03

5.2K 290 97
                                    

—Suas songamongas, tão achando que vão conseguir chegar a algum lugar desse jeito?—Reclama Vitória.

Devido os olhos. Tava exausta, treinamos a tarde toda e essa puta ainda reclama.

—Come vidro que passa.—Falo irritada.

Ela me olha e cruza os braços.

—Quem pensa que é?—Arrumo minha postura.

—Eu sou professora de dança desde que me conheço por gente, você é a "capitã" por que a minha mãe pediu pra eu ter pena de você.—Desabafo.

—Ei ei ei, calma.—Fala Barb.—Vitória, eu sei que talvez estamos desincronizadas, mas tu tem que pegar mais leve, porra!—Olho pra ela com deboche.

Amo ter certeza que estou certa. Ainda mais quando a Vitória é quem está errada.

—Pra mim chega!—Grita puta da cara.—Faz o que bem entenderem, eu to fora!

Pega a bolsa e sai batendo a porta. Seguro a risada, me viro para as meninas.

—A gente não precisa dela.—Sorrio maléfica.—Vamos treinar, agora, do meu jeito.

Bom, como podem notar eu faço parte de um grupo de dança, aquelas que competem e tal, eu sou professora de dança desde sempre, só que Vitória, minha ex melhor amiga de infância, insistiu que é uma coreógrafa melhor que eu.

Rindo pra não chorar né mores.

Ai to chata, me bate.

{...}

Flávio me chamou para um jantar, chique que só. Porém, ele ainda não apareceu, eu to aqui a meia hora esperando.

Pensei bem na proposta em morar na sua casa, achei uma boa. Talvez seja estranho por que o Maquiny vive lá e sei lá né, mas enfim

Ligo outra vez para Flávio, mas novamente cai na caixa postal. Tem telefone pra que? Enfiou no cu?

—A senhora está esperando alguém? Quer algo para beber?—Pergunta o garçom.

—Estava, mas parece que ele não vem.—Sorrio fraco.—Não precisa de nada já to indo.

Me levanto e coloco a bolsa no ombro.

—Se ele aparecer procurando por Tainá, diga que eu fui embora.—Ele assente simpático.

Saio dali com os pensamentos turbulentos. Não é possível que ele esqueceu de um encontro que ele mesmo marcou.

Filho da puta de merda!

Entro na camionete e bato a porta com força, coloco o cinto e saio em direção a sua casa. Ele só pode estar de brincadeira.

Nossa, mas se ele não tiver em casa, eu vou na casa da minha sogra e vou fazer um fiasco do tamanho do meu pau. Ta bom, vai ser muito grande.

{...}

Toco a campainha várias vezes até um arrombado antender. Não é possível que os encosto não tão em casa. O PL eu não to nem ai, mas o Maquiny é um trambolho inútil, daqui a pouco é parte da mobilha.


Vejo a porta se abrir e um Maquiny com cara de quem fumou o dia todo aparece

—Ta maluca?—Assinto arqueando as sombrancelhas.

—Cadê o Flávio?—Pergunto entrando atrás dele.

—Ele falou que ia sair, achei que tava contigo.—Se joga no sofá e liga a tv.

—Bruno.—Paro na sua frente.—Você não ta escondendo nada de mim né?

—Por que eu esconderia? Quero que o orochi seja cobrado nas idéia se tiver fazendo merda!—Suspiro.—Vai na casa da tia Lu, ela deve saber.—Dá de ombros.—Sai da minha frente po!—Me empurra.

Saio dali frustrada novamente. Entro no meu carro. Bato no volante com força sentindo meus olhos lacrimejando.

Ele ta me traindo? Isso só pode ser brincadeira né? Ele me evitou o dia todo, me chamou pra um encontro e sumiu.

Não entendo!

Ligo o carro e saio em direção a casa da minha sogra, fica a duas quadras daqui.

Cara, eu sou uma otária mesmo!

Eu vim de Niterói pra São Gonçalo, só pra ver ele e faz isso comigo. Sou uma idiota por ainda ir atrás.

Vejo o carro do Flávio na frente da casa da sua mãe. Desgraçado...

Estacionou logo atrás e saio, fecho a porta e vou rapidamente pra frente do portão. Bato palma o mais forte possível.

Vejo tia Lu na janela. Logo ela abre a porta e sorri ao me ver.

—O que houve minha filha?—Pergunta abrindo o portão.

—O Flávio, ele ta aqui?—Ela faz uma cara estranha e faz um sinal para eu entrar.

—Ele não te disse nada?—Fecha a porta assim que entramos.

—Ele tem que me dizer algo, Lu?—Pergunto divertida para disfarçar meu nervosismo.

Ela ri fraco. Me sento no sofá e ela se senta na poltrona.

—Aonde ele ta?—Pergunto.

Ela suspira nervosa.

—Ele tá com uma garota, Camila, acho que tu não conhece.—Arrumo minha postura pronta pra ir embora.—Ela ta grávida... Achei que você e ele não estavam mais juntos.

Aperto minha mão com força para não explodir de raiva e sim furar a palma com as unhas.

Me levanto pronta pra ir, mas eu tinha que falar algo, não podia deixar por isso.

—Seu filho foi homem de me convidar para um encontro e me deixou lá plantada esperando, espero que também seja homem de assumir o B.O.—Um nó se forma na minha garganta.

Ela apenas abaixa o olhar. Saio dali e limpo a lágrima que caiu. Vejo Flávio descendo a rua. Merda.

—Qual foi branquinha, por que tu ta aqui?—Pergunta.  Fecho o portão e paro na sua frente.

—Parabéns papai.—Sorrio falsa.—Você é um homem estupidamente ridículo. Por que me enganou todo esse tempo? Eu não mereço isso, Flávio. Você foi a melhor pessoa na minha vida, se eu negar vou estar sendo idiota. Mas eu não posso ficar mais na sua vida se já tem outra, ainda mais com uma criança! Tem noção o quanto isso é problema? Eu te amo muito, mas não quero e nem vou aceitar traição.—Tiro minha aliança.—Ta tudo acabado.—Entrego a aliança na sua mão.

—Quem te contou?

—Sua mãe e ela ta mais que certa, por que você foi um filho da puta em me esconder isso!—Aponto na sua cara.

—Tai, me desculpa porra! Foi no calor ddo momento e agora me arrependi pô!—Tenta se explicar.

—Eu não to nem ai se você se arrependeu ou não. Eu cansei de várias atitudes suas, isso me desgasta mentalmente e fisicamente.—Passa a mão pelo rosto, parecia nervoso.—Eu quero que você seja feliz, mesmo que for longe de mim. Você é uma pessoa iluminada, seu filho vai ser incrível assim como você.—Deixo algumas lágrimas caírem.

—Porra, não chora.—Murmura e me abraça com força.

Eu comecei a chorar o que eu nunca havia chorado na minha vida. Eu não sou dessas coisas, sempre fui muito alegre em tudo. Ele me machucou muito, espero que eu nunca mais passe por isso por causa de homem nenhum.

Dói muito amar alguém e ter a confiança quebrada.

Quando Nos Vênus Juro A MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora