Shot At The Night

Capítulo 8

Judy e Roger nos agradeceram e o juiz tirou uma foto nossa para o mural da capela. Observamos o casal indo embora e caminhamos na direção oposta comentando como aquilo tinha sido lindo.

— Nunca tive isso. - Harry disse de repente.

— Isso o que?

— Essa conexão com alguém. 30 anos é muito tempo.

— Talvez esse seja o diferencial do amor. - Harry me olhou esperando uma explicação. — O tempo não importa, porque quando se ama não existe pressa.

Voltamos a strip e caminhamos em direção ao Bellagio, o sol nasceria logo e eu precisava voltar ao trabalho. Harry parecia não querer voltar ainda, por isso andávamos sem pressa. Ele me dizia coisas sobre sua vida, me contou sobre seus amigos, sobre as coisas que gostava e as que não apreciava tanto assim. Parecia um sonho, Harry parecia viver em um universo paralelo ao meu. De repente quis fazer parte disso, quis ter espaço em sua vida, me peguei imaginando como ele falaria sobre mim para outras pessoas, como o relato dessa noite seria descrito numa roda de amigos? Será que existe a possibilidade de eu estar presente quando isso acontecer? Ou será que meu nome nem sequer será mencionado?

Quando os primeiros raios de sol começaram a despontar no horizonte eu senti que ainda queria mais alguns instantes com Harry, por isso levei ele pela entrada dos fundos do hotel. Pegamos o elevador e subimos até o último andar, lá nos deparamos com uma porta que dava para uma pequena escada, onde no topo havia a entrada do telhado do hotel.

As primeiras horas do dia são sempre as mais frias, e naquele local aberto o vento era gelado. Eu, que nunca pensei que passaria frio em Las Vegas, tive que me aquecer com as mãos. Harry tirou seu blazer e o colocou em meus ombros. A peça de roupa tinha o seu cheiro, o mesmo que senti quando o abracei na garupa da moto, aquele cheiro tinha algum tipo de efeito sobre mim que eu não conseguia explicar ainda.

Mesmo não estando tão escuro, as luzes da cidade ainda estavam acesas, daquela altura formavam uma confusão de cores hipnotizante.

— Dizem que, durante a noite, Las Vegas é o ponto mais luminoso visto do espaço. - Harry disse se aproximando.

— Eu gostaria de ir ao espaço. - eu disse me sentando em um muro baixo.

— Eu também. Quais outros lugares você gostaria de visitar?

— Muitos. - eu respondi percebendo que além de Vegas eu só conhecia Sacramento.

— Queria poder te levar comigo para visitar Londres.

— Quando você vai embora?

— Ainda temos tempo...

As mãos de Harry estavam segurando meu rosto, eu olhei em seus olhos e pude ver a cor linda deles. Seu nariz tocou o meu e em instantes sua boca encontrou a minha. Minhas mãos estavam pousadas em seu tórax, eu conseguia sentir sua respiração e seu coração batendo forte. Eu não queria que acabasse, queria que aquele beijo me preenchesse, queria me unir a ele em um só ser, queria tocar e ser tocada. Não sentia mais frio, aliás não sentia mais nada a não ser desejo, o mundo mais uma vez não importava. Eu estava em total êxtase.