Capítulo 2

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Depois de uma longa noitada, Azriel ainda não conseguia pegar no sono.

Não era de hoje que tinha problemas para dormir, na verdade sempre teve, suas sombras sempre o distraíam, algumas vezes o agonizando com alguma notícia, ou apenas sibilando coisas aleatórias, fofocas que conquistaram durante o dia, mas estava melhorando, se tratando, em relação não só a isso, mas em muitas coisas.

Mas hoje estava irmerso em seus pensamentos, pensando em tudo o que a vida tinha lhe proporcionado até hoje. Seu psicológico sempre foi muito afetado, por seus traumas, adquiridos durante a vida, que na maioria das vezes, não teve culpa, mas também não teve como arrumar uma solução.

Ainda se lembra de como foi quando chegou ao acampamento illyriano, teve que ir andando, pois não sabia voar, e também não tinha conhecimento o suficiente sobre seu poder para saber que era capaz de atravessar. Se lembrava nitidamente da dor dilacerante, que pulsava por todo o seu corpo, estava exausto, fugir daquela cela, completamente sozinho, e sendo apenas uma crianca de 11 anos, não foi fácil, na verdade, foi devastador, foram precisos séculos para superar o trauma, e mesmo assim, ainda sentia as sequélas deixadas pelos seus familiares, as cicatrizes, que estavam sempre ali, para lembrá-lo de quem era, e de quem sempre seria.

Passar sua adolecência, naquele acampamento, sendo chamado de todos os nomes possíveis, não o ajudou nem um pouco, "bastardo" "desgraçado" e até mesmo "maluco" eram adjetivos comuns lhe direcionados. Os illyrianos não estavam acostumados com um encantador de sombras, então muitas vezes foi cogitado de "aberração", pois segundo eles não era possível uma pessoa controlar as sombras, muito menos um bastardo.

Cassian, Rhyssand e a irmã, foram seus únicos amigos, apesar de todas as brigas que entravam, de todos os xingamentos que direcionavam a todos os illyrianos possíveis, sempre estiveram lá, Azriel podia contar com eles para tudo, apesar de quase não ter o feito, pois, depois de todos os acontecimentos, se fechou completamente, para tudo e para todos, mas eles foram essenciais, apesar de não deixar transparecer, Azriel se sentia bem por ter alguém para lhe fazer companhia.

Sua infância tinha sido muito solitária, na verdade, as únicas vezes que via outras pessoas, era quando ia visitar sua mãe, ou quando seus irmãos iam o torturar, então era mais do que reconfortante ter alguém que não seja uma ameaça, ou uma saudade constante.

Sentia falta de sua mãe, muita falta. Ela era a pessoa mais doce que já conheceu. Apesar de toda a situação, sempre o apoiou, e sempre lhe dizia que tudo ia ficar bem, e que a dor iria passar.

Mãe, a dor não passou

No dia de sua fuga, quando já estava a alguns metros de distância da torre, onde seu pai o mantinha, escutou uma súplica, e quando se virou, viu seu pai, com sua mãe presa ao seu braço, ouviu-se gritar, pediu para que parasse, mas a única coisa que o pai fez, foi cortar a garganta de sua mãe, de orelha a orelha, na sua frente, ele sabia, sabia que aquilo iria lhe traumatizar para o resto de sua vida, nunca, jamais, se esqueceria da morte da única pessoa que o ajudou quando o mundo não tinha mais cores.

Sua mãe foi morta na sua frente, a única pessoa que o amou, foi morta, por ele não ter passando na cela onde era aprisionada, e a levado junto, foi morta, porquê ele estava tão concentrando em sair dali o mais rápido possivel, que pensou que teria forças o suficiente para voltar, e resgatá-la.

Ele não foi forte o suficiente

A mãe de Rhysand, foi mais do que acolhedora. Não o dispensou nem uma vez sequer, pelo contrário, o acolheu, e fez de tudo para que melhorasse o mais rápido possível.

Mas ainda assim, não era a sua mãe, claro, ela era muito especial, mas sua mãe foi a única pessoa que não o abondonou, quando toda a sua familia, fez de tudo para que se sentisse rebaixado.

CORTE DE CHAMAS NOTURNAS - Azriel e LucienOnde histórias criam vida. Descubra agora