- Você tem certeza que isso está certo?
- Só... continua. - Murmuro baixinho.
- Mas...
- Shi. - Qual a dificuldade de ficar quietinho Jesus?
Sinto seus dedos continuarem a pegar mecha por mecha enquanto aplica a máscara. Eu estava tranquila em meu quarto assistindo toda a sequência de Uma Noite de Crime enquanto dissipava qualquer pensamento nebuloso para cuidar um pouco de mim por que no momento não tenho muito o que fazer e sinceramente ficar converando sobre os problemas não vão me deixar melhor, em compensação cuidar um pouco de mim mesma me deixaria mais feliz.
Então quando ele apareceu na minha porta essa foi a única coisa que pedi, qualquer assunto relacionado estava proibido e quando o silêncio reinou ele tomou o lugar das minhas mãos em meus cabelos.
- Por qual motivo eles não ficam dentro do quarto do pânico a noite toda? - Pergunta intrigado e xio baixinho vendo que o silêncio será impossível.
- Pro filme ter mais ação e por que são burros, eu me trancava até as doze horas acabarem e ficava acordada vigiando tudo.
- Fala sério. - Resmungou vendo a cena em que o cara tem várias armas a disposição mas fica apenas com uma. - Era mais fácil se armar todo e pronto. - Diz simplesmente.
Na verdade sou totalmente do contra por que do mesmo jeito que não gosto de violência amo filmes de suspense dando aquele frio na espinha, mas eu acho que pra quem está acostumado com coisas assim não faz muita diferença.
- Pega pra mim? - Peço escutando o barulho do celular em algum canto.
Ele logo me entrega o aparelho e franzo o cenho um pouco confusa e surpresa pela inciativa, vendo a a interrogação clara falo o que ocorreu.
- Olá, o que acha de tomar um café comigo amanhã? Seria bom conversarmos. - Releio a mensagem em voz alta tentando entender o ponto da questão mais uma vez apenas deixando a careta de lado e pensando no que responder.
- Domênico?
- Sim.
- Vou deixar Dom aqui e amanhã ele te acompanha. - Concordo ainda não tendo certeza de que assunto podemos falar mas que quero tentar.
●●●
Estou fazendo talvez a pior merda que deveria, tomando a pior decisão na certa, porém eu acho que talvez ele precise disso. Argh, quem eu quero enganar? A verdade mesmo é que eu preciso disso para conseguir seguir em frente.
- Vocês podem esperar aqui. - Seus rostos mostravam que não estavam nem um pouco afim de concordar mas olhei para Dom procurando ajuda.
- Não demora ou vamos entrar - Foi impossível não sorrir agradecida.
Não estava nem um pouco afim de deixar outros me verem assim. Subo o mais rápido que posso e nem me assusto ao entrar e encontrar a casa pouco bagunçada. Permaneci pouco tempo aqui antes de minha vida se transformar num completo caos, e apesar de saber que é bem provável que não volte ainda não sei pra onde levar todas as minha coisas, então continuo mantendo o imóvel.
Sigo direto para o quarto onde sei que guardei as caixas no closet, assim que abro quase a viro em cima da cama encontrando um momento besteira mas que guarda algo sentimental de um jeito ou de outro.
No fundo encontro a caixinha retangular com centenas de fotos minhas na infância ou adolescência. Sorrio ao encontrar uma no halloween, devia ter uma doze anos e não queria mais ser princesa ou nada do tipo, então tia Ana conseguiu intervir criando uma fantasia de vampira mas com detalhes rosas pra me deixar - em sua concepção - menos adolescente que escuta rock.
Balanço a cabeça não querendo me tornar emotiva agora e apenas trago a caixinha comigo enquanto saio do cômodo tentando não me tornar nostálgica e torcendo para conseguir me aproximar de Domênico com isso.
Infelizmente um barulho alto ecoa me paralisando e escuto passadas abafadas e rápidas chegando cada vez mais perto, simplesmente não consigo correr, estou literalmente paralisada, droga, mim vezes droga.
Por favor que seja o Dom.
Apesar do medo pulando dentro de mim não consegui gritar ao encontrar os olhos de um homem alto e feio com um sorriso gelado demostrando uma diversão doentia e perigosa tendo uma arma em punho.
- Olha o que encontrei aqui. - Sorri cínico. - Finalmente querida, estava me cansando desse jogo.
- Quem é você? - Solto numa voz baixa e trêmula e engulo em seco ao ver sua face demostrando que claramente sabe que não estou bem e gosta disso.
- Ah, sou um velho amigo do seu querido papai. - Ele se aproxima ficando ao lado do meu corpo e fecho as mãos em punho nervosa e amedrontada. - Sabe, talvez eu não te venda.
Fecho os olhos com força sentindo seus dedos passarem na barra do decote e o bolo na garganta e vontade de vômitar com extremo nojo sobe com tudo. Por puro impulso e instinto estapeio sua mão notando o quão burra eu fui recebendo de volta um soco no rosto que me desnorteou fazendo meu corpo se chocar ao chão.
- Stronza. - Reclama num tom de voz debochado. - Vou te fazer de minha escrava primeiro.
Em segundos minha mente ecoava numa mistura de pânico e uma recém chegada adrenalina, eu sei que não consigo enfrentar esse homem mas não vou virar uma escrava sexual, isso nunca. Fico sobre os joelhos ainda um pouco zonza com o rosto latejando o vendo a minha frente, sua mão segura meus cabelos os puxando com força me fazendo olhar para ele é ver como está se divertindo com os acontecimentos.
Esse cara pode claramente me agarrar aqui levando-me como um saco de batatas. Observo como ele é mais alto que eu porém bem magro e minha mente começa a se lembrar de milhões de coisas que aqueles dois tentaram me ensinar, mas no momento nada disso é válido por que simplesmente está tudo embaralhado em minha mente.
- Depois que te arrombar toda vou te vender pra quem pagar ma... - Antes que ele consiga terminar coloco toda minha força nos punhos cerrados e literalmente soco suas bolas sabendo que minha vida depende disso sentindo a dor nas mãos.
Ele ofega urrando de dor e instintivamente relaxa os dedos sobre meus fios os soltando, sabendo que o peguei de surpresa levanto bruscamente começando a correr como uma maluca buscando alguma saída tendo noção que alguém vai aparecer logo, ou assim espero.
Corro atropelada pelas escadas sabendo que ele estará atrás de mim logo, se já não estiver. Tropeço alguma vezes com os vários degraus que me cercam chegando quase no fim mais do que ofegante e me tremendo toda.
- Achei! - Escuto sua voz nojenta antes do novo impacto que me desequilibra no fim fazendo rolar ao menos cinco degraus.
Ofego a procurar de ar vendo sua figura na minha frente enquanto me encolho no canto assistindo ele me observar, se divertindo com toda essa caça de merda.
- Acho que não. - Outra voz ecoa um pouco mais distante e a próxima cena é dele caindo desacordado aos meus pés e Domênico armado atrás.
Acho que nunca senti tanto alívio na vida e as lágrimas vieram no mesmo instante numa enxurrada crescente dissipando o pânico que estava batendo forte dentro de mim
- Está tudo bem. - Sinto seus braços em minha volta me fazendo o agarrar em busca de consolo. - Shi, já passou mi fiore, acabou.
- O levem para a sede, depois cuidamos disso. - Escuto a voz de Fabrizio e só agora percebo ter mais alguns homens a nossa volta.
- Filha. - Segurou meu queixo de leve trazendo meu olhar para o seu enquanto limpava minha bochecha úmida. - Ninguém nunca mais vai encostar em você, me ouviu? Nunca mais.
- Obrigada. - Me abraça forte como se dependesse disso.
- Eu amo você fiore, não sou o melhor pai do mundo e nem sei o que fazer tendo uma filha adulta mas sempre vou estar aqui por você.
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Harry - Trilogia Irmãos Trevelyn 2
Romansa▪ Livro 2 ▪ Recomendo a leitura dos livros da Trilogia em sequência. Uma noite de sexo quente. Isso foi o que Harry Trevelyn fez em minha vida. Entrou com tudo e depois nunca mais o esqueci mesmo sendo o maior babaca. O homem engraçado e cheio de p...