Capítulo 5: Chegada e Esclarecimentos

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Ainda de noite, algumas horas depois, Chihiro sentou-se na varanda do quarto - olhando para o nada - pensando num certo espírito-rio.

"Sonhando acordada com seu dragão de novo?"

Chihiro nem precisou olhar quem falou para saber quem foi. "Você ama me dar nos nervos, né?"

Lin riu e sentou ao seu lado. "É legal te provocar. Não leve pro pessoal. Ah, e você foi ótima hoje com aquele espírito-vulcão."

Chihiro riu para dentro. "Por que eu sempre fico com os pacientes perturbadores? Primeiro foi um espírito-rio que ficou entupido de lixo, depois Haku que foi amaldiçoado por Zeniba, depois Sem-Rosto que enlouqueceu e começou a comer as pessoas, e hoje - um espírito-vulcão eruptiu pela primeira vez."

Lin deu uma risada. "Eu nunca parei para contar." Disse. "Mas você teve sucesso em todas essas situações. Você é uma profissional mesmo trabalhando por tão pouco tempo aqui."

Chihiro encolheu os ombros. "Só espero não ter que cuidar de clientes assim toda vez."

"Com sua sorte, provavelmente terá que lidar com o espírito mais difícil do mundo espiritual inteiro." Lin provocou.

"Com minha sorte, provavelmente vou atender aquele cliente." Chihiro respondeu.

"Hmm? Qual cliente?"

Chihiro apontou para uma distância de vinte metros. "Aquele lá."

Lin observou o enorme objeto ambulante para qual a humana apontava e começou a gargalhar.

"Chihiro, aquilo não é um espírito." Ela ria. "Aquele é o castelo animado do feiticeiro Howl. Nunca ouviu falar no Castelo Animado?"

"Humana." Chihiro ressaltou, lembrando a amiga de sua origem.

"Oh, certo." Disse Lin, levando a mão à testa. "É claro. Desculpe."

"Tudo bem. Eu sei que há muitas coisas nesse mundo das quais desconheço."

Lin riu entre dentes. "Amiga, eu tenho quatro mil cento e vinte e quatro anos e não sei tudo sobre esse mundo. Então você está até que muito antenada."

Chihiro a olhava com tamanha surpresa. "Uau! Você tem mesmo mais de quatro mil? Eu diria que parece ter uns vinte."

Lin riu. "É porque eu escolhi ter vinte e quatro. O que me lembra... quantos anos você tem agora?"

"Dezessete." Chihiro respondeu. "Meio jovem comparada a você."

"Nah, idade não importa nesse mundo. Quer dizer, o Boh por exemplo - deve ter uns trezentos... trezentos e quinze?"

"Trezentos e sete." Chihiro respondeu.

"Isso. E ele ainda é um bebê. Alguns espíritos chegam a esquecer da sua idade real. É o que acontece quando se vive para sempre."

"É, acho que sim." Disse Chihiro tristemente.

Lin percebeu o tom triste na voz da amiga e logo se arrependeu do que disse. "Oh, Sen. Quer dizer- Chihiro, eu não quis dizer nada com isso."

Chihiro conseguiu dar um fraco sorriso. "Está... tudo bem."

Lin fez que não com a cabeça. "Não, não está. Eu esqueço como vocês humanos pensam constantemente na morte os capturando."

Chihiro não queria falar de sua mortalidade. "Nós tentamos não pensar nisso e apenas viver o momento. Se eu não for morta por ninguém, ainda poderei viver mais uns setenta ou oitenta anos."

O Retorno de ChihiroOnde histórias criam vida. Descubra agora