Quando Nos Vênus Juro A Marte

33

Estava na beira do barco, era por sol. Pedro foi tomar banho e o resto ta na sala ou na cozinha.

Vejo Vitoria se sentar ao meu lado.

—O que achou disso?—Me mostra um salto alto no seu celular.

A internet pega bem aqui?

—Parece desconfortável.—Faço careta.—Por que não compra uma rasteirinha?—Dou de ombros.

Ela bufa e olha para os seus pés.

—Pra você ia ficar bom, já que grávidas não usam salto.—Dá um sorriso cínico.

Arqueio as sombrancelhas.

—Achei que queria minha opinião.—Sorrio debochada.—Se for pra falar da minha gravidez vai embora e chama a sua lacaia, ou já esqueceu ela também como fez comigo?—Falo sem pensar.

Cheguei a um estágio que as coisas não param na minha garganta, já não consigo mais engolir e ficar quietinha.

Chuva de pirocadas.

—Eu nunca esqueci de você, Tata.—Faz beicinho.

—Eu odeio esse apelido, não sou um cachorrinho de luxo!—Reviro os olhos e cruzo os braços.—Claro, eu fui pra outro país por meses e você foi atrás do meu macho. Nota dez pra você, gata.—Solto uma piscadela junto de um sorriso debochado.

—Eu estava perdida, Tainá...você ta sendo injusta!—Junto as sombrancelhas.

—Ai tadinha da Vitória, ela sempre é a injustiçada, todos estão errados e ela ta certa.—Faço uma cara, bem forçada, de choro.

Faço uma pequena pausa, a encaro e sorrio.

—Eu tenho pena de você, sempre se achou melhor que eu por ser gostosona e desejada, enquanto eu...quem ia querer algo com uma garota doida né?!—Arregalo os olhos.—Não queria estar aqui te dizendo isso, mas é verdade. Se não gostou, me processa.—Dou de ombros.

—Tai, eu nunca me achei melhor que você, querida.—Fala com a voz mansa, bem coisa de sonsa.—Nunca imaginei que se sentia assim. Agora vai se sentir pior.

Me empurra pra água. Essa filha da puta sabe que eu não sei nadar!

Reluto tentando ir a superfície, mas a água estava me deixando cansada. Eu não conseguia mais fazer nada.

Meu ar se esvaia aos poucos, meus olhos se feichavam.

Eu não posso morrer assim.