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“De todas as mentiras que você já me contou, essa foi o que mais doeu”
- a escolha

love me or leave - little mix

    

     Lembro-me como se fosse ontem, era um dia quente e ensolarado, o céu estava tão azul quanto qualquer outro dia. Era um dia normal, diga-se de passagem, até o ponteiro do relógio bater cinco horas. O homem de terno preto, atravessou a porta da sala tão rapidamente e violentamente que me fez dar salto, meus olhos foram parar na única pessoa que eu podia confiar naquela prisão, seus olhos estavam tão assustado quanto o meu. Não consegui ouvir ou distinguir o que ele falava, era rápido e saia de maneira selvagem. E então foi quando ele lhe deu o primeiro tapa, quer dizer, o primeiro que eu presenciei.

      Em toda a minha vida, acreditei que duas pessoas pudessem se amar tanto que nunca fariam mau a outra, eu estava errada. Quem ama, não machuca. Mas ele a machucou, e agora, estou sendo machucada.

      Passo minha língua pelos meus lábios, em busca de tirar o gosto amargo que se fazia em minha boca. O mesmo incomodo estranho de dias atrás, na boca do estômago, havia voltado. Enquanto tento encarar qualquer coisa dentro do quarto que não sejam seus olhos, não sou nenhuma idiota, sei o que está por vir. Temi por isso todos esses meses, o diabo finalmente veio me cobrar.

       Quero me agarrar as boas lembranças antes de dizer adeus a tudo, a ele. Posso sentir seus olhos me queimando do outro lado do quarto, e me seguro para não chorar de novo, não posso.

— Mar... — quero gritar, para que ele não me chame assim, não quando sei o que está por vir, mas ao mesmo tempo, quero que ele repita várias e várias vezes.

— Não — ele balança a cabeça e bufa passando as mãos pelos cabelos, agora, muito bem cortados. Quero passar minhas mãos por ele, e dizer que vai tudo ficar bem, mais não vai — Por favor, não chore.

— Eu não vou — tenho que engolir em seco para que soe firme, não posso demostrar fraqueza, não hoje.

— Eu-eu vim aqui, porque quero ser sincero com você — não, por favor, não diga — No tempo em que passou pela turnê, tive tempo para pensar e resolvi que o melhor é que não fiquemos juntos.

— Por quê? — ele não me ouve, talvez tenha dito apenas pra mim mesma, então repito — Por quê?

— Porque eu acho que me confundi em relação aos meus sentimentos, não sei se... não sei se ainda gosto de você — ele fala, e as palavras ecoam pelo quarto infinitamente — Eu...

— Você conheceu alguém? Seja sincero — finalmente o encaro, e então vejo seus olhos intensos me fitarem com pesar, eu sei a resposta mas quero que ele fale.

— Sim — e então ele diz, e meu coração se parte mais um pouco.

— E você a ama? — e você me ama? Algum dia amou? Como eu amo você?

— E-eu não sei — então talvez não valha a pena, fique. Quero dizer, mas não digo.

— Mar... eu sinto muito — não ele não sente, e tá tudo bem.

— Porque não me contou antes?

— Não queria que atrapalhasse sua turnê, sabia que era importante para você — você, você era importante pra mim. Mas isso não importou não é?

— Posso te fazer só mais uma pergunta? — o encaro nos olhos, porque quero a verdade.

— Claro, sempre — ele diz, é mentira.

— Você algum dia gostou mesmo de mim? — tenho medo de que as palavras seguintes machuquem, mas que se dane, já estou quebrada.

— Mar, é claro que sim — não consigo acreditar, não posso, não de novo.

— E é verdade? Porque você mentiu pra mim, quando disse que nunca quebraria meu coração e mentiu de novo quando disse que não mentiria para mim, mas você mentiu. E continua mentindo, Joey, por favor — digo rapidamente e então não consigo mais não chorar — Diga, você realmente gostou de mim? Com todo o seu coração? Porque eu amei você, desde o dia que eu te vi pela primeira vez, eu amei você. Amei você quando citamos filmes da Disney, amei você quando me beijou, amei você até mesmo quando foi um idiota.

— Por favor, nunca duvide que eu gostei de você — ele se aproxima e eu me afasto, sua atmosfera me puxa e quase me jogo contra ele.

— Sabe, — dou de ombros e limpo uma lágrima — De todas as mentiras que você me contou, essa foi a que mais doeu.

— Eu sinto muito — ele repete e repete, quase me faz acreditar.

      Me afasto andando até a janela observando agora o céu estrelado e a lua tão brilhante. Joey deixa o quarto em silêncio, e quase sem querer, leva meu coração e todas as suas falsas promessas juntas. Não consigo evitar chorar, mas dessa vez, choro tão alto que posso dizer que bairro inteiro escutou.

      Bryce e Jaden aparecem minutos depois, eles me abraçam e me deixam chorar, por horas e horas. O Natal foi estragado, e o resquício de magia fora levado junto a todas as outras coisas.

___

pov autora

      Naquela noite nada feliz, milhares de corações foram partidos. Mas tudo bem, porque o amor pode curar, mas ele também pode ferir. Não podemos lutar contra ele, apenas viver e aprender com ele. Não fiquem triste, hoje, uma história de amor se acaba para que uma nova se inicie.

      Exposed e dedicado a todos que tiveram seus corações partidos, e lutam com isso, vocês são mais fortes do que imaginam.

      A alguns dias, que tudo o que temos que fazer é parar e deixar que o tempo leve toda essa dor. Tudo vai ficar bem, e se não ficar, eu e todos esses personagens ainda estarão com vocês.

      Amem, a cada batida do seu coração.

xoxo, autora.

𝒆𝒙𝒑𝒐𝒔𝒆𝒅 + jmb Onde histórias criam vida. Descubra agora