Deixe-me ir

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Depois de duas horas descendo de ônibus em ônibus e mais um estirão apé,  Any chega. Cumprimenta os funcionários da portaria e segue andando pelo enorme condomínio.

A loira entra na casa pelo portão dos fundos, na lateral. Vai até o quartinho dos empregados e se troca, pondo seu uniforme de doméstica e deixando seus pertences no lugar se sempre. Já trabalhava na casa há anos então conhecia bem o espaço, os outros funcionários e os serviços que tinha de fazer.

O dia seria longo e ela tinha muito o que fazer. Limpou quase todo o primeiro andar da casa quando deu o horário de servir o almoço. Foi até a cozinha e após cumprimentar a cozinheira saiu levando a comida para a sala de jantar onde a família fazia suas refeições.

Dona Vera era uma mulher cheia de energia e gentileza, apesar do dinheiro que tinha nunca foi arrogante ou mesquinha, diferente de suas cunhada e sobrinha, que sempre que possível destilam seu veneno; hoje não podia ser diferente.

-Oh, Any querida. O que temos para hoje? As meninas e eu estamos famintas- a dona da casa fala assim que vê a loira entrar com alguns refratários nas mãos.

-Boa tarde- Anahí cumprimenta baixo, seu semblante era abatido e cabisbaixo, e não era de se estranhar, trabalhava como uma condenada e mal tinha tempo de dormir- Ana disse que é um frango com molho de alcaparras, por que o seu Otávio havia pedido- completou educada mas retraída enquanto punha a comida na mesa.

-Otávio infelizmente teve um contratempo no tribunal e precisou se ausentar. Seremos apenas eu, Fabi e Valen hoje- disse sorrindo ao ver Anahí servir os três pratos.

A loira nada respondeu, fez o que tinha que fazer e estava prestes a se retirar até cozinha pra ir almoçar com os demais funcionários da casa, quando ouve a voz aguda e forçada de Valentina.

-Mas tia, eu odeio alcaparras, e além do mais estou seguindo a dieta da minha nutri, frango é semana sim semana não- falou a morena cruzando os braços como se fosse a rainha do sabá.

-Valen meu bem, Ana já se retirou para o almoço, não tem como lhe preparar outra refeição- Vera falou olhando para a sobrinha.

Sem perder tempo, com um discreto sorriso de canto, Valentina joga os curtos mas bem cuidados fios negros para trás e solta:

-Peça que a empregadinha ai atrás me prepare algo então- deu de ombros enquanto olhava as longas unhas postiças pintadas de dourado chamativo- Não posso ficar sem alimentar tia Vera- olhou a mais velha com carinha de cachorro pidão.

-Valen, não fale assim ok? Vou providenciar isso, mas tenha respeito certo?- advertiu a sobrinha.

-Anahí por gentileza- chamou a loira que prontamente voltou- Se não for te atrapalhar, tem como preparar uma salada para minha sobrinha? Pode ser bem simples e rápida, sei que já está em horário de almoço e essa nem é sua função, mas- antes de terminar Any a corta.

-Não vejo problema nenhum dona Vera, vou preparar agora mesmo- respondeu prestativa.

-Obrigado filha- agradeceu gentil, gostava da loira, sempre educada e pronta para ajudar, as vezes se sentia té preocupada pelo estado físico de Any.

Anahí foi para a cozinha preparar a salada da outra.Nunca gostou de Valentina, nem de Fabiana, sempre grosseiras e esnobes, mas era seu trabalho, não tinha o que fazer. Ela estava exausta, não dormia por mais de 5 horas seguidas faziam dois anos, nunca parava; e agora com Sabiá e seus capangas ainda mais em sua cola, apertando os prazos de pagamento ainda mais, ela mal tinha dinheiro para comprar o básico, era tudo destinado aos pagamentos com juros ridículos, e seu salário era baixo, mal daria para se mantes sozinha, quem dirá com uma corda como essa no pescoço.

Vera contava a Fabiana que seu filho lhe cobrava há uma semana uma empregada nova, mas ela ainda não tinha conseguido resolver isso. Foi nesse instante que Any entrou na sala de jantar com a salada em mãos.

-Aqui está dona Valentina- ela põe o prato para a morena e retira o anterior, recebendo um olhar de desdém de mãe e filha.

-Isso! Problema resolvido- Vera fala sorridente direcionando o olhar para Any com alegria- Anahí minha querida, se lembra de meu filho Poncho?- questiona olhando a outra.

Ainda abatida Anahí concorda com a cabeça, podia estar exausta, em modo automático, mas se lembrava dele. Alfonso Herrera, ele era lindo, se sentia intimidada só de olha-lo, e os olhos cor de oliva então... Mas também não podia esquecer da grosseria, sempre sério, não cumprimentava ninguém, nem agradecia quando servido, além de reclamar de tudo. Fora que a loura suspeitava de que ele e Valentina tivessem uma espécie de envolvimento íntimo, já os viu sem queres trocando carícias muito além da entre primo e primo. E ela repudiava isso, eles tinham o mesmo sangue, como podiam ficar de safadeza de baixo dos olhos de Vera e Otávio? Onde estava o respeito?

-Ótimo que se lembre, porque terei que fazer uma alteração em seus horário querida- ela diz pegando a mão pequena e cheia de bolhas devido ao trabalho, de Anahí- A partir de amanhã, você será transferida para a casa dele. Fique tranquila que o seu salário, horários e tudo mais serão os mesmos, só mudará a casa e que lá terá apenas você de funcionária, além do jardineiro e piscineiro que irão uma vez por semana. A casa dele é aqui mesmo no condomínio e é menor que essa; tem como me salvar com isso pelo amor de deus?- fala rindo um pouco sem soltar as mãos de Anahí, mesmo elas não sendo macias como a sua.

-Oh- Any fala surpresa, não esperava por isso, mas não tinha o que fazer, precisava do emprego- Tudo bem dona Vera- concordou tímida por ser o centro dos olhares das três.

-Excelente, mais tarde te passo todas as informações certinha- sorriu- Muito obrigada.

Tempo depois, Vera ligou para Alfonso para avisar que tinha resolvido a questão da empregada, ele agradeceu; confiava que quem quer que fosse a escolhida de sua mãe seria apta. A grisalha estava feliz, gostava de Anahí e de seu trabalho, sabia que ela cuidaria bem da casa do filho.

Quem não ficou nem um pouco satisfeita com a nova informação, foram Fabiana e Valentina, as duas não ficaram satisfeitas em saber que tinha uma mulher enfiada na casa de Poncho, ainda mais a única funcionária, eles ficariam sozinhos lá. E admitindo mesmo que contra vontade, sabiam que Anahí era uma mulher atraente, mesmo com o semblante sempre triste e cansado ela tinha sua beleza natural, e isso as preocupava. Teriam que contornar a situação ou enfrentariam um obstáculo em seus planos.

AGORA SIM COMEÇOU A HISTÓRIA!
E AI Ó QUE ACHARAM? SE BATERMOS A META DE 10 COMENTARIOS AMANHÃ POSTO MAIS!!!