Capítulo 1: Monologando No Córrego e Pedalando Para a Floresta

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Depois de pedalar por um bom tempo finalmente chegou ao destino. Era mais longe da casa do que a própria floresta mas valia a pena. Por isso só andava de bicilceta; além de seus motivos ecológicos.

Uma pessoa normal não entenderia o porquê desse lugar ser especial; era só um monte de apartamentos. Para Chihiro tinha bastante significado. Era onde o Rio Kohaku ficava. Agora estava todo coberto fluindo abaixo dos apartamentos, porém ainda tinha pequenos córregos que se conectavam ao rio antes de ele se mover sob o solo. Esse era o lugar que ela se sentia mais próxima de Haku o possível.

Chihiro lentamente se aproximou de um dos poucos córregos. Ela tirou as botas e as meias e sentou no chão, permitindo seus pés de mergulharem na água fria.

"Olá Haku." Ela disse para a água. "Quanto tempo. Desculpa eu não poder te visitar antes, eu tenho estado muito ocupada."

Como sempre ela foi respondida com silêncio. Ela não sabia por que ainda esperava uma resposta. Não recebeu nenhuma em sete anos.

"Eu fiz outro desenho de nós dois e o pessoal. Olha."

Ela tirou o desenho da mochila e segurou mostrando para o córrego, como se isso permitisse que de alguma forma o espírito-rio visse-o.

Chihiro suspirou tristemente. "Eu tenho muita saudade de todos vocês. Da vovó, da Lin, do Sem Rosto e especialmente de você."

Ela guardou o desenho e voltou a encarar o córrego. Sentiu as lágrimas vindo mas as segurou.

"Eu quero ver vocês novamente. Eu nunca quis ir embora. Se não fosse pelos meus pais, ou sua promessa de me ver, tenho certeza de que ficaria." Ela olhou para o céu, quase que na expectativa de ver Haku vindo em sua direção. Mas novamente, ela foi decepcionada.

"Mas onde você está? Eu esperei tanto tempo." Ela de repente começou a se irritar. "Já faz sete anos, Haku! Você faz ideia do que eu passei? Me sinto uma estranha entre meus semelhantes! O único lugar que eu me senti em casa é onde eu não consigo ir! Eu estou tão perdida aqui! Eu esperei todo esse tempo para te ver outra vez, e você ainda não cumpriu sua promessa!"

Ela olhava para a água, mas só podia ver sua imagem distorcida e zangada. O que a deixou com mais raiva.

"Você poderia pelo menos sentir minha presença!! Eu não venho até aqui apenas para falar sozinha! Minha nossa, Haku, eu não paro de pensar em você e nos outros. Eu deito na cama todas as noites esperando que você venha me buscar, mas você nunca vem! Quanto tempo você quer que eu espere!? Eu não vivo para sempre como você! Eu tenho que viver minha própria vida mas, eu não tenho uma vida aqui!"

Ainda sem resposta alguma, Chihiro chutou a água furiosamente.

"Você consegue me ouvir ou não??? Se sim, por que não me responde, hein? Eu era só uma menininha boba que você sentiu pena?" Ela falava agora mais consigo mesma do que com a água. Sua raiva se transformou lentamente num triste vazio. "Risa estava certa, então? Você seguiu em frente e me esqueceu? Se sim, isso dói, Haku. Dói mais do que tudo que possa imaginar."

Ela não pôde mais conter as lágrimas. Elas caíram livremente de seus olhos dentro d'água, virando parte do Rio Kohaku.

"Eu nunca deveria ter saído. Queria tanto que nunca tivesse. Eu não pertenço aqui. Eu já tentei voltar, mas não deu. Por favor venha para mim, Haku."

Ela perdeu a noção do tempo que ficou ali chorando sentada, mas o sol estava começando a se por e estava ficando frio. Chihiro levantou-se e colocou as meias e o par de botas. Virou-se para o córrego para dizer tchau.

O Retorno de ChihiroOnde histórias criam vida. Descubra agora