Harry - Trilogia Irmãos Trevelyn 2

Capítulo 08

Olá, vou tentar postar capítulo novo de Harry todos os domingos, fiquem no aguardo por que uma montanha russa de acontecimentos está pra chegar.

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Morar em Las Vegas é entender que em grande parte do ano quando você colocar os pés na rua o calor vai estar tomando conta.

Cidadezinha quente viu.

Também é entender que se estiver na parte principal da cidade vai encontrar um turista por segundo. Tem quem não goste daqui por isso, já eu acho o máximo, se entrar em algum cassino escuto línguas totalmente diferentes uma das outras e alguns falando um inglês sofrido de entender.

Tem seus prós e contras, de onde venho não tem esse barulho e confusão o tempo todo, mas não trocaria por nada a loucura dessa cidade.

Estou a bons minutos junto a Victoria no escritório, afinal nem só de dança o Studio Hale vive.

Precisamos ver as contas, resolver problemas, entender a logística, analisar os horários das aulas e dos professores, enfim, é um negócio e como qualquer outro precisa de dedicação e atenção.

- Precisamos de outra pessoa pro balé. - Proponho.

- Já pensei nisso. - Rebate. - Alguns pais não vão querer suas filhas pequenas em um aula de balé onde tem um professor enorme. - Rimos.

Jack é ótimo, mas é um cara de porte grande sabe, braços e pernas torneadas que dão inveja em muita gente.

Com os adolescentes e jovens ele faz sucesso mas precisamos de outra pessoa pra dar aulas pras crianças pequenas.

- Acredita que Dimitri quer colocar soldados aqui. - Reclama e bufa.

- Até que faz sentido, muitas pessoas da família fazem aula aqui. - Dou de ombros e ela revira os olhos mas sabe que no fundo é verdade. - Ele está na boate? - Desvio o assunto soldados e ela nega.

- Está na sede. - Franzo o cenho.

Sede? Desde quando eles tem isso? Ela parece entender minha cara e volta a falar.

- Nem faz essa cara, eu também não sabia. - Suspira. - Pelo que eu entendi eles tem uma Sede, como se fosse uma empresa digamos assim.

- Mas onde a boate entra nisso? - Pergunto curiosa como sempre.

- Diz ele que cada um fica como um tipo de escritório em algum dos negócios que a Máfia tem espalhado pela cidade. Ele ficava na boate, Harry numa empresa de transporte assim como Liam também e no meio tempo iam pra boate terem reuniões. - Explica. - Mas quando estão com problemas eles voltam pra tal sede.

- Isso explica eles nem sempre estarem lá na boate e as vezes sumiam por semanas. - Divago em meio a lembranças.

Lembro que quando Vic começou a ir na boate foi em uma dessas semanas que eles não estavam indo, por isso achava que nunca nem iriam saber, ledo engano.

- Sim, mas agora os três voltaram pra tal Sede, tem muita coisa pra colocar em ordem depois do caso com os mexicanos. - Faz uma careta ao falar.

Foi tudo uma grande merda o que vivemos e parece que eu morri mil vezes enquanto ela estava com eles, mesmo sabendo que minha amiga sabia se proteger melhor que muita gente, ainda sim minha mente ficou muito preocupada, conseguindo respirar tranquila somente quando a vi com meus próprios olhos deitada na cama e melhorando.

Foi um dos poucos momentos em que deixei Harry se aproximar depois de tudo, acho que estava tão no automático que não me preocupei com sua presença.

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- Ela já está em casa. - Escutei seu sussurrar do meu lado e respirei fundo ainda com a mão apoiada na parede depois de vê-la.

- Será que ela vai ficar bem? - Pergunto o encarando e ele sorri.

- A loira é uma das pessoas mais fortes que conheço, vai tirar isso de letra. - Sua mão vai de encontro a minha bochecha e faz um carinho de leve. - Agora é só esperar Dimitri acordar pra vida e entender que não vive sem aquela mulher, mesmo ela o enlouquecendo.

Consigo sorrir com sua fala. Ela parece que veio ao mundo pra atormentar o cara, e não sei como isso os completa ainda mais.

Se ela fosse muito quietinha e na dela não traria esse desafio que Dimitri vai viver constantemente estando ao seu lado.

- Sinto falta do seu sorriso. - Murmura sem perceber.

O fito confusa. Sente falta? Desde quando ele sente falta de algo que não seja falar que queria me levar pra cama novamente?

Ao perceber sua fala Harry se afasta abruptamente e fecha sua expressão antes de soltar aquele sorriso falso de cafajeste.

- Mas você não me quer na sua cama mais. - Alfineta e reviro os olhos.

Tudo voltou ao normal.

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Ele ainda é um cara confuso pra mim, muitas das vezes quando pensei estar vendo uma pessoa ele logo dispersava minhas idéias voltando ao velho Harry Trevelyn de sempre.

O dia passou voando e ao anoitecer já estava em casa, cansada e querendo  apenas minha cama.

Jackson bem que me convidou para sair, mas não estou no clima, ou viver tanto tempo naquela casa mudou esse meu lado, sei lá.

Me jogo no sofá vendo algumas mensagens e quando encontro a de Martino me recrimino mentalmente. Desde ontem de manhã quando sai de sua casa não falei absolutamente nada.

Não dê uma de babaca Ariane.

▪ Boa noite linda, pensei em você hoje. Nos vemos amanhã na aula?

Linda? Essa porra de Harry me dar apelido e me chamar de morena desde o primeiro dia estragou minha mente.

Para de pensar nisso Ariane.

Parece que sempre minha mente traidora  volta pra alguma lembrança daquele infeliz desgraçado.

Ela não te quer Ariane, ele não te quer.

Preciso me lembrar disso antes de me afundar em algo que não preciso. Nunca daríamos certo, preciso acreditar nessas palavras e entender que ele é um cafajeste de marca maior e nunca vai mudar, por isso qualquer sentimento por ele precisa ser afundado dentro de mim e esquecido.

Não vou tampar o sol com a peneira, não preciso de homem nenhum pra me fazer esquecer aquele babaca.

Amanhã converso com Martino como dois adultos que somos e pronto, tudo resolvido e no seu devido lugar. Até por que não se dispensa um cara gato que te faz gozar e é legal assim, sem mais nem menos.

▪ Hey senhor humilde, nos vemos amanhã com toda certeza.

Mal sabia eu que em poucas horas toda minha vida mudaria.