Shot At The Night

Capítulo 11

Eu me sentia horrível. Fazia mais de dois meses que eu havia voltado de Las Vegas e nada fazia muito sentido. Parecia que eu estava apenas sobrevivendo, sem me concentrar em nada minha mente vagava pelos desertos de Nevada a procura dela. A essa altura Emma já me odiava com certeza.

Eu disse a ela que ainda tínhamos tempo mas na verdade não restavam muitas horas até o meu embarque. A verdade é que eu não queria me despedir dela, não queria ir sem ela e até cogitei continuar ali pra sempre.

Quando voltei para o quarto, o vestido que ela usou durante a noite estava na cama de Sarah. Eu me peguei imaginando como seria bom se eu mesmo tivesse tirado aquele vestido dela, teríamos trocado toques e carícias ao nascer do sol e eu diria a ela o que estava sentindo. Diria que não queria ir embora, e que faria de tudo para voltar logo, diria que aquela havia sido a melhor noite da minha vida, e que ela me fazia sentir como se eu pertencesse a algum lugar, diria que com ela me sinto feliz e que sem ela meu mundo parece uma grande máquina quebrada, sem propósito algum.

Sarah e Mitch tentaram me convencer que eu precisava me despedir de Emma, mas eu não fui. Embarquei em um voo que deveria me levar de volta pra casa mas acabei entrando em um avião que me levava pra longe de um amor. O ditado que diz que o que acontece em Vegas fica em Vegas tinha um sentido totalmente diferente agora.

De início não contei nada a ninguém, mas minha mãe percebeu meu desânimo e quis saber o que havia acontecido durante a viagem, e porque eu estava tão triste. Neguei tudo, disse que estava estressado com o trabalho, cansado ou apenas dizia que estava tudo bem, mas não aguentei muito tempo, minha mãe e minha irmã me conhecem como ninguém e qualquer mudança de comportamento me denuncia quase que instantâneamente.

Já era a terceira noite que passava acordado com saudade dela, quando minha mãe me encontrou aos prantos no quarto, então eu contei. Revivi todos os momentos que passei com Emma enquanto relatava tudo. Ela me abraçou e disse que tudo ficaria bem, mas me assegurou que logo isso tudo passaria, afinal Emma era apenas mais uma garota.

Os dias se passaram e eu fiquei esperando o fim do meu sofrimento e do sentimento de vazio que se instalou no meu peito e parecia não ir embora nunca. Parei de sair e raramente conseguia trabalhar durante um dia inteiro, o que deixou meu pai um tanto quanto aborrecido, eu deveria estar aprendendo a administrar uma empresa não triste e com saudade de uma garota.

Foi então que minha mãe e minha irmã fizeram uma intervenção no auge da minha tristeza. Eu achei que elas seriam agressivas e me diriam que eu precisava esquecer Emma e voltar a viver minha vida normalmente, mas o que aconteceu foi muito diferente. Minha mãe me confortou dizendo que sabia que não se podia mandar no coração e que o que eu sentia por aquela garota era lindo e que ela devia ser uma pessoa muito especial. Minha irmã disse que trabalharia no meu lugar por quanto tempo precisasse e me entregou uma passagem só de ida para Las Vegas.

Eu poderia ter comprado a passagem e ter ido assim que cheguei, mas tive medo e vergonha pelo que fiz com Emma, então fiquei extremamente grato por alguém ter feito isso por mim.