Capítulo 2- Mansão Fairchild

1.1K 160 51
                                    

No caminho até a residência tive de me recompor. Uma hora e meia de viagem de carro foi tempo suficiente de refletir sobre a relação com minha mãe, minha vida e meus problemas...

Agora eu cuidaria dos problemas de outra pessoa.

Quando cheguei bem na frente do portão e estava prestes sair do carro ele se abre sozinho.

Confesso que fiquei assustada ao ver que não tinha nada e nem ninguém a força-lo para me liberar passagem.

- Sem paranóia, ele deve ser ativado com sensor de movimento. - Repetia a mim mesma mentalmente.

Não queria que mais nada me abalasse naquele dia e simplesmente passei com o carro.

Havia uma estradinha que se seguia até o fim do jardim, foi por onde eu passei dirigindo. Estacionei ao lado da entrada principal e saí do carro.

Dei cinco batidas na porta mas a mesma não havia sido aberta, então bati novamente. Nada.

- Olá? - Chamei.

Olhei ao redor e não havia ninguém... segui para a lado esquerdo do jardim, no fundo uma estufa me chamou atenção e prossegui até ela, notei que estava aberta e entrei.

O lugar era incrivelmente belo, flores bonitas e bem cuidadas, aroma do início de primavera... algo me desvia o olhar. Um bebedouro de pássaros com partes decapitadas de bonecas, a água de tom avermelhado resalta a ideia da obra de arte me deixando boquiaberta.

Criança estranha...

- Isso vai ser interessante. - Pensei.

- Tem alguém aí? - Perguntei em um tom alto o suficiente para que alguém pudesse me ouvir.

- Olá senhorita Mandell. - Diz uma senhora que estava podando um pé de hortelã, ela solta a tesoura e vem comprimentar.

- Olá senhora Grose.

- Como vai? - Disse com voz doce e calma.

- Bem, obrigada.

- Que bom... - Ela faz um pausa me olhando nos olhos. - Não quero a ofender mas, já foi babá antes? - Pergunta preocupada.

- Não, é a primeira vez.

- Espero que saiba o que está fazendo, essas crianças são de puro-sangue.

- É claro.

Eu tentava prestar atenção no que ela falava mas aquele troço pertubador estava me tirando o foco.

- Isso é coisa de Miles, sabe com crianças são. - Indagou sorridente.

- Sei, é claro. Bom... falando nisso, onde está a menina?

- Flora está no estábulo.

- Obrigada. - Agradeci já saindo de lá.

- Quer que eu a acompanhe? - Pergunta.

- Não prescisa se encomodar, com licença.
________________________________

Ao entrar vejo dois lindos cavalos, provavelmente de raça pura. Me aproximo para acariciar o branco, que se vira e recolhe-se perto do feno.

Vou até o preto, que com um gesto já se agita. Acaricio sua crina em uma tentativa falha de acalma-lo. Por fim ele cessa.

- Ahhhhhh!!! - Grita a garotinha me dando um belo susto.

- Ai meu Deus! - Digo levando uma das mãos ao peito. - Onde você estava?

- Nunca vai saber... Me chamo Flora.

Os Órfãos Onde histórias criam vida. Descubra agora