Harry - Trilogia Irmãos Trevelyn 2

Capítulo 26

Com a cabeça levemente inclinada encaro Fabrizio percebendo que ele não tem mínimo senso ou algum medo da morte se enfiando nessa casa apenas por mim mesmo não sendo totalmente com a cara de todos aqui. Na verdade acho que ele não gosta que eu esteja envolvida nisso tudo e desconta sua frustação nesse rosto sério sendo amistoso apenas com Emma e Victoria.

- Você chegou. - A loira fala empolgada. - Como foi?

- Bom dia. - Ironizo notando estar somente os três aqui.

Sabendo que Harry me avisou que iria para a sede hoje subtendo que os outros também estejam no mesmo rumo, se duvidar até mesmo meu pai e Alexander.

- Como foi querida? - Como sempre com aquele sorriso fraternal no rosto.

- Tudo ótimo. - Assumo não querendo entrar em detalhes com o italiano sentado do meu lado.

- Por que parece que não contou tudo?

- Você me conhece a quanto tempo mesmo? - Ele dá de ombros sorrindo de lado.

- O que aconteceu?

- Não foi nada, apenas alguns olhares. - Suspiro querendo não ligar pra isso.

- Por você ter sido dançarina? - Pergunta e nem me movo para o olhar.

Ele é meu irmão e mesmo não me envergonho de ter feito o que era necessário, mas é estranho saber que eles sabem disso.

- A boate em que dançava era da Família, então mesmo não tendo contato ou nada do tipo algumas pessoas me reconhecem.

- Se Harry não se importa com isso por que você vai se ligar Ari? - Pergunta mas a sogra passa sua frente fazendo a pergunta mais esperada.

- Ele não falou besteira, certo? - Neguei sorrindo discreta.

- Não, falou que não se importa. - Ouvi suspiros.

- Então não liga pra nada disso e se precisar de ajuda é só me avisar em quem eu preciso dar uma lição. - Sinto seu braço em meu ombro e apesar de ser ainda estranho é um tanto reconfortante.

- Acredito nisso.

- Agora o que acha de passar o dia no Studio? - Tenho certeza que meus olhos estão brilhando agora com uma animação contagiante. - Faz muito tempo que não passa por lá.

- Será que é seguro?

- Dimitri e Harry deixaram uma guarda te esperando para se quisesse sair.

- Então eu vou com toda certeza. - Levanto animada morrendo de saudade do espaço que tomou muito trabalho, tempo, dedicação mas que me faz muito orgulhosa de fazer parte disso. - O que acha de conhecer um pedaço da minha vida?

- Gostaria muito. - Afirma sorrindo de lado ao me ver animada.

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Puta que pariu.

A sensação que tenho é a mesma das primeiras vezes que visitei ainda em reforma ou quando abrimos pela primeira vez. A inércia tomando conta de todo meu corpo e felicidade escorrendo.

- Deusa. - Soa quase como um grito antes de braços morenos rodearem meu corpo erguendo-me do chão. - Meu Deus, é você mesma.

Sorriu ficando a sua frente a tempo de ver seu rosto tomado pela emoção e olhos lacrimejados que me apertam o coração. Apesar de ter conversado com ele e ter reconstruído toda uma amizade antes de ter minhas lembranças de volta Jack chorou como bebê a primeira vez que nos falamos após o acidente por ter achado que eu estava morrendo.

- Sou eu Jack. - O abraço pela cintura enquanto o escuto respirar fundo.

- Eles são sempre assim? - Escuto o outro murmurar antes da loira responder.

- São muito emocionados.

- Temos coração da licença. - Rebate jogando os cabelos imaginários para o lado. - E você seria?

- Jackson esse é... meu irmão, Fabrizio. - Notei um sorriso orgulhoso pintar em sei rosto.

- Irmão?

- Longa história. - Digo como se não fosse nada por que se não entrariamos numa conversa que não quero ter no momento.

- Me trocou tão fácil assim? - Pergunta indignado e seguro a gargalhada.

- Jamais querido, melhor amigo que você impossível.

- Acho bom minha deusa, acho bom viu. - Gargalho de seu bico.

Ele é o que tem de mais normal na minha vida e infelizmente não o envolver na minha é o pego que pago para o manter longe de todas as confusões que na certa entraria.

- O que acha de me ajudar em uma aula?

- Uma ótima idéia. - Vic já sumiu a muito tempo então me viro para o homem de pele pálida - sendo essa nossa grande diferença - para o encontrar me encarando. - Quer conhecer minha habilidades artísticas?

- Pra isso que viemos, certo? - Puxa meu braço para cruzar no seu. - Apesar de não entender nada sobre isso vai ser divertido.

- Só não dê  em cima e nenhuma das meninas. - Aviso de antemão por que não quero ele envolvido com as mulheres de dentro da Máfia, tudo pode virar um banho de sangue rápido demais pelo pouco que conheço.

- Hoje não. - Pisca divertido e reviro os olhos.

Permaneço por algum tempo apenas matando a saudade observando a aula numa coreográfica nova, ao menos para mim. Cumprimentei e conversei com alguns rostos conhecidos e com toda certeza afirmo que Fabrizio chama atenção por onde passa.

- O que acha de uma coreografia antiga pra fechar minha aula?

- Pensou em qual?

- Uma conhecida. - Assim que ele coloca a música me ânimo instantaneamente ouvindo resmungos animados dos outros. - Lembra?

- É óbvio que sim, uma das minhas preferidas.

- Vamos lá pessoal. - Agita ainda mais e deixo os primeiros grupos irem primeiro enquanto me recordava de todos os passos e aquecia meu corpo por que diferente deles estava apenas parada existindo, poucas vezes dançava em casa e nada de coreografias assim.

- Pronto?

- Sempre deusa. - Solta uma piscadela antes de nós levar ao centro enpolgado assim como os outros.

Admito que por dois segundos me atrasei porém consegui recuperar a tempo saindo com um sorriso gigante no fim de tão feliz que estava por ter tido um pedaço da minha vida, mesmo sabendo que não posso estar aqui todos os dias como antes até resolverem nossos problemas.

- Isso foi... impressionante. - Assume me acompanhando até a recepção onde Harry falou que me buscaria, segundo ele quer ter certeza que estou segura.

- É uma das coisas que mais amo.

- Você da aulas aqui? - Concordo com um  manear de cabeça.

- Desde que ajudei na inauguração. Victoria diz que sou sócia e não duvido que tenha assinada algo do tipo, mas pra mim sou apenas uma professora que ama isso tudo.

- Você...

- Ariane? - Me viro escutando a voz e dou um sorriso amarelo.

- Martino, quanto tempo. - Percebo que os outros rapazes estão do seu lado, provavelmente vindo para alguma aula, devem ser as últimas.

- Sim, desde o dia no hospital que você sumiu.

- Ah, esse dia... - Fico sem jeito e olho para Fabrizio que vai me salvar dessa por ser o culpado. - Meu irmão chegou a cidade e estava com um problema dos grandes.

- Oh, então você lembrou de tudo? - Seu sorriso me faz ficar ainda mais perdida.

- Sim.

- Isso é ótimo. - Tenta se aproximar mas sinto uma mão sobre minha cintura e escuto uma risada abafada que deve prover do italiano já que é impossível ser dos outros dois.

- Foi realmente muito bom ela ter lembrado de tudo, não é morena?