CAPÍTULO XVII

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OS SENHORES DAS ÁRVORES

Pflanze estava sentada quietinha no solário com as três irmãs esquisitas. Ocupava-se observando a árvore do solstício, com as decorações prateadas e douradas brilhando à luz das velas, quando uma sensação horrenda se apossou dela. Permaneceu imóvel. Suas orelhas se aguçaram quando ela ouviu um tremor horrendo. Algo grande se aproximava do Castelo Morningstar. Conforme chegava mais perto, os enfeites na árvore começaram a sacudir com força, caindo dos galhos e estilhaçando ao redor de Pflanze. Ela saltou para longe da árvore e deu um miado agudo para chamar a atenção de alguém. Raramente usava sua voz, e ela lhe pareceu estranha. Resolveu chamar Babá telepaticamente, mas antes de conseguir fazer isso, as portas do solário se escancararam, revelando uma Babá muito preocupada, e Tulipa.
O que é isso? O que está acontecendo? Pflanze perguntou, parecendo mais assustada do que Babá jamais a vira.
– Não sabemos! Pensamos que as irmãs esquisitas tivessem acordado e por isso você estivesse miando! – Babá exclamou, olhando ao redor da sala, freneticamente tentando encontrar a causa do tremor. A sala escureceu e, de repente, tudo ficou preto.
– Pare! – Babá ergueu as mãos para o céu, criando uma luz prateada cintilante. Árvores imensas haviam cercado o solário. Árvores maiores do que quaisquer outras, árvores que se acreditava estarem extintas. Árvores que governaram o reino numa época anterior aos homens e às mulheres.
Babá logo entendeu quem elas eram.
Tulipa, chocada, mirou o alto das árvores. Ela sonhara com essas criaturas ao ler suas histórias, mas jamais pensara que um dia as veria na vida real.
– Elas não nos farão mal. Elas não são assim! – Tulipa exclamou. Temia que Babá as ferisse com sua magia.
Antes que Babá pudesse responder, houve uma batida rápida à porta da frente do castelo. Babá e Pflanze voltaram a atenção nessa direção enquanto Tulipa disparava para fora da sala para ver quem era. Quando Hudson abriu a porta, o Príncipe Popinjay correu para dentro do castelo, parecendo muito satisfeito consigo.
– Tulipa! Os Senhores das Árvores! Eles estão aqui!
Tulipa riu.
– Sim, meu amor, eu sei. Mas o que você está fazendo aqui? – Ela tirou as folhas e os gravetos do casaco de veludo dele, endireitando as fitas das mangas.
– Tive que segui-los quando vi que se dirigiam ao castelo, meu amor! Mas eles me garantiram que não pretendem fazer mal algum. O líder deles, Oberon, quer falar com você – explicou Popinjay.
Tulipa piscou algumas vezes, estava confusa.
– Comigo? Mas por quê?
– Não sei, minha querida. É melhor você mesma perguntar a eles.
– Suponho, então, que seja melhor eu sair e me encontrar com ele – concluiu Tulipa.
– Muito bem, querida, sei que não teme Oberon, mas seria bom tomar cuidado – Babá disse. – Não concorde com tudo. Não faça promessas que não terá a capacidade de manter. E o que quer que faça, por favor, alerte-os de que Malévola está a caminho e não hesitará em usar fogo para se proteger.
Tulipa assentiu, compreendendo a importância de tudo o que Babá dizia.
– Sim, claro.
– Escolha suas palavras com inteligência, minha cara. Como você leu, os Senhores das Árvores falam com muita franqueza. Nunca há espaço para interpretação, e você deve usar linguagem semelhante. Sempre fale o mais diretamente possível. Suas palavras importam agora mais do que nunca. Má interpretação pode ser algo desastroso. Agora vá! Fale com o Rei das Fadas!

Malévola: A Rainha do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora