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Adrien arrastava seus tênis destacadamente laranjas pela larga calçada da qual passava juntamente a uma porção de pessoas. A forma em que nunca sabemos o que se passa na cabeça de alguém pode nos guardar de coisas surpreendentes, como o fato de haver uma mulher pensando se seu marido chegará a tempo para a reunião, uma menina pensando no desenho que viu pela manhã na TV, um rapaz pensando no peso dos livros em suas mãos necessários para um trabalho da universidade, e um garoto loiro pensando na azulada em sua casa e o tanto de coisas que terá de explicar à mesma.

Sendo que ele não é capaz de explicá-las nem a si mesmo.

Adrien abriu a grande entrada de sua casa adentrando o local, podia sentir suas mãos suarem, um certo arrependimento por não ter disfarçado melhor enquanto podia, agora, ele estava mesmo sem nenhuma saída.

Largou a mochila no sofá encarando a Nathalie logo em seguida, que dirigiu o olhar sobre a xícara até o garoto que se encontrava recaído em sua frente, a secretária estava sentada à mesa com um notebook e uma porção de papéis espalhados pela superfície fazendo anotações da qual Adrien nunca perguntara por pura preguiça.

- Sua namorada chegou a alguns minutos, eu deixei que ela entrasse.

- Certo, onde ela está?

A mulher apontou para a grande porta ao fim do corredor, onde dava com os fundos da casa. O loiro coçou a nuca se dirigindo até lá logo em seguida. Suspirou ao avistar a garota sentada sobre o gramado de costas para si.

"Marinette"

- Mari.

Arregalei os olhos sendo pega de surpresa pela voz masculina que vinha por trás de mim.

- Adrien.

Disse me levantando, e ele, desviou o olhar como todas as vezes em que me aproximo.

- Por que decidiu vir tão de repente?

- Vai se fazer de sonso?

Falei cruzando os braços e ele apenas deu de ombros apertando as mangas de seu blazer.

- Está brava por que eu pedi para que me deixasse sozinho hoje mais cedo?

- Bem, eu não estou brava, eu só não sei o que está acontecendo com você Adrien. Eu sei que algo está errado, eu consigo ver isso só de olhar em seus olhos, e você sabe disso, por isso tem os desviado de mim, não é?

Ele apenas bufou tentando me colocar no papel de "dramática".

- Olha, Adrien, quatro meses atrás você não teria a humildade de me dar sequer um bom dia sem parecer arrogante, mas eu nunca te vi por quem você demonstrava ser, eu o olhava e via apenas meu velho amigo um tanto perdido em si mesmo. Mas a gente mudou isso, juntos, você se achou novamente e eu tive o prazer de te ajudar com isso, agora, você parece estar levantando um muro entre nós, me privando de saber dos seus sentimentos, e eu estou preocupada Adrien, preocupada com o que isso pode se tornar.

Eu me aproximei pegando em sua mão e pude senti-lo retrair.

- Por favor, olha pra mim...

Adrien levantou a cabeça lentamente olhando em meus olhos, e por um instante eu senti uma dor tão grande que meu peito parecia começar a rasgar, seu olhar caído, como se clamasse por ajuda, o olhar de alguém que está prestes a colocar tudo o que lhe restou a perder, de alguém que perdeu seu caminho e não sabe mais em quem confiar, de alguém que está terrivelmente machucado, de quem perdeu a esperança em tudo e todos...

Seus olhos não brilhavam mais, e estavam vazios...

- Você está certa, eu estou te evitando sim Marinette, eu estou evitando que você olhe pra mim e de alguma forma descubra tudo, descubra que eu não estou bem, descubra que eu enlouqueci completamente, descubra que eu falhei, descubra que a nova chance que você me deu de recomeçar, eu não consegui pegá-la.

Eu o abracei o deixando surpreso, e fechei os olhos sentindo o calor de seu corpo ser transmitido para o meu.

- Eu já sabia.

- O quê?

Adrien se afastou pegando em meus ombros, seu rosto assustado fitava o meu com a respiração um tanto alterada.

- Eu já sabia. Eu sei que você está sofrendo com o seu passado, que não consegue mais acreditar em uma vida da qual você caminhe sem estar lado a lado com os seus erros, que você tem ansiedade e depressão, eu sei disso Adrien.

Seu rosto empalideceu.

- C-Como..?

- Eu posso ter vivido com você por apenas dois anos, mas eu vivi com o seu verdadeiro eu, eu sei quando você não está bem... Eu sei quando seus sorrisos são falsos, quando seu beijo é hesitante, quando você ri e conversa com todos, mas seus olhos expressam medo, eu tenho percebido tudo todo esse tempo, você está passando por isso a um bom tempo, não é...?

- M-Mas eu...

- E eu te devo desculpas, muitas desculpas mesmo, porque você tem sofrido a tanto tempo, mas eu só vim perceber o que estava errado depois da sua reação ao ter visto o Luka me beijar, eu queria ter falado com você sobre isso naquela hora, mas você parecia ter se fechado e eu não quis te pressionar com esse assunto para não te machucar mais, talvez se eu... Se eu tivesse feito algo antes... Você não estaria passando por isso...

Eu coloquei minhas mãos sobre o rosto para cobrir minhas vergonhosas lágrimas, de todos aqui, eu sou a última a ter o direito de chorar.

- Eu sou tão idiota...

- Levantei meu rosto confusa, e vi o loiro rir olhando para o gramado sob seus sapatos.

- Era óbvio que você sabia... Se eu tivesse falado com você sobre isso antes, não estaria se culpando, você sempre coloca a culpa em si por tudo o que passo, não é? Toda vez que eu cometo um erro, eu achava que estava te desapontando, mas todo esse tempo você apenas joga a culpa em si, achando que podia ter feito algo antes para que evitasse que eu fizesse aquilo, não é?

Adrien colocou as mãos na cabeça jogando sua franja pra trás enquanto fitava o céu azul sobre nós.

- Marinette, eu nasci quebrado...

- Marinette, eu nasci quebrado

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Uทrєαcнαвℓє II: FrαgмєทτσsOnde histórias criam vida. Descubra agora