Quando Nos Vênus Juro A Marte

21

"Tu me entende ou se arrepende,
Posso ser tua vida ou acabar com ela,
Te amo ou te odeio,
Tua sagacidade me torna mais tua,
Tu segura meu cabelo e diz no meu ouvido que sou só tua,
Tu me excita e não exita,
Tu fecha os olhos e já me imagina nua,
A tua boca vale o preço pra acabar com o sossego que eu tinha,
Te juro pela luz da lua cheia que meus olhos só encontram os teus na multidão,
Teus olhos escuros como essa noite que nos cobre,
Brilhantes como estrelas,
Eu te amo mas agora tenho de ir
Minha alma é do mundo, meu coração é só teu."

—Ih, ta apaixonada?—Pergunta Amanda.

—Amiga, eu to namorando.—Falo.

—Gente, mas por que você não faz uma música? Isso ta muito bom.—Fala relendo o papel.

Tiro da sua mão.

—Não.

—Por que?

—Eu tenho voz de criança.—Ela ri.

—Ta boa a conversa ai? Que tal irem conversar fora do colégio?—Fala a professora de espanhol.

Ela olha pra gente por um tempo.

—Ta falando sério?—Assente.—Graças a Deus.—Murmuro guardando meu material na mochila.

Amanda faz o mesmo e me segue até a saída.

—Vou parar de estudar.—Falo.—Em abril eu não vou mais estar aqui.

—Ué por que?—Me olha.

—Vou pra Nova York em abril.—Falo simples.—Fui contratada pela netflix.

Ela para. Olho para ela.

—E o seu namorado?

—Ele não sabe.—Sorrio de lábios fechados.

—Amiga, falta menos de uma semana pro mês acabar. Vai falar isso de surpresa?—Dou de ombros e voltamos a andar.

—Ele me pediu em namoro semana passada, não quero decepciona-lo.—Concluo.

—Vocês podem ter um relacionamento a distância.—Sugere.

—Deus me livre! Isso nunca dá certo.—Falo com um aperto no peito.

—Tenta, se não der termina.—Suspiro.

—Aquieta o cu. Não sei o que vai rolar.

Saímos do colégio e decidimos por ir pra uma sorveteria. To com fominha.

{...}

—Câo que tu namora o pk?—Fala Jota.

Jota é um vapor da favela, ta de folga hoje e acabou que quis trombar a gente.

—Pois sim.—Falo brincando com meu sorvete.

—Ele...—Meu celular começa a tocar.

Olho no visor vendo que era a Ana. O que essa quenga quer? Posso chamar ela assim não, vai me demitir.

Me afasto deles  e atendo.

—Boa tarde, Tainá.—Fala ela.—Preciso que venha ainda fim de semana para Nova York.

—Perai, como assim?—Falo assustada.

—O diretor quer que o projeto se inicie o mais rápido possível.—Me sento no meio fio da calçada.

Porra, o que eu faço agora?

—Ok, vou resolver o que falta.—Falo calma em desespero interno.

—Ótimo, te vejo.—Desliga.

Suspiro com os olhos cheios de água.

Eu queria tempo com o Pedro. Ele não merece isso, eu não deveria ter feito ele ter o trabalho de me pedir em namoro.

Eu me odeio. Eu me odeio tanto por isso.

Eu não sie o que pensar! Não quero magoa-lo, não quero que nosso amor acabe.

Olho para a aliança no meu dedo. Deixo que minhas lagrimas caírem.

Eu sentia um misto de raiva e tristeza que eu queria apenas arrancar aquilo do meu peito.

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