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Dakota Pavlova

Eu nunca senti algo assim antes, seu toque em minha pele me aquece, mas me queima, uma dor gostosa que quero repetir mais e mais. Seus lábios percorrem meu corpo com carinho, descobrindo e redescobrindo minhas partes, minhas cicatrizes, meu íntimo.

Sinto seu dedo deslizando em mim, desenha minha boca, sente meu pescoço, minha clavícula, contorna meu seio, acaricia minha barriga e começa uma brincadeira excitante com minha intimidade. Arrepio ao sentir sua língua fazer o mesmo caminho que seus dedos, aperto o lençol embaixo de mim ao sentir sua boca chupando minha pele, meus lábios, não dá para controlar o gemido de sair.

As sensações que ele me causa viajam pelo meu corpo todo e a cada segundo que passa meus pelos se arrepiam mais, meus dedos encontram seus fios macios e por um momento fingi que o tempo parou. Que apenas esse momento importa, aqui e agora. Eu não me importaria de passar o resto da minha vida aqui, com ele.

Arqueio minhas costas ao senti-lo penetrar outro dedo em mim, ele me chupa sem medo e o gemido rasga minha garganta com força, minha respiração desregula. Hernanez aperta minha coxa e me prende na cama, ele continua seu trabalho com a boca e os dedos e suspiro excitada ao sentir o orgasmo querer me atingir. Tudo parece se embolar em minha barriga e a única coisa que posso fazer para me ajudar é puxar os fios de Hernanez.

O grandão me limpa com a língua e me faz tremer com isso, seus olhos encontram os meus e sua pupila dilatada me faz me sentir especial.

Eu nunca me senti tão especial assim, seus olhos me analisam com carinho e seu sorriso me embriaga um pouco mais. Cada detalhe dessa noite ficará marcado em minha memória para sempre.

- Você não pode me olhar assim – Seu timbre forte me desconcerta.

- Eu estou te olhando normal – Minha voz sai rouca, mais que o normal, mas não me importo.

- Não está não – Seu sorriso cresce um pouco mais.

Seu beijo me cala e seu corpo cola no meu novamente, a luz amarelada do quarto pisca e apesar de ser um problema com o gerador, deixa o ambiente mais romântico e propenso para o que está acontecendo.

Hernanez volta a redescobrir meu corpo com a mão e volta a me ascender. Seu membro toca meu íntimo e anseio ao senti-lo quase entrando em mim. Ele me encara e me observa enquanto escorrega para dentro de mim, preenchendo-me, completando-me, suspiro e encaro seus lábios sendo castigados pelos seus dentes, Hernanez me beija e entra e sai sem pressa, num ritmo gostoso e incansável.

O homem aumenta o ritmo, segura minha cintura com força e me penetra com força, consigo sentir suas veias saltando pela minha parede. Minhas unhas rasgam sua pele e pela dor ele geme, segura meus pulsos e prende minhas mãos em cima da minha cabeça, no colchão. Tento me libertar, mas é em vão, não controlo meus gritos e arrepio cada vez mais.

Por favor, que essa noite não acabe.

*

Meus fios cobrem meu rosto, minha respiração ainda está ofegante, meu corpo está coberto apenas pelo fino lençol e a cama está vazia ao meu lado. Suspiro fundo, eu sei que foi um erro, eu sei que tudo isso é um erro, eu sei que eu deveria odiá-lo, mas no momento só consigo chamar por ele novamente.

Isso só pode ser a síndrome de Estocolmo.

Hernanez adentra o quarto finalmente e eu paro de chamar por ele, o homem me avalia com cuidado, consigo ver o arrependimento em seu rosto, mas seus olhos estão em chamas, implorando para se controlar. Ele me encara, esperando meu primeiro pronunciamento do dia.

Eu não sei por que o chamei. Дерьмо¹.

- Estou com fome – Digo a primeira coisa que vem a minha cabeça e encaro sua sobrancelha arqueando devagar.

- Eu tenho cara de empregado? – Inclino meu rosto e sorrio.

- Pior que tem um pouco – Embolo as palavras como sempre, Hernanez parece já ter se acostumado com meu sotaque, então não me preocupo em falar novamente.

- Que absurdo! – Sua expressão de levemente ofendido me faz gargalhar.

- Está menosprezando o emprego de empregado? É isso? – É fácil começar uma conversa descontraída com o grandão, agradeço muito por isso.

- Eu? Nunca, jamais – Ele começa sem jeito – Longe de mim fazer algo do tipo, mas é que eu sou um soldado, um protetor – O homem estufa o peito – Sou um grandão – Minha risada sai sem vergonha, o ar me falta de tanto rir e faço um barulho engraçado ao puxar o ar para meus pulmões.

- Sai, sai, não consigo ficar séria com você aqui – Caio no colchão novamente de tanto rir e observo seu sorriso bonito aparecer.

- Eu vou preparar o almoço.

- Almoço?

- Isso – Ele diz e sai do quarto sem pressa, encaro o relógio no quarto, eu acho que nunca dormi tanto assim.

Encaro a enorme rosa na sala e sento a mesa entretida. A San Andreas sempre foi um exemplo de chacota por nossos costumes, mas a Cosa Nostra é quem deveria ser. Hernanez segue meu olhar e responde a dúvida que nem havia formulado ainda.

- As rosas são muito antigas, mas ainda assim são as mais famosas, elas são atemporais, as rosas são solitárias, mas ainda assim são as que todos querem, as rosas vermelhas simbolizam a paixão, o amor, o respeito e a adoração e se vê muito disso nos costumes da Cosa Nostra, é a representação perfeita.

- Mas você não concorda – Ele fica engraçado com a mão apoiada na cintura.

- Eu concordo, as pessoas só esquecem que a rosa apodrece depois de um tempo, eu não – O clima pesa sem querer e a tensão volta a tomar conta dos meus ombros.

O silêncio se faz presente e apesar de pensar em muito o que dizer, nada digo. Às vezes preciso reconhecer que o melhor a se dizer é nada.

Comemos sem pressa e em silêncio, a tarde se arrastou lentamente, Hernanez se escondeu em algum lugar e explorei a casa como forma de entretenimento. As conversas paralelas em minha cabeça parecem uma televisão ligada sem parar e meus dedos estão agitados tocando cada móvel, cada tecido, cada gesso de algumas paredes.

Quando o tédio subiu a minha cabeça me vi parada no meio da sala gritando pelo Soldato, estou ficando dependente. Por favor, que seja a Síndrome de Estocolmo.

- Fala tu – O homem chega cansado.

- Vamos lutar, tem alguma sala para isso aqui, não tem? – Ele me encara.

- A sala até tem, mas a médica não – Ele me encara, sei que não quer lutar, mas o tédio em meu corpo está gritando alto e eu só consigo me importar agora com o que eu quero. Algo muito normal no meu dia.

- без проблем². Vamos, Grandão! – Ele não esconde a careta de desgosto e atendendo o meu pedido, abre a sala de treinamento, meus pelos se arrepiam em ansiedade.





¹ - Merda.

² - Sem problemas.

A Máfia - Soldado RenegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora