Capítulo 13- Anotações

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Kate Mandell

Depois que terminei de dar aula a Flora ela saiu para brincar, revirei minha bolsa a procura de um espaço para guardar os livros e vejo o disco que comprei na cidade... eu não tinha o entregado a Miles!

Vou até o quarto dele e bato a porta mas o mesmo me ignora, bato novamente apenas para me anunciar e entro.

Ele estava sentado em uma poltrona olhando para a janela, ouvindo uma musiquinha triste e pensando em nada enquanto fazia cara de paisagem.

- Oi Miles.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntou.

- Eu comprei uma coisa pra você... É um disco ótimo, você deve gostar desse tipo de música.

- Obrigado. - Ele disse sem esboçar nada, parecia não sentir absolutamente NADA!!

- Quer conversar sobre Quint?

- Quer me dar bronca, vá em frente.

- O que? Eu só estou tentando me dar bem com você, não quero brigar.

Miles se levanta e vai até o meio do quarto, se senta novamente e deixa uma aranha subir em sua mão.

Ele joga o pobre bichinho como comida para sua tarântula de estimação, que recebe sua refeição e friamente o devora.

Que pertubador!

- Não é o que parece. - Diz ele ao se virar para mim me olhando com malícia.

- Olha Miles, eu sei que você não gosta de mim mas eu não sei mas o que fazer.

- Porque você acha isso? - Perguntou ele com um riso fraco.

- O jeito que você me tratou quando nós nos conheçamos, por exemplo. - Disse olhando para a parede onde ele me encostou. Miles olhou para a mesma direção e fechou a cara.

- Sei que você e Quint eram bem próximos mas não precisa me tratar assim só porque ele se foi. - Continuei.

- Ele gosta de você. - Falou olhando para trás de mim.

- Como assim?

- Ele viu o que o Jack fez com você.

- Miles ele se foi!! Prescisa superar isso.

- Ele me contou porque sua mãe está em um hospicio. - Disse fingindo estar pensando.

O que tinha acabado de dizer... Como ele sabia daquilo?

Sai do quarto sem dizer mais nada, aquilo realmente mecheu comigo e eu começei a chorar.

Fui para meu quarto e tranquei a porta, eu não estava aguentando mais, ser iguinorada ou sombada é uma coisa mas ser agredida e humilhada já é demais!!!

Irei em bora quando Grose chegar, sinto muito mas eu não consigo mas ficar nessa casa com esse garoto.

No meio das lágrimas me viro na cama percebo algo que nunca tinha notado no meu closset, vou até lá e o abro, jogado no chão tinha um caderno velho com uma escrita na capa "Layla Robson".

Deito novamente na cama para ve-lo e começo a ler:

"Julho, 12 de 1981.

Não acredito que estou fazendo isso que coisa de criança, estranhamente isso sempre me ajuda com ideias para meu próximo romance, fazer o que? Presiso arrumar dinheiro para pagar minha faculdade de literatura.

Começei hoje aqui, Flora e Miles são uns amores, muito inteligentes e divertidos, as vezes eu esqueço que sou a governanta e os trato como se fossem meus amigos. A cada dia que passo com eles me sinto mais parte da família.

Grose me ensinou como a casa funciona e me mostrou tudo, me imprecionei como ela cuida dessas crianças como se fossem seus filhos, Miles se aproveita disso, ele é muito mimado."

Isso era errado? Meu Deus! Eu estava lendo um tipo de diário da última governanta, mas pensando bem, se ela estava morta não tinha problemas.

- Kate? - Flora entra no quarto me olhando, com ela destrancou a porta?

- Oi pequena, tudo bem?

- O que é isso? - Perguntou se referindo ao caderno que eu estava segurando.

- Nada! - O escondi debaixo do travesseiro, disfarçei.

- Brinca comigo?

- Claro, do que você quer brincar?

- Esconde esconde.

- Tá bem, vá na frente que eu já estou indo.

- Entendi. - Ela saiu cantarolando sorridente é dando pulinhos.

Guardei o caderno na gaveta da cômoda ao lado de minha cama e saí. Lá embaixo estava Flora e Miles conversando.

- Kate! - Ela pula de alegria e ele olha para mim, estava encostado na parede me olhando com um sorriso malicioso, como sempre. - Miles pode brincar também?

- Claro.

- Você conta. - Disse ela correndo para fora do cômodo, ele a segui, cobro meus olhos e conto até trinta.

- Lá vou eu!

Subo as escadas e procuro nos quartos, as portas estava todas abertas mas não tinha ninguém ali.

Fui para um corredor e vejo uma brecha, Flora estava com um de seus ombros saindo de trás da cômoda, andando de fininho eu a toco e ela pula de susto.

- Te encontrei!

- Ah, tudo bem.

Eu vejo alguém passando e entrando num corredor ao lado.

- Agora você tem que encontar Miles! - Falou olhando para a direção que o vulto seguiu.

Eu peguei uma lanterna e fui em frente a sua procura. Aquela casa era tão grande que as vezes esquecia que alguns cômodos existam ou que eu havia estado neles, nesse caso era a primeira opção.

Inumino uma parte em que vejo alguém correndo então o sigo até um cômodo, ele entra e fecha a porta me deixando do lado de fora, porém antes que eu pudesse bate-la ela se abre sozinha.

- Facil de mais. - Pensei olhando ao redor.

O lugar era escuro como tudo ali, e os móveis que tinham estavam cobertos com lençóis brancos, o cheiro de mofo empreguinava tudo.

- Olá, tem alguém aí? - Pergunto ao escutar uns barulhos perto de mim.

Vejo uma figura feminina correndo em minha direção, a mesma que tinha visto no quarto de Flora, saio dalí correndo desesperadamente.

Volto para a sala de estar e vejo Miles e Flora jogando xadrez.

- O que aconteceu? - Ele pergunta.

- Você... você estava brincando comigo, como chegou aqui tão rápido?

- Eu to jogando com Flora a uns dez minutos. - Ele dá uma risada debochando de mim e eu saio.

O que tinha acabado de acontecer?

Aquele com certeza não era Miles então isso quer dizer que, eu não estava mais segura, tava sendo vigiada.

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