Os Órfãos

Capítulo 12- O Pior dos Medos

Miles Fairchild

Sai do quarto e vi que a festa já tinha acabado, eu tinha passado tanto tempo cuidando de Kate que havia perdido a noção do tempo.

Peguei um travesseiro e fechei a porta, teria que dormir na sala aquela noite mas na verdade nem dormi, fiquei indo ao meu quarto a cada dez minutos para ver com ela estava.

Me sentia culpado porque realmente a culpa era toda minha, além de Kate ter tido que regredir antes do prazo, eu tinha feito merda e por isso ela estava naquele estado.

No dia seguinte acordei com os primeiros vestígios de luz solar penetrando minhas pálpebras, encomodado eu levantentei e olhei ao meu redor... a casa estava toda bagunçada, mas para ser sincero eu nunca a vi nesse estado tão desastroso.

Fui até o quarto em que Kate estava
para ve-la, havia a esquecido completamente e me deixei ser vencido para exaustão.

A mesma não estava mais lá, fui até a cozinha e a vi tomando um copo de leite, ela estava como eu a deixei: aquele curativo no pulso e meu suéter.
Isso me fez sorrir.

- Oi. - Falei sem jeito. - Como você tá?

- Engraçado que você se preocupe.

O que!? Eu te coloquei para dormir na minha cama, fiz um curativo em seu pulso ensanguentado, te dei minha roupa e fiquei te observando a noite toda pra ver se você estava bem, você ainda me pergunta se estou preocupado? - Pensei indignado.

- Tem sorte de ainda estar bem. - Disse a olhando com desprezo.

- Você fala como se a culpa disso não fosse sua.

- Eu sei que eu errei ok, mas não se esqueça que foi eu que te ajudei, provavelmente eu estou de castigo.

- Não tenha dúvidas.

- Me desculpe. - Falei olhando para o chão, eu nunca tinha dito disso para alguém em voz alta.

- Limpe tudo e está livre, eu vou andar um pouco.

Ela saiu sem nem me olhar nos olhos, bateu a porta com força me deixando alí sozinho.

Eu tinha um longo trabalho pela frente...

Depois de algumas horas Flora acordou e eu não estava nem perto de acabar as tarefas, ela estava confusa pela qual motivo da bagunça mas eu não disse a verdade.

Enquanto limpava não parava de pensar no que poderia ter acontecido com Kate na noite passada, eu insistia mas Quint ainda não deu indícios que iria me revelar coisa alguma.

- Vamos brincar Miles? - Perguntou Flora surgindo por trás da cadeira de preguiça enquanto eu limpava a piscina.

- Eu não posso, presiso terminar de limpar as coisas por aqui.

- Tudo bem... - Indagou desapontada, arrastou o pé no chão com a cabeça baixa e depois saiu.

Mais algumas horas e finalmente terminei de arrumar a bagunça da festa, ou melhor, a besteira que eu fiz.

Fui para dentro a procura de Flora e Kate mas não as encontro em lugar algum, vou até o lugar mais óbvio da casa... o labirinto.

No meio de todas as "paredes" do lugar finalmente encontro Kate, ela estava sentada olhando para o lago mas ao ve-la dei meia volta e fui para o meu quarto.

Ao caminho dei de encontro com Flora que estava pulando e cantando.

- Porque que você estava tão feliz assim?

- Kate me comprou outro peixe.

Humm interessante, foi isso que ela ficou fazendo na cidade esses dias?
Que ideia mais idiota, quem iria pensar nisso? Bom, pelo menos Flora estava feliz.

- Você e a Kate estão brigados? - Ela me pergunta ao ver minha cara fechada.

- Não, ela que está com raiva de mim.

- Não estou com raiva, eu estou decepcionada. - Kate tinha surgido por trás de mim, ela ainda estava com o curativo no pulso.

- Pegue suas coisa querida.

- Hum? - Resmunga Flora sem entender.

- Esqueceu da aula né mocinha? Vamos.

As duas desceram, eu entrei no meu quarto e deitei na minha cama, estava exausto por conta da faxina, era isso que Grose fazia todos os dias? Deus me livre.

Ele estava com um perfume doce, o aroma de Kate tinha se instalado no meu travesseiro.

- Porque eu não consigo ser normal?
- Me perguntei enquanto cheirava a roupa de cama.

Senti a presença de Quint, na verdade sempre sentia, realmente já estava pronto para me contar o que tinha acontecido...