Minha mente havia ficado tão cheia por conta dos acontecimentos do dia passado, que eu sequer lembro o momento exato que deitei em minha cama para dormir, mas uma coisa era certa, a ideia de que Jonathan ainda podia ter acesso a qualquer coisa sobre nossas vidas aterrorizava não só a minha mente, como a de meus amigos também. Levanto de minha cama tentando afastar os pensamentos negativos que invadiam minhas ideias e me direciono ao banheiro para fazer minha higiene matinal, ao descer as escadas, encontro minha mãe e meu pai sentados na mesa de jantar, minha mãe estava com a cabeça apoiada nas mãos com uma expressão totalmente sombria.
- O que está acontecendo gente? – Falo com um sorriso no rosto tentando anima-los. – Cadê nossa alegria matinal?
Meu pai se vira para mim e no seu rosto, a mesma expressão se estampava, era como ver uma extensão do rosto da minha mãe, porém com traços masculinos.
- Jake, filho... acho melhor você se sentar. – Meu pai fala empurrando a cadeira da cabeceira da mesa com o seu pé.
Ando em direção a cadeira e sento na mesma, aproximo-a um pouco mais da mesa para que eu ficasse em uma posição confortável.
- Muito bem, o que está acontecendo? – Pergunto com a voz um pouco trêmula, o nervosismo já estava tomando de conta de mim.
- Jake, querido, sentimos muito em ter que dizer isso a você, mas seu amigo Adam foi encontrado morto ontem nas redondezas de Green Valley, em um beco próximo a uma fábrica da cidade.
- O quê? Como assim pai? – Falo não acreditando. – Adam é muito fechado, vocês tem certeza que realmente era ele? Ele costuma sumir sempre e não comunicar ninguém! Alguém já foi fazer o reconhecimento do corpo...
- Jake! Só para filho... – Minha mãe fala se levantando de sua cadeira. – Sabemos que é um momento difícil para você, e acredite, para nós também, mas nós já fizemos tudo que podíamos, seu pai e eu já fomos ao necrotério fazer o reconhecimento, infelizmente era o Adam.
- Como isso aconteceu? – Falo de cabeça baixa tentando conter as lágrimas. – Eu passei no local do crime ontem enquanto eu estava voltando da escola, não imaginei que poderia ser ele ou alguém conhecido.
- Filho, não foi sua culpa! Você não poderia fazer nada a respeito. – Meu pai falava enquanto passava a mão carinhosamente por meus cabelos. – Afinal, você nem sequer sabia por onde Adam andava nos últimos dias.
- Seu pai tem razão filho, sentimos muito, sabemos que Adam era o que ainda ligava você a nossa antiga cidade, mas tente pelo menos comer alguma coisa agora está bem? – Minha mãe fala enquanto se levantava para pegar algumas torradas.
- Já sabem onde será o funeral? – Pergunto cabisbaixo.
- A mãe de Adam disse que será em Oakwood. – Minha mãe fala enquanto pegava um copo com suco de laranja.
- Filho, tente não pensar muito sobre o assunto, tente descansar sua cabeça, sabemos que você já tem muitas coisas com o que se preocupar. – Meu pai fala enquanto tentava expressar um sorriso claramente forçado. – Iremos para Oakwood hoje à tarde.
Minha mãe pousa um prato com algumas torradas na mesa bem a minha frente e posiciona um copo com suco próximo a minha mão esquerda, porém parecia que minha fome e disposição haviam sumido, eu sei que eu não poderia ter feito nada, no momento que passei pelo local do crime, Adam já estava morto, mas ainda assim eu me sentia responsável pelo que havia acontecido com ele.
***
Eram duas horas da tarde, eu estava deitado em meu quarto com meus fones de ouvido postos escutando algumas músicas que eu e Adam costumávamos ouvir quando ouço meu pai bater na porta de meu quarto, vejo a maçaneta girar e a porta abrindo lentamente.
- Filho! Está na hora. – Ele fala pesaroso.
Aceno positivamente com a cabeça e me levanto da cama, eu já estava vestido a alguns minutos, apenas esperando o chamado de meu pai para irmos para minha antiga cidade, saio do quarto e desço as escadas lentamente até chegar na sala de estar, onde minha mãe se encontrava posta perto da porta enquanto meu pai arrumava as ultimas coisas que faltavam para irmos para Oakwood.
Entramos todos no carro, minha mãe sentada no banco da frente junto com o meu pai, enquanto eu sentei no banco de trás, onde tinha mais liberdade, o clima estava um pouco frio, as nuvens acinzentadas tomavam de conta de algumas partes do céu, fazendo o clima ficar ainda mais fúnebre. Meu pai deu partida no carro e seguimos viagem até Oakwood.
***
Confesso que desde o começo do ano, quando eu havia chegado em Green Valley, eu sempre me imaginei voltando para Oakwood, mas nunca quis que fossem nessas condições, retornar a minha cidade antiga para presenciar o funeral de meu melhor amigo.
Seguimos com o carro por mais alguns minutos desde a entrada da cidade, até chegarmos a nossa rua antiga, pude ver algumas pessoas na casa dos pais de Adam, significava que o funeral já estava acontecendo. Descemos todos do carro e nos dirigimos até os pais de Adam, o rosto de sua mãe encontrava-se tomado por tristeza e o seu pai estava uma mistura de angustia e raiva.
- Senhora Lockwood, sentimos muito. – Falo pesaroso e em seguida vou de encontro a ela em um abraço.
- Eu sei que sente Jake, ele era seu melhor amigo, entendemos a sua dor também. – Ela fala tentando alternar entre falar e controlar o choro.
O pai de Adam estava completamente sério agora, seu rosto sem expressão, talvez por conta do choque da morte do filho, mas ele não nos dirigiu uma palavra sequer, e ligo em seguida, se retirou do local e adentrou a residência.
- Desculpem meu marido, ele ainda não consegue acreditar. – Ela fala tentando ser gentil e se desculpar pela atitude do senhor Lockwood.
- Sem problemas senhora Lockwood, cada pessoa lida com as dores da perda da forma que lhe convém. – Falo tentando ser gentil.
Ela tentou abrir um pequeno sorriso e logo em seguida deu as costas para nós, adentramos a casa e vimos alguns parentes de Adam, alguns amigos da escola, todos com o semblante de tristeza posto em seus rostos, definitivamente eu detestava funerais, e ter que ir ao do meu melhor amigo fazia com que eu os detestasse mais ainda.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Wild Blood
Mystery / ThrillerJake Colleman é um adolescente de 17 anos, onde se mudou recentemente para a cidade de Green Valley buscando uma nova vida, mas lá, é envolvido em diversos mistérios que o cercam em todo o campus escolar. Wild Blood se remete a adolescência, quando...