Capítulo 8- Viverei em Paz

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Miles Fairchild

Depois de Kate ter ido embora eu não me surpreendi, era o que todas faziam, até que ela tinha ficado bastante tempo!

Eu só estava preocupado com minha irmã, essa tarde sem Kate a fez ficar triste.

Tentei anima-la e brincamos perto do labirinto, eu não brincava mas depois de ter conhecido Quint, retornei com esse hábito infantil de participar de seus joguinhos quando Kate participava.

Ela dava ideias diferentes de como podíamos nos divertir a cada dia, mesmo não tendo meu amigo vivo Kate de certa forma me divertia, era alegre e isso contagiante a casa.
Até a senhora Grose caía na brincadeira de vez em quando, nunca vi ninguém a fazendo-a sorrir.

Iria sentir falta dela, no fundo ela não era tão ruim assim.. eu odiava adimitir isso.

- Miles, está tudo bem? - Perguntou ao me ver sentado na mesa a observando.

Eu normalmente não ficava perto dela enquanto a mesma trabalhava, sempre deixava bem claro que era incômodo e prefiria ficar sozinha nesses horários.

- Sim, porque?

- Você está bem estranho desde hoje a tarde. - Indagou ela largando o pano de prato e se apoiando no balcão.

- Estou?

- O que aconteceu?

- Nada.

- Eu te conheço, está triste! É por causa da Kate?

- Como assim? Não! Eu só to cansado.

- Humm, e que ela especulou que você poderia estar fumando e bebendo. Eu não acreditei mas ela insistiu na ideia, achei que você estava chateado por ela não acreditar em você também. Bom, de qualquer forma saiba que pode contar comigo. Eu estou aqui para o que precisar.

- Eu sei mas eu estou bem! - Falei em um tom mais alto.

- Tudo bem. Olha, não se preocupe com Kate, o stress a toma conta de vez em quando e ela não sabe como agir... Não a culpo, por isso dei uma folga pra ela.

- Folga? - Perguntei.

Ah, então ela não tinha ido embora... Estava de folga, eu me preocupei com Flora entrar em depressão esse tempo todo... Em vão!?

Claro que se ela tivesse ido embora iria ficar um pouco chateado, pensando melhor eu me sinto um idiota por ter ficado mau por isso mais cedo.

- Sim, ela merece... Apesar do fato de você não gostar dela, ela e Flora se dão muito bem. Sua irmã nunca teve tanto apego a ninguém depois que seus pais morreram.

- Porque você acha que eu não gosto dela?

- Você a trata mal, é grosso, vive assustando e atormentando ela, além de tudo é um ingrato. Eu sei que Adam e Jessie se foram mas você não precisa interpretar isso como uma desculpa para tratar as pessoas assim, francamente isso agora até comigo.
Você nunca me tratou mal.

- Nossa, me desculpe.

- Não peça desculpas a mim, mas sim a Kate. Ela não tem obrigação de te educar, esse é meu papel.

- Eu não fazia ideia de que ela me odiava.

- Ela não te odeia, só quer o seu melhor... assim como eu.

- Intendo. - Disse pensativo.

- Se você dificultar as coisas ela só vai se afastar... você já perdeu sua amizade com Quint e agora vai perder a de Kate.

- Ela pegou o pano novamente e voltou a seus afazeres.

Sai de lá e fui procurar Flora para lhe contar minha descoberta sobre sua melhor amiga.

Fui até seu quarto, que estava com a porta fechada e bati.
Ela não abriu-se...

Fui para fora de casa e procurei na estufa, no jardim, no estábulo e no labirinto mas não a encontrei.

Sentei em um banco na frente do lago, local do assassinato do amiguinho dela, isso me fez refletir sobre tudo o que eu fiz desde a chegada de Kate, desde que conheci Quint.

Em meio dos meus pensamentos perturbados minha irmã sai de trás de mim com um grito. Confesso que não me assustei nem um pouco, ela não consegue me tirar um grito se quer.

Fingi ter me assustado para anima-la...

- Consegui! Pela primeira vez eu consegui te assustar.

- Parabéns. Como você tá?

- Eu to triste porque a Kate foi embora... Ela me prometeu que não iria me deixar como as outras.

- Prometeu? - Perguntei intrigado. - Mas ela não foi embora.

- Não?

- Não! Grose deu um fim de semana de folga a ela.

- Verdade?

- Sim Flora. - Disse com voz de tédio.

- Ahhhh!!! Kate ainda me ama. - Indagou ela se animando, correu até mim e me abraçou. Eu não sou muito fã de abraços mas retribui com a mesma intensidade e com o mesmo amor.

O único ser ainda vivo que pindura o sangue da família Fairchild, minha irmã, a pessoa que eu mais amo no mundo...
A única pessoa que eu realmente amo.

Com tudo esclarecido nós dois entramos, estava escurendo mas Flora quis ficar para ver o pôr-do-sol, queria que eu a fizesse companhia.
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- Onde vocês dois estavam até essa hora? - Perguntou Grose quando nos viu entrando de fininho para não achamar sua atenção...
Infelizmente ela tinha percebido.

- Nós estávamos brincando no quintal. - Disse Flora.

- Você deveria cuidar da sua irmã Miles!

- Mas eu estava tomando conta dela.

- Bom, ainda bem que chegaram... Pensei que teria que ir buscar vocês!

- Está tudo bem.

Eu subi para o meu quarto sem dizer mais nada, dando passos pesados no chão... Isso irritava muito Grose.

Começei a tocar guitarra, me deixava pensativo e naquele momento tudo que eu pensava era em Kate. Quando isso começou a transparecer me fazendo errar as notas eu estranhei, já estava acostumado! Modesta parte eu era muito bom com instrumentos, nada desviava minha atenção da música fácilmente, esceto ela.

O que está acontecendo?

Não, eu nem vou me atrever a dizer... Tudo, tudo menos isso!

Grose me interrompeu para o jantar e como já estava irritado por antes não o quis.

No dia seguinte ela não estava em casa mas havia deixado o café pronto e um bilhete:

" Tive que sair para resolver um assunto de família, volto semana que vem. Pedi para que Kate voltasse hoje a noite, até lá se comporte e cuide de Flora.

- Grose."

Começei a me animar, o que será que eu deveria fazer?

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