5. 𝐖𝐢𝐧𝐝 𝐎𝐟 𝐂𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞

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A criança estava sozinha, suas feições eram tão assustadas quanto as do pequeno grupo. Demorou alguns segundos para que Lola percebesse que era uma menina, a falta de cabelo e o corpo magrelo dificultavam a identificação. O medo que Lola sentia deu espaço a pena, ela costumava ser uma pessoa fria na maior parte do tempo, mas isso não significava que não tivesse sentimentos pelas pessoas ao seu redor ou empatia. Era incapaz de ver alguém passar necessidades e ficar sem fazer nada para ajudar. Preocupada, ela caminhou lentamente na direção da garotinha, andava como se estivesse aproximando de um animal selvagem e arrisco encontrado no meio da floresta.

— O que você está fazendo? — Perguntou Mike tentando puxar Lola de volta para a formação pela manga das vestes. Assim como os outros, temia pelo perigo que aquela garota desconhecida e perdida poderia representar a todos eles. Não sabiam nada sobre ela e Lola não parecia temer.

— Oi... — Cumprimentou Lola sorrindo gentilmente, a garota arrisca deu um passo para trás. — Não, não se preocupe. Não vamos te fazer mal...

— Sua irmã é louca — Lucas sussurrou para Dustin de um modo que apenas os meninos fossem capazes de escutar. Infelizmente, Dustin não poderia discordar, pois pensava a mesma coisa. Eles não falavam alto ou se moviam, sabia que Lola ficaria muito irritada caso aquela garota escapasse.

— Vista isso, está bem? — Lola retirou o próprio agasalho que usava e envolveu a mais nova com ele, o agasalho que já era grande para ela, parecia uma coberta sobre a garotinha desconhecida. Não poderia deixa-la passando frio com a chuva. A menina deu um sobressalto com o gesto gentil, demonstrando mais uma vez não estar acostumada com contato humano. — Calma... Vai ficar tudo bem... Está melhor, não está? — A garotinha assentiu positivamente com a cabeça. Ao perceber que a aproximação foi um sucesso, ela segurou a menina com carinho pelos ombros e virou na direção dos garotos que cochichavam. — Precisamos leva-la para sua casa, Mike.

— Porque na minha casa? — Ele perguntou arregalando os olhos preocupado com a ideia, aquilo era loucura.

— É meio óbvio, não acha? — Louise arqueou uma das sobrancelhas, mas a ideia que acompanhava a pergunta retórica não foi captada pelo Wheleer. — Sua casa é a única que fica sem ninguém durante a tarde, além de você ser o único que vai naquele porão que fede a peido de garoto. Podemos deixar ela lá, pelo menos até sabermos o que fazer e talvez ela saiba alguma coisa do Will. Prometo que não vai estar sozinho nessa, darei um jeito de sair do colégio assim que terminar o teste do Kaminsky. Fechado?

— Promete? — Perguntou Mike arqueando uma das sobrancelhas.

— Claro! — Ela assentiu.

— Prova... — O garoto cuspiu sobre a palma da mão direita e estendeu para que Lola apertasse. — Sabe as regras.

— Argh! Que nojo, Wheleer. — Louise fez careta, olhando da palma da mão do menino para seu rosto.

— Você fez uma promessa, Lola. — Disse Dustin olhando esperançoso para a irmã, como se aquele fosse o contrato mais precioso feito por ela.

— Só assim saberemos se vai cumprir com sua palavra e nos ajudar. — Falou Lucas como quem estivesse explicando um artigo importante da constituição.

— Beleza! — Ela assentiu a contragosto. Sem retirar as expressões de nojo da face, ela apertou a mão do Wheeler selando o contrato. As caretas de nojo aumentaram quando sentiu o cuspe do menino em contato com a pele, a primeira coisa que faria quando chegasse em casa era lavar a mão com muito sabonete. — Argh! Não acredito que fiz isso.

— Agora é uma de nós. — Falou Dustin orgulhoso.

— É honorário. — Disse Lucas não muito contente com a presença dela na equipe e, principalmente, por estar levando uma estranha na casa do melhor amigo.

𝐇𝐨𝐥𝐝 𝐓𝐡𝐞 𝐋𝐢𝐧𝐞 ────  𝑆𝑡𝑟𝑎𝑛𝑔𝑒𝑟 𝑇𝘩𝑖𝑛𝑔𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora