- Merda. - Resmungo.
Que porra de barulho é esse em plena madrugada? Isso que dá Dimitri me enfiar em um prédio com gente que tem grana, eles acham que podem fazer barulho em qualquer horário.
Olho o celular em cima da mesa lateral vendo não ser nem duas da manhã ainda.
Me levanto meio atordoada escutando uma voz reconhecida por mim a quilômetros e franzo o cenh, não pode ser. Apresso o passo abrindo a porta com tudo.
- Cala boca mulher chata. - Murmura e mostra a língua pra minha vizinha que está descabelada e meio atordoada.
- Harry. - O chamo e ele se vira pra mim com um olhar triste.
- Você chegou. - Abre um grande sorriso entrando na minha casa sem ser convidado e me arrastando junto a ele.
Ainda escuto uns xingamentos da mulher e com toda razão, se fosse eu também estaria dando a louca assim por ser acordada uma hora dessas por um desconhecido.
- O que está fazendo aqui? - Pergunto quando ele se joga no sofá que fica pequeno pro seu corpo grande.
- Não me quer aqui? - Responde na defensiva. - Ele tá aqui é isso? - Pergunta bravo.
- Ele quem Harry?
- O doutorzinho. - Fala fazendo bico e sou obrigada a rir constatando que ele bebeu além da conta e o cheiro do álcool impregnado em suas roupas também não mentem.
- Estou sozinha Harry, mas ele vem aqui amanhã. - Alfineto me aproveitando da situação.
- Não faz isso morena. - Fala magoado. - Não pode ficar com ele.
- Por que Harry? - Pergunto brava. - Você fica com uma mulher diferente a cada dia e eu não posso ficar com Martino, me poupe.
- Você não sabe do que tá falando. - Murmura e coloca a cabeça entre as mãos com os joelhos sustentando seus cotovelos. - Você tem que ficar comigo morena, não com aquele filho da puta.
- Não estou te entendendo Harry. - Murmuro e ele levanta do sofá num rompante.
- Eu quero você Ari, sempre quis. - Fala cambaleando de um lado pro outro da sala. - Fica comigo caralho, não é difícil.
Sua voz sai magoada, ressentida, como se tivesse um tsunami de coisas a ser ditas. Mas então me lembro que ele está bêbado, vou querer confronta-lo pela manhã então não posso deixar ele falar tudo que tem vontade, ou podemos acabar numa pior.
- Vem Harry. - Estendo a mão que ele pega rápido me abraçando e apoiando seu peso no meu, quase sem forças.
Não penso em nada, nem na minha roupa que não passa de uma grande camisa, apenas consigo o tirar de casa e descer os poucos andares com ele agarrado em mim.
Pra minha sorte quando chego no portão encontro Dom, o soldado que sempre está acompanhando Harry e ele balança a cabeça em negativa vendo a situação.
- Eu tentei levá-lo pra casa mas não consegui. - Murmura como se o defendesse pra mim.
- Tudo bem. - Afirmo e recebo sua ajuda para o colocar no carro.
- Dom. - Ele murmura piscando o olho com dificuldade. - Fala pra ela que tem que ficar comigo.
Quem o vê nessa situação nem imaginaria que ele é a porra de um mafioso. Sorte dele é que com seu carisma fora do comum Harry é um mafioso a seu próprio jeito, com tons debochados por onde passa e também sempre conquista a todos, inclusive Dom, que uma vez me disse confiar sua vida a ele.
Harry dorme ainda no carro com a cabeça jogada em mim, Dom o leva escada a cima o colocando na cama ainda apagado.
Poderia ir embora, mas agora preciso de respostas, somente por isso visto uma de suas calças de moletom e me sento numa poltrona preta que tem no canto do quarto, em segundos meus olhos piscam cansados e tudo se neblina.
Acordo com uma luz na minha cara e escutando resmungos. Olho pra frente vendo um Harry descabelado, com o rosto amassado e confuso olhando suas roupas.
- Parece que não se lembra de muita coisa. - Ele se assusta levando a mão a mesa lateral onde provavelmente tem uma arma, se bem o conheço.
- Porra, que merda aconteceu? - Pergunta segurando a cabeça com as mãos. - Minha cabeça está explodindo.
- Vai tomar um banho Harry, então conversamos.
Ele não se opõe e nem me olha uma segunda vez, apenas segue para o banheiro. Me estico ao levantar escutando o barulho do chuveiro. Merda de poltrona, agora estou com o corpo dolorido.
Arrumo meu cabelo em um coque rápido e me sento na beirada da cama lembrando das quantas vezes não estive aqui, com Harry tomando meu corpo pra ele.
- O que aconteceu? - Sua voz verberiza atrás de mim e não me viro.
- Você apareceu na minha porta de madrugada, dizendo que eu não podia ficar com o doutorzinho, que me queria e eu precisava ficar com você. - Resumo pra sua vergonha de bebedeira ser menor.
- Caralho. - O escuto reclamar e toda minha coragem pra debater o assunto se esvai.
Estou cansada.
- Pode me levar em casa agora? - Pergunto.
- Tudo bem. - Responde em voz baixa.
●●●
O silêncio está ensurdecedor, parece errado toda essa quietude, então respiro fundo e tomo coragem pra falar.
- Por que foi na minha casa Harry? - Questiono olhando a janela ao meu lado e escuto seu suspirar.
- Estava bêbado. - Nego com a cabeça.
- Não sei se estava tão bêbado assim. - Rebato. - Por que investigou Martino? Por que estava na boate aquele dia? Por que disse que me quer? Por que não quer que eu fique com outro cara? Por que Harry? - Solto tudo de uma vez com a voz elevada e a respiração acelerada.
- Porra Ariane, eu não sou cara pra você caralho. - Grita batendo no volante. - Você merece um cara como aquele doutor babaca e não um merda como eu.
Isso foi a porra de um soco no estômago, não esperava por isso. Achei que ele iria se esvair, que iria fazer qualquer piada, esperava qualquer coisa não isso.
Não tenho nem tempo de reagir pois ele começa a correr com o carro e dou um gritinho de susto.
- Estão nos seguindo Ariane, segura firme. - Fala alto concentrado na rua.
Infelizmente o bater do meu lado é um das poucas coisas que vejo, quando abri os olhos novamente estamos de cabeça pra baixo ainda no carro, sinto algo quente na minha cabeça é a voz ao longe de Harry me chamando, mas estou fraca, não aguento manter meus olhos abertos, mesmo não querendo toda a escuridão me toma em instantes.
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Harry - Trilogia Irmãos Trevelyn 2
Romansa▪ Livro 2 ▪ Recomendo a leitura dos livros da Trilogia em sequência. Uma noite de sexo quente. Isso foi o que Harry Trevelyn fez em minha vida. Entrou com tudo e depois nunca mais o esqueci mesmo sendo o maior babaca. O homem engraçado e cheio de p...