encantos do teu inócuo olhar
A flecha angelical desviou do turbilhão
O explícito momento teve de nitidificar

No nevoeiro dessa cidade em degasto
Toque blues, ou um clássico tango
Deixe este nefasto, leve-me ao espaço
No labirinto de Dédalo, e nos encontramos

ELUCIDAÇÃO POÉTICAOnde histórias criam vida. Descubra agora