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- Anda, Hernanez! – Seu grito é animado, eu não posso subestimar as ideias de passatempo de Dakota – Vamos, grandão!

- Eu estou fazendo o máximo que consigo – Eu não sei andar a cavalo, mas Dakota é bastante manipuladora, reviro os olhos – Eu vou ficar ali te vendo, pode ser?

- Não – Ela diz séria, puxa a rédea do cavalo e me observa – Não gosto de cavalgar sozinha – Bufo cansado, eu só queria não ter que passar o dia realizando os desejos da russa.

Ela tenta me ensinar tudo novamente e nisso nem vi a manhã passar, mas agradeci por finalmente deixar os cavalos de lado, eu não gostei. Dakota está radiante, só falta andar saltitando, mas ela não pode se mostrar tão livre assim, tão distraída, não pode errar. É difícil fazer parte disso tudo, respiro fundo.

- O que você quer fazer agora? – Pergunto cansado, minha testa está acumulada de suor, mas não me importo, tampouco Dakota se importa.

- Quer treinar? – Ela pergunta encarando os dedos, finalmente deixamos o sol pra trás ao entrarmos na casa, a loira me encara sorrindo. Eu só queria um banho.

- Você não cansa nunca? – Seu sorriso aumenta, Dakota é um ser estranho, sua roupa já é colada no corpo, mas com o suor fica ainda mais, é impossível não correr os olhos pelas suas curvas.

- Claro que canso – Ela diz com obviedade no tom, dá meia volta e caminha rebolando até a sala de treinamento da casa – Mas ainda não estou cansada, agora vem.

Respiro fundo e sigo a loira até a sala cansado, não é novidade que irei perder novamente hoje.

*

Passo a toalha na cabeça e tiro o excesso de água em meus fios, a cueca está levemente apertada em meu corpo, mas não me importo, apanho o celular no criado-mudo e encaro a nova planilha que Philip me mandou, suspiro fundo. Isso tudo é estranho demais. Estralo minhas costas e encaro o espelho no quarto, minhas cicatrizes maquiam meu corpo, não tem nenhum lugar em minha pele que não tenha uma cicatriz. Coloco meu cabelo para trás e encaro a loira que acaba de entrar apressada no quarto.

- Aconteceu alguma coisa? – Sou rápido ao pegar a primeira arma que vejo, Dakota parece segurar a risada, acompanho seus olhos me avaliando.

- Não aconteceu nada não – Seu tom é baixo – Eu estava me desafiando só – Meu cenho se franze, ela segura a risada, seus olhos finalmente voltam para os meus.

- Então por que ainda está aqui? – Travo a arma novamente e a deixo onde peguei, observo a mulher caminhar até mim, seus olhos fervem de um jeito diferente hoje, suas mãos pulam em contato com minha pele, fico em alerta.

- Eu não sabia que você era tão grande e forte assim – Seu tom continua baixo, seus dedos caminham pela minha pele e meu coração acelera, eu não deveria estar gostando disso.

- O que está fazendo aqui, Dakota? – Engrosso a voz, observo sua língua molhar seus lábios, pigarreio e dou um passo para trás.

- Já falei que estava me desafiando – Ela revira os olhos, encara meu corpo novamente e sorri para mim – Você é muito estraga prazeres, grandão – A loira gira os calcanhares e sai do quarto como um furacão.

O que foi que acabou de acontecer aqui?

Coloco a calça do pijama e deito cansado na cama, meus olhos pesam, minha mente começa uma discussão interna e eu suspiro fundo, não vou conseguir dormir tão cedo hoje. Viro de um lado para o outro na cama, tentando fazer meus pensamentos evaporarem, mas não funciona, minha respiração está pesada e estou a ponto de gritar, quando minha porta abre, eu sei quem anda com cuidado até a cama, sei quem deita ao meu lado devagar, como se para eu não perceber. Ficar ao lado dela faz minha mente se calar.

- Tá acordado? – Consigo sentir o sopro da sua voz em minha nuca e é impossível não ficar arrepiado, suas mãos voltam a me tocar.

- Tô – Viro novamente na cama e encaro o teto, seus dedos encontram minhas cicatrizes com cuidado.

- Não estou conseguindo dormir – Seu tom continua baixo, ela se aproxima um pouco mais, sua mão ainda me descobrindo.

- Imaginei – Suspiro fundo.

- Posso ficar aqui com você? – Encaro seus olhos azuis e arrepio ao ser encarado de volta, ela inclina a cabeça em minha direção, eu poderia beijá-la agora, se quisesse.

Eu quero.

- Pode – Mexo a cabeça e volto a olhar para o teto – Quando você conseguir dormir eu saio daqui.

- Não precisa – Ela sussurra cansada, apoia o rosto em meu peito e faz círculos com o dedo em algumas cicatrizes em meu abdômen – Eu quero ter sonhos bons hoje.

Ela não precisa continuar para eu entender. Se eu sair, os pesadelos voltarão para sua mente e ela não quer isso, eu também não. A contragosto deixo meu braço sob as costas dela, fazendo-a aninhar ainda mais em mim, agora é a vez dos meus dedos fazer carinho nela, eu não sei fazer isso. Nunca precisei.

Dakota deixa um beijo estranho e delicado em meu peito e suspiro fundo novamente, isso não está certo. Não posso dar essa intimidade para ela.

- Você está gritando na sua mente – A garota apoia na cama e se levanta pouco para poder me observar – Eu consigo escutar seus pensamentos de longe, está me atrapalhando a dormir.

- Desculpa – Reviro os olhos, a loira desliza sua mão até meu rosto e cola sua boca na minha, eu realmente não deveria estar fazendo isso.

Seguro o pescoço da russa e domino o beijo. Eu não deveria estar fazendo isso. Viajo com a minha língua para a boca dela, o beijo úmido e gostoso é a única sensação que consigo sentir. Eu não deveria estar fazendo isso. Fico num alerta excitante quando a mulher me prende entre suas pernas e senta em meu colo. Eu não deveria estar fazendo isso. Suspiro com vontade quando seus beijos descem para o meu pescoço e eu desço minha mão, passando pelo seu seio, sua cintura, quadril e enfim sua coxa. Eu não deveria estar fazendo isso.

Gostei de escutar seu gemido baixo ao apertar sua coxa e sua bunda ao mesmo tempo, gostei de quando ela rebolou devagar em mim, gostei de sentir seus lábios macios sob os meus, gostei de sentir sua língua na minha e na minha pele e gostei das sensações que ela me causou. Mas eu não devia gostar de nada disso.

- Boa noite – A loira, percebendo minha hesitação volta a se aninhar ao meu lado.

- Boa noite – Suspiro fundo cansado.

Eu estou tão ferrado.


Eu estou tão ferrado

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A Máfia - Soldado RenegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora