Eijirou deu uma risada gostosa que ressoou pelo quarto e fez Karin abrir um dos olhos. Mina permanecia congelada, segurando a colher e fitando Eijirou como uma estátua, petrificada.
— Estava me perguntando quando iriam me contar. — Seu tom de voz era terno, terno demais para um enfermo, por um momento Karin se sentiu extremamente boba por esconder o relacionamento por tanto tempo.
— Então você já sabia? — Mina descongelou sua boca, mas o resto do corpo seguia estático.
— Claro que sim. Eu amo vocês duas e não sou lerdo para perceber que vocês se aproximaram muito desde que nos formamos.
— Você sabe desde aquela época? — Disse Karin, incrédula.
Eijirou riu com gosto.
— Ah, minha priminha, eu te conheço desde que era só um chumacinho vermelho, te conheço o suficiente para saber que está apaixonada. — Sorriu e emendou: — E que não gosta de meninos. Nunca vi nenhum problema nisso, mas não queria te pressionar para contar nada antes do seu tempo.
Karin se lembrou do pequeno Eijirou — mesmo sendo maior que ela por ser 2 anos mais velho era seu pequeno Eijirou —, dividindo seus brinquedos, montando pistas enormes pelo quintal para testar os carrinhos mais rápidos. Depois se lembrou de como Eijirou segurou sua mão e acalmou seu choro no primeiro dia de aula. Se lembrou de Eijirou pintando o cabelo de ruivo, no tom de Karin e do seu herói favorito, quando ela sofreu bullying na escola pela cor diferente e chamativa. Por fim se lembrou de Eijirou repicando o seu cabelo e raspando a lateral em um side cut aos seus 16 anos, tentando a animar enquanto chorava as mágoas do seu primeiro termino. Eijirou nunca a perguntou sobre sua sexualidade, mas diferente do resto da família, nunca a questionou sobre namoradinhOs.
Que grande burra foi em não perceber que ele já sabia sobre sua sexualidade. Não só sabia como também a aceitava. Ele a aceitou antes que ela se aceitasse.
Sentiu as lágrimas embaçarem lentamente a visão. A onda realmente tinha a atingido, só não esperava que fosse ser tão terno e acolhedor ser levada por essa correnteza.
As lágrimas rolaram e Karin lançou os braços em torno do pescoço do primo, com o máximo de cuidado que sua alegria permitia. Eijirou soltou um resmungo, provavelmente de dor, mas passou o braço livre pelas costas da prima. Karin não era de falar, mas Eijirou sabia ler a prima perfeitamente para saber o quanto de alívio, alegria e carinho continha aquele abraço, e também o quanto Karin esperou, ansiosa, para poder dá-lo.
— Estou feliz por terem me contato.
— Não imagina o quanto nós estamos felizes! — Mina enfim livrou o corpo do restante da paralisia em um pulo de felicidade, também chorava, e quase fez mingau de aveia ser a nova decoração das paredes do quarto.
— Ah, eu imagino! — Disse Eijirou e os três riram da feição apreensiva que Mina fez quando o mingau saltou do prato como uma panqueca virando em uma frigideira, quase aterrizando no chão.
Bakugou brigava com os olhos para focar no cardápio da padaria.
Não tinham tantas opções de pratos para o café da manhã, deveria escolher entre: misto quente, pão na chapa ou ovos mexidos, mas nem isso conseguia. Suspirou pela terceira vez consecutiva. Seus pensamentos estavam todos dentro do quarto 357 do bloco B.
— Posso anotar seu pedido? — A atendente se aproximou da mesa.
— Eh... um — olhou pela última vez para o cardápio — pão na chapa e um café puro.
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Declaração Súbita | KiriBaku
FanfictionKirishima e Mina estavam noivos? Como Bakugou não percebeu antes? O gosto de engolir a própria declaração era amargo. Para ajudar: Kirishima estava no hospital e a culpa era toda sua. Crédios da fanart: @/kirwastaken (twitter) - 1º lugar em #angst...