Assim como qualquer outro dia em Nevada, aquela sexta amanheceu ensolarada. Mas o que o céu extremamente azul poderia me dizer sobre o que viria a acontecer?
Tentei convencer Ethan a me acompanhar no show, mas ele negou educadamente. Sinto muito por ter magoado alguém tão especial, mas não tive controle sobre isso. Novamente, eu estava sozinha, mas a diferença entre aquele e os outros dias é que eu teria meu momento de redenção. Sozinha em uma plateia lotada ao som das melodias que sempre me acompanharam nos momentos difíceis eu poderia dançar, pular, gritar e até mesmo chorar livremente.
Não me preocupei em me arrumar, estava ansiosa para curtir o show da melhor forma possível. Apenas uma camiseta com o nome da banda e um jeans daria conta de me manter confortável. Enquanto me arrumava tentava entender o porquê daquela excitação. Claramente eram artistas que eu admirava, mas não era algo novo. Quando eu era mais jovem minha mãe me levou em alguns shows deles em Sacramento, e quando me mudei para Las Vegas eu tive a oportunidade de ir em uma apresentação como aquela.
Ao entrar na casa de show fui imersa em uma atmosfera feliz, e senti, depois de muito tempo, que tudo ficaria bem. Não estava muito longe do palco mas também não estava na frente no meio do tumulto dos fãs mais apaixonados. Posso detalhar a setlist daquele show e o que senti a cada momento com exatidão, mas o ápice que veio como a alforria da minha antiga vida aconteceu durante minha música preferida.
Depois de cantar sobre não conseguir esquecer alguém amado em just another girl, a introdução de Runaways me fez chorar. A música falava sobre um casal que parece não dar muito certo, pelo ímpeto desejo de uma das partes em fugir da realidade, mas que no final encontram no amor forças para ficar juntos.
Mesmo estando rodeada de pessoas senti uma presença diferente das várias que me cercavam. Quando olhei para a esquerda lá estava ele. Harry parecia uma miragem no deserto. Parado como um fantasma ele também tinha lágrimas nos olhos, me olhava com um certo alívio, chorava de felicidade. Seus ombros estavam curvados como quando respiramos fundo nos momentos de exaustão.
Tive medo de ir até ele. Não sabia se aquela figura era real ou se minha mente estava me pregando uma peça. Em algum instante Harry começou a se aproximar, a cada passo minha frequência cardíaca se intensificava. Só pude ter certeza que aquilo estava acontecendo quando em meio ao ápice da música fui tomada em seus braços.
I knew it when I met you
I'm not gonna let you run away
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Shot At The Night
FanfictionTudo era parado, sem cor, uma melodia sem graça até o dia em que ele apareceu. De repente eu estava imersa em sentimentos, cores e formas, sensações nunca antes experimentadas pelo meu corpo, que apesar de jovem, carregava uma alma idosa. Sua chegad...