Política Fiscal
Desde o New Deal, a principal justificativa para a expansão da ativida-de do
governo em nível federal tem sido a suposta necessidade de investimentos
governamentais para eliminar o desemprego. A alegação passou por diversos
estágios. Primeiramente, a intervenção do governo seria necessária para "dar a
partida" - intervenções temporárias poriam a economia ^m movimento e o governo
poderia então retirar-se do campo.
Quando as despesas iniciais não conseguiram eliminar o desemprego e foram
seguidas por uma retração econômica aguda em 1937/38, a teoria da "estagnação
secular" desenvolveu-se para justificar um nível permanentemente alto de
investimentos governamentais. A economia amadureceu, disseram então. As
oportunidades para investimentos já haviam sido largamente exploradas, e não
havia possibilidade de surgirem novas oportunidades substanciais. Contudo, os
indivíduos ainda desejavam economizar. Portanto, era essencial que o governo
investisse e mantivesse um déficit perpétuo. Os títulos emitidos para financiar
o déficit forneceriam aos indivíduos um modo de acumular suas economias enquanto
os investimentos do governo forneceriam empregos. Este ponto de vista foi
completamente refutado pela análise teórica e ainda mais pela experiência
concreta, incluindo a emergência de linhas inteiramente novas para o
investimento privado que os partidários da "estagnação" não foram capazes de
prever. Entretanto. deixou um legado. A ideia pode não ter mais aceitação, mas
os programas de governo iniciados a partir dela. como alguns destinados a "dar a
partida", ainda continuam e são de fato os responsáveis pelo aumento constante
das despesas governamentais.
Mais recentemente, a ênfase deslocou-se da necessidade de "dar a partida" e
evitar a "estagnação" para a necessidade de manter o equilíbrio. Afirma-se que,
quando os investimentos privados declinam por qualquer razão, os investimentos
do governo devem aumentar para manter estáveis os investimentos totais; por
outro lado, quando os investimentos privados aumentam, os do governo devem
baixar. Infelizmente, o sistema não funciona. Qualquer retração, mesmo de
pequeno porte, abala a sensibilidade política de legisladores e administradores
levantando o espectro sempre presente da crise de 1929/33. Apressam-se, então, a
pôr em vigor programas federais de investimento de um tipo ou de outro. Muitos
deles não começam a funcionar de fato até que a retração tenha passado. Logo,
como afetam o total de investimentos, sobre que falarei mais tarde, eles tendem
a exarcerbar a expansão seguinte em vez de mitigar a retração. A rapidez com que
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Capitalismo e Liberdade - Milton Friedman
Non-Fiction"Este livro é de grande atualidade, em especial na América Latina. Sua ideia central é a de que o mesmo Estado que constrange a liberdade econômica termina por também tolher a liberdade individual. É o que todos nós vivenciamos no cotidiano da Améri...