Capítulo 14: A Tristeza e a Adaga Mágica

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Zeniba sentia uma presença cada vez mais forte enquanto continuavam o caminho. Ela não sabia o que era, mas havia algo de errado com certeza. E o que quer que fosse, tinha um cheiro horrível! Era um espírito? Um monstro? Alguma outra criatura? Ela apenas esperava que gostasse de humanos.

Melhor não arriscar. "Talvez devêssemos ir numa direção diferente." A bruxa sugeriu.

Chihiro lhe deu um olhar confuso. "Mas o selo aponta para esta direção."

"Eu sei... Mas estou sentindo algo por ali que não sei se vai tolerar você." Murmurou a idosa explicando.

Levou um tempo para Chihiro processar o que ouviu, e quando processou logo se irritou. "Estou cansada de ser julgada por ser humana! Nós não somos todos iguais! Sim, alguns são destrutivos e terríveis mas não todos, e eu também não!" Ela bufou e se aproximou a passos rápidos da direção apontada pelo selo. "Vamos, pessoal!" Ela exclamou ao ultrapassar os amigos.

Zeniba suspirou. O que Chihiro dissera sobre os humanos era verdade mas muitos espíritos não entendiam.

"Vovó!"

"O que foi??"

Chihiro apontou para a figura na distância. "Olhe."

Zeniba olhou para o que a humana apontava. Uma serpente enorme se aproximava. Poderia engolir qualquer um deles sem dificuldade. Mas não era uma serpente comum, parecia ser feita de água; e bem poluída por sinal.

"Pelas estrelas." Zeniba sussurrou arregalando os olhos.

"Aquilo é uma serpente?" Perguntou Chihiro.

"Mais ou menos." Respondeu a idosa. "É um espírito na sua forma elementar. Do mesmo jeito que Haku tem sua forma dragontina."

"Ah." Chihiro assentiu em entendimento. Ela fez uma careta e cobriu o nariz. O espírito fedia muito. Fedia a fumaça, gasolina, lixo, e outras coisas nojentas das quais ela não pensou no momento. "Que fedor."

"Shh, está dormindo." Zeniba sussurrou.

"E daí? Serpentes são surdas."

Zeniba fez que não com a cabeça. "Não esqueça que este não é seu mundo. E esse espírito não é só uma serpente comum."

"É claro." A humana disse percebendo o quão idiota tinha sido seu comentário. Obviamente as coisas eram diferentes por aqui, ela não podia presumir algo baseado nos conhecimentos humanos. Chihiro também percebeu que a serpente tinha pálpebras.

Sem Rosto gentilmente segurou e puxou Chihiro pela mão. "Ah ah."

Zeniba assentiu. "Tem razão, devemos ir antes que ela acorde."

"Mas Lady Okaya disse que era para eu encontrar mais dois espíritos. Um cheio de tristeza e outro cheio de raiva." Chihiro falou. "E se esse for um dos que eu preciso enfrentar?"

"Não vamos arriscar assim, querida."

Seguindo o conselho de Zeniba, o grupo passou de fininho pela serpente adormecida.

"Sem Rosto, cuidado." Sussurrou Zeniba o alertando.

Sem Rosto acabou pisando na cauda da serpente a fazendo bocejar. Ele rapidamente tirou o pé de cima e continuou andando, mas os grandes olhos do espírito se abriram imediatamente. Zeniba engoliu a seco e foi para frente de Chihiro.

A serpente não atacou, na verdade nem pareceu os perceber ali. Ela se encolheu e gemeu de dor. Chihiro percebeu que ela respirava com muita dificuldade. Um líquido sujo vazava de sua boca enquanto ela arfava.

O Retorno de ChihiroOnde histórias criam vida. Descubra agora