O anjo da Morte

2.6 - Pesadelo ou realidade?

 O que Yoongi não sabia era que Yujin não confiava totalmente em Taehyung. O jovem que ia diariamente à biblioteca em que trabalham havia a ajudado quando quase foi atropelada, por pura inconsequência dela, como ficou bastante claro quando o evento foi contado. Isso são fatos. Mas o garoto de fios claros não tinha ideia de que havia desconfiança da estudante para com o rapaz que a ajudou e que o motivo era algo consideravelmente irracional. Por isso, a raiva que sentia do homem de cabelo preto perfeitamente penteado só crescia.

- Então você está com dor nas costas por ter trabalhado? - Taehyung deu uma pequena risada irônica, o que irritou ainda mais o garoto que não dispensava um moletom - Essa é a recompensa, não sabia?

 Yoongi percebeu o olhar de Taehyung sobre sua colega de trabalho que caminhava para a parte interna do balcão. Ele se sentiu pronto para atacar o homem que encarava descaradamente sua am...

"Eu não sou amigo dela...", e com esse pensamento, o finalmente bibliotecário deixou a implicância de lado. Pelo menos momentaneamente.

- Bom, já que não pode me atender - Taehyung olha para o jovem platinado, que tensiona os músculos pela ira que se acumula - Yujin vai me ajudar a achar este livro, não é? - sorriu enquanto mostrava a foto no celular de uma obra que a bibliotecária conhecia bem.

 Animada com a peça que iriam procurar, Yujin esquece por um momento as suspeitas que tem a respeito de Kim Taehyung. Aquele é seu livro preferido, o livro que a fez querer ser escritora. A alegria em procurar uma obra tão importante para ela impede que faça qualquer relação entre a escolha do rapaz e as suas hipóteses.

 Yujin sabia exatamente onde as edições daquele livro estavam, seguindo contente até a seção que era reservada para temas religiosos e místicos. Enquanto andavam, a bibliotecária tomou a iniciativa de dialogar sobre a obra escolhida por Taehyung. Pode não parecer muito, mas para ela, era a quebra de uma barreira infinitamente grande. Esse era o poder que os livros tinham sobre a garota.

 Como resposta, o rapaz apenas disse que lhe foi recomendado, não dando muitas informações a mais. E antes que um clima tenso se instaurasse, Taehyung perguntou o motivo do entusiasmo de Yujin quando mencionou o livro, afinal, o brilho no olhar da jovem deixou claro que é uma de suas obras favoritas.

 Sem entrar em detalhes também, a estudante confirmou o que ele suspeitava, acrescentando que o leu pela primeira vez seis anos atrás e desde então se tornou um de seus preferidos. O tempo da conversa foi a duração exata do percurso até o lugar que a bibliotecária os levava.

 Devido o apagão que ocorreu um mês atrás, algumas lâmpadas queimaram, restando nessa seção, somente a que estava sobre suas cabeças. Infelizmente, o senhor Min passou a obrigação de repor as luzes para o neto, que ainda não demonstrou interesse em iluminar este setor.

- Pronto - pegou a edição que estava na altura de seus olhos, sendo cautelosa na hora de retirar de sua posição - cuidado com ele, por favor.

- Falaria isso pra qualquer outro? - questionou sorrindo enquanto segurava o livro que a garota o estendia.

 Não sabendo o que responder exatamente, pois sentia uma leve culpa por expressar grande preocupação com essa obra específica, Yujin deu um breve sorriso.

- Seu anel é muito bonito.

 A fala do homem faz com que ela se atente à peça metálica que tanto adora. Taehyung notou o anel prateado assim que pôs os olhos na garota tímida que o atendeu quando entrou nesta biblioteca pela primeira vez. Os detalhes eram incrivelmente interessantes, as linhas curvas que se entrelaçam, as asas sutilmente entalhadas. Poderia interpretar uma história a partir daqueles traços. E ele conhecia uma que se encaixava perfeitamente ali.