Capítulo Nove - Ainda não acabou

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Quando estacionamos na garagem, eu limpei o rosto, na esperança de que meus olhos inchados fossem imperceptíveis. Entramos na casa e damos de cara com Sav, que já tinha chegado e estava na sala de estar.

— Onde vocês foram? — Perguntou curiosa, se levantando do sofá.

— Eu convidei Any para ir tomar um sorvete — Bailey disse tomando a minha frente, e mudou de assunto. — Antes que pergunte, eu não trouxe um para você.

— Ótimo, eu nem queria mesmo — ela disse com um tom agressivo para ele, e olhou para mim, se curvando um pouco para trás de surpresa ao perceber o meu estado.  — Any, você estava chorando?

— É que...

— Ah, é! — Bailey riu e tomou a frente novamente. — Ela viu um cachorro de três patas no meio do caminho e começou à chorar. Está muito sensível né, Any? Deve ser a TPM.

— Eu não falei com você — ela disse e se virou para mim esperando uma resposta mais convincente. — Any? — Pressionou.

— Não foi o que aconteceu de verdade — me entreguei, e Bailey me olhou confuso. —  Eu fui visitar o Josh na prisão.

— Josh!? — Bailey e Sav exclamation en uníssono.

— Josh foi preso? — Bailey perguntou, extasiado.

— Você foi visitá-lo? — Sav perguntou com a mesma emoção.

— Sim — respondi à ele e me virei para ela. — Tínhamos assuntos pendentes.

— Assuntos pendentes? Any, este cara é perigoso, e você tem que esquecê-lo para sempre, está ouvindo? Não volte lá nunca mais.

— Não há perigo, Sav. Haviam milhares de seguranças lá. E não, eu não pretendo voltar àquele lugar.

— Então o seu amigo do colégio era o Josh? - Bailey interrompeu.

— Sim, era. — dei de ombros.

— Este mundo está perdido - falou, por fim, e saiu. Graças à Deus não perguntou porquê Josh tinha sido preso. Prefiro deixá-lo pensar que foi por um motivo qualquer, como a invasão de um lugar proíbido durante a noite. Qualquer coisa para não mencionar que eu fui estuprada.

— Me prometa que nunca mais vai dar este gostinho à ele. Que nunca mais o irá visitá-lo. Ele não merece te ver chorar, ouviu?

— Eu prometo, Sav.

— Ok. Agora me conte sobre esse assunto pendente. Afinal, o que você tinha de importante para tratar com ele?

— Fui apenas deixar claro o quanto eu o desprezo.

Ela assentiu, triste.

— É isso o que ele quer Any, te ver sofrer, ver o quanto te abalou.

— Pode ser. Mas ele não parecia contente. Isso é o que me deixa ainda pior...quando ele me viu, ele parecia tão acabado quanto eu. Pude ver no seu olhar. Acho que ele esperava que eu nunca descobrisse e por isso estava mal, ou talvez...

— Talvez o quê?

— Será que não foi tudo um mal entendido, Sav?

— Como assim, Any? Se o prenderam há um motivo. Não se culpe por algo que ele causou sozinho. E outra coisa, eu já assisti Ted Bundy, o cara também me convenceu de que não era o culpado até o final do filme. Eu estou te falando... Esses pscicopatas fazem de tudo para você achar que eles são inocentes. Não se preocupe, prima, você fez a coisa certa em mandá-lo para a prisão.

Talvez ela estivesse certa, talvez eu apenas não queira aceitar a verdade. Mas ainda acho que a minha decisão foi tão repentina, nem mesmo pensei antes de entregá-lo a polícia.

Eu estava tão determinada a achar um culpado que talvez eu não tenha tido tempo de olhar as coisas de um outro ângulo. Pensar mais a fundo.

Mas eu tenho meus motivos para isto, e eles são muito válidos, não? Afinal, se não fossem, ele não teria sido preso, certo?

Então por que eu me sinto tão estranha? Por que sinto como se algo ainda estivesse errado? Como se eu tivesse cometido um erro profundo?

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>oi gente, irei publicar o próximo cap em breve, e provavelmente ele será o último, senão o penúltimo. Logo após começarei a postar uma nova fanfic na qual estou trabalhando já tem um tempo. Agradeço a quem está interagindo, continuem, porque isso me ajuda e incentiva bastante. Beijos de luz ✨

"Who?" - Short Fic Beauany (+13)Onde histórias criam vida. Descubra agora