Capítulo 14

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Eai gente!

Preparem os lenços pq vem aí: chororô e gritaria

Eu amei demais esse capítulo, espero que gostem também! Comentem bastante hein!

Boa leitura!

Noah Urrea

06:47 - Domingo - 16/03/2014

Um pequeno raio de sol aponta no horizonte trazendo uma cor alaranjada ao céu, assim como qualquer outro dia em Santa Cruz.

A brisa fria da manhã batia em meu rosto, mas aquilo já não me incomodava. Sentado no chão gelado do cemitério, passo minha mão sobre a lápide de meu pai, tirando os resquícios de poeira que haviam ali, e a observo por um tempo.

Gostava de vir aqui todos os domingos ver o nascer do sol. Era reconfortante e fazia-me sentir mais próximo à ele.

Todas as vezes que venho, tento lembrar de nossos melhores momentos e pensar neles como se, de alguma forma, pudesse revivê-los. Por alguns instantes, podia sentir felicidade mesmo que apenas com memórias. Apesar disso, hoje estava especialmente difícil senti-la.

Completava-se exatamente um ano desde que meu pai partira e aquilo estava acabando comigo por inteiro. Sei que já fazia um bom tempo, mas aquilo ainda doía da forma mais vívida possível.

- Se lembra da última vez que fomos à praia? - pergunto olhando para o horizonte novamente. - Você tinha o seu melhor sorriso e mamãe estava radiante também, nós nadamos a tarde toda e vimos pôr do sol juntos, como sempre fazíamos. Foi dias antes de você partir, pai. E ela sabia que este momento estava chegando, todos nós sabíamos.

Olho para cima tentando impedir que uma lágrima desça por meu rosto.

- E ela aproveitou aquele momento com todas a sua energia e felicidade. Ao contrário de mim...

Mordo o lábio inferior, tentando impedir que as palavras saiam ainda mais trêmulas.

- A verdade é que ela sempre foi mais forte que eu. Tudo que eu conseguia sentir era a dor da negação, e isso ainda me corrói por dentro.

Aperto minhas mãos como forma de repreender a mim mesmo por não conseguir mais controlar as lágrimas.

- Eu me sinto tão fraco por não conseguir lhe dar um sorriso sincero naquele dia, pai. Nossas tardes de praia eram as minhas favoritas e, ainda assim, eu não consegui aproveitar a última.

A impotência tomava conta do meu corpo naquele momento. Chorava descontroladamente diante daquele túmulo frio, enquanto o sol nascia com o brilho mais fúnebre que já havia visto.

- Às vezes eu ainda acordo pela manhã e espero que você me chame para o trabalho. Ainda espero ouvir sua voz alegre dizer como estávamos cada dia mais próximos do que sonhamos...

Sorrio de leve ao imaginar como seria sentir aquilo novamente, mas ele logo se desfaz quando um vazio súbito invade meu peito.

Apoio a cabeça em meus braços e tento controlar a minha respiração. Sem muito sucesso. Os soluços saem sem controle algum e minha visão já está completamente embaçada pelas lágrimas.

- Mas eu prometo, pai. Eu farei isso por você, eu darei tudo de mim até conseguir realizar nosso sonho.

Depois de mais algum tempo em silêncio, apenas observando e sentindo o sol, levanto e dou uma última olhada para a lápide cinzenta.

- Até mais. - digo com a voz falha antes de sair.

Minha casa estava como todas as manhãs, silenciosa. Tudo ali era muito simples, não havia muitas decorações e nem muito espaço, mas era aconchegante. Poucas coisas mudaram aqui desde que nasci, mas eu gostava de como era.

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