IX

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     Um cintilante carro amarelo estacionou ao lado da praça, próximo ao banco de Bakugou.

     Em seguida cabelos na altura dos ombros, repicados e loiros se ergueram atrás da porta do carro. O cabeludo fechou a porta e Bakugou reconheceu a jaqueta preta cheia de rebites e as calças de couro. Kaminari sempre chamava atenção como uma luminária elétrica de última geração, mesmo não sendo esse o seu objetivo.

     Kaminari pareceu sentir os olhos de Bakugou, virou na sua direção e acenou para si. Katsuki se esforçou para corresponder com uma feição não-horrível. Seria mesmo uma longa manhã...

     Em poucos segundos Kaminari já estava na sua frente.

     — E aí, cara! — Kaminari estendeu o punho fechado para o cumprimentar. — Obrigada por me avisar! — A voz nítida e forte, animada até.

     Katsuki invejava isso tanto em Kaminari quanto em Eijirou: ambos pareciam raios de sol plenos atravessando as nuvens, até mesmo as mais grossas. Podia cair uma tempestade, cheia de raios e trovões e ainda assim o tempo não fecharia para aqueles dois.

     — Eijirou vai gostar de te ver. — Sentiu o canto dos lábios se curvar; Eijirou precisava de raios de sol e não de bombas humanas, pensou.

     — E como ele está?

     — Não está sentindo dor por conta dos medicamentos, mas quebrou várias costelas, está com o braço direito imobilizado e o corpo todo cheio de furos e ralados. — Bakugou encarou o chão e Kaminari soltou um grunhido de dor, como se tivesse se machucado via empatia. — Pelo menos as pernas não sofreram fraturas graves. Mina e Karin estão lá com ele agora. Eles liberam a entrada de duas visitas por vez. — Kaminari anuiu com a cabeça, parecendo entender a espera necessária para ver seu amigo.

     — Mas que bom que você estava lá pra acabar com aquele vilão, cara! — Kaminari sabia recarregar as baterias de qualquer um, e mais ainda: sabia quando alguém precisava de energia. — Está todo mundo comentando sobre o como você explodiu aquele cara pelos ares sem acertar o Kiri! Chegaram tarde na cena, mas uns internautas gravaram o final. Eu acabei de receber o vídeo. Vocês são realmente a melhor dupla!

     Katsuki sentiu os olhos se arregalarem. Então esse foi o final da luta, pensou.

     — Se fossemos mesmo ele não ia estar no hospital. — Bakugou ainda encarava o chão.

     — É mesmo, ele não estaria aqui — Kaminari se empertigou, a voz ficou mais séria. — Estaria morto! Por favor, Bakugou, precisa parar de se cobrar tanto.

     Então Bakugou soube, Kaminari não sentia frio no momento, pois estava coberto de razão. Mas não assumiria isso, em vez disso, mudou o assunto:

     — E você e o Shinsou, como estão?

     — Ah, bem, ele está em Tokyo com a agência do Aizawa agora... — Dessa vez, foi Kaminari quem olhou para o chão. Era fato, eles estavam bem, mas estariam melhores se o trabalho de Shinsou não exigisse TANTO a sua presença. E tanto significava mais de uma carga horária comum dos heróis profissionais; bem mais. Kaminari detestava isso.

     — Ei, carregador humano, não vá adoecer de saudades. — Bakugou bateu seu ombro no dele e deu mais um trago no cigarro.

     — Ai! — Reclamou e Bakugou ficou na dúvida se o que doeu em Kaminari foi o ombro ou o peito. — Não vou ficar doente, mas pô, o Aizawa podia liberar ele pelo menos por um finalzinho de semana, né? O apartamento dele nem tem mais cheiro de Shinsou! — Cruzou os braços e a jaqueta de couro rangeu.

Declaração Súbita | KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora