Dias se passaram desde a minha coroação. Herdei do antigo rei o seu assistente, apelidado de Trevo, não sei e nem me importo com o motivo de tal apelido. Trevo é muito eficiente, se lhe peço uma coisa, ele faz o mais rápido possível e ao que parece tem muitos espiões na rua. Ainda não confio nele, mas não o dispenso. Estou sentado na confortável cadeira do gabinete real. Tirei toda a decoração de Otolon, agora a sala está com duas cores apenas. Preta com finas linhas roxas rodeando a sala. Trevo entra.
- Vossa Majestade, o bruxo chegou.
- Bruxo? - desde que fui transformado em vampiro, nunca mais nem sequer ouvi falar em bruxos, mesmo sabendo da existência de tais. Estou confuso.
- O feiticeiro real, Vossa Graça. Logo quando fundou o reino, Otolon vem convivendo com o serviço dessa família.
- Família? Aqui no reino? Bruxos e vampiros? Impossível! Não me fale loucuras, Trevo. Ainda não tenho minha opinião formada sobre você.
- Perdão, meu rei. Vou buscá-lo, ele explicará melhor. - Trevo sai da sala e segundos depois entra juntamente de um homem, aparentando seus 50 anos. Ambos se reverenciaram e este homem se aproximou de mim, me cumprimentando.
- É um prazer conhecê-lo, Vossa Graça. Me chamo Anakin Lather. Sou o feiticeiro real. Permita-me contar a história, meu rei. - Anakin levantou a cabeça, falando com calma, mas tropeçava em algumas palavras:
- Venho de uma longa linhagem de bruxos. Meu pai foi feiticeiro real do rei Otolon, meu avô antes desse e meu bisavô antes, e assim foi. Logo com a tomada do reino, meu ancestral Artly, um poderoso bruxo ofereceu seus serviços e lealdade ao rei Otolon e o amado rei aceitou. Minha família vive aqui há muitos séculos e linhagem após linhagem nós servimos ao rei Otolon e agora serviremos ao senhor. Meu filho, que ainda está em treinamento irá me suceder assim que eu vir a falecer.
- Se é um bruxo, não é um humano, eu presumo.
- Exato, meu rei. Não sou humano.
- E como você e seus antepassados conseguiram viver aqui sem serem reconhecidos?
- Feitiços, meu rei. Lançamos feitiços em nossas casas e em objetos que usamos diariamente. - Anakin levou sua mão ao colar em seu pescoço. - Aqueles que nos vê, pensam que somos vampiros.
- E qual é a real serventia de um bruxo para o rei? - pergunto, fixando meus olhos em Anakin, estudo seus movimentos e sentidos, em busca de algum traço de mentiras.
- Protegermos o rei. Trazemos chuvas quando o sol está em abundância, damos o dom da visão ao rei para prever seus inimigos...
- Chega. Nunca ouvi tantas bobagens. Saia daqui antes que eu o mande para a execução.
- Lua Sagrada, Sangue Real, faça que o rei veja o inimigo real!
Sinto um vazio dentro de mim. Tudo fica escuro, me sinto como se eu estivesse caindo em um abismo sem fim até que paro em algum lugar. Consigo ver algo agora. Estou em um lugar escuro, uma caverna talvez. Há muitos homens reunidos em um grande círculo e um outro dentro dele.
- Meus amigos, meus irmãos! Já chega de nos mantermos na escuridão, viver como ratos em um esgoto, presos em uma ratoeira quando somos descobertos! Chegou a hora de sair da sombra. Novos guerreiros chegarão em dias e assim teremos uma quantidade vantajosa para atacarmos aqueles que ficam presos do portão para dentro, e tomarmos o reino para nós! - ele gritava agora e os outros motivados começaram a gritar também um grito de guerra. Não consegui identificar direito, era algo relacionado à ''vampiros mortos'' e ''lobisomens no poder''. Ouvi em algum momento o nome do lobisomem que estava fazendo o discurso. Lucius.
Sou sugado de volta a realidade. Trevo e Anakin estão em minha frente. Estou confuso, estou realmente confuso.
- O que Vossa Majestade viu? Perdão, não devo me meter. Eu lhe dei a visão real. Permite que Vossa Majestade veja seus inimigos em tempos que estão tramando contra você. - isso é cativante e vantajoso. Começo a acreditar no bruxo.
- Mas é claro, meu rei, que as visões não podem ser controladas. Elas vem e vão quando querem. - disse Anakin. Passei no mínimo uma hora tirando dúvidas sobre bruxaria e a proteção do reino. A visão que tive, era relacionada aos lobisomens, que ao que parece estão escondidos no subterrâneo do lado de fora do reino esperando por reforços para nos atacar.
Quando Baltazar, o mensageiro do Imperador chegou, mandei que Trevo saísse para reunir o conselho para uma reunião, iríamos tratar do assunto dos lobisomens. Baltazar trazia algo em sua bolsa de couro, tirou um aparelho de lá. Era um notebook.
- Este aparelho se chama...
- Eu sei oque se chama, Baltazar. O conselho sempre teve notificações dos avanços tecnológicos dos humanos, apenas não os passamos para o povo, sobre ordens do rei. Mas eu pretendo mudar esse fato em meus 800 anos de reinado.
Baltazar ligou o notebook, começou a teclar e logo depois virou-o para mim. Pude ver um homem alto, magro de longos e lindos cabelos loiros, olhos azuis e penetrantes. Lindo. Era Jordan Luvith, o imperador da América.
- É realmente um prazer conhecê-lo, rei Wulfric. - sua voz é grossa porém sedutora. Gostei dele. Tem um mistério em seu olhar.
- Presumo que seja. Estou muito ocupado, foi difícil arrumar um lugar em minha agenda para encaixá-lo, Imperador, então não vamos desperdiçar o meu tempo, nem o seu. Vamos direto ao assunto.
- Oh, claro. - disse o imperador, abrindo um gélido sorriso, provavelmente encantado também com minha resposta.
- Pois bem. - ele começou a falar. - Espécies de todo o mundo estão se unindo, para lutar com seus rivais. Lobisomens estão unindo os líderes de suas matilhas, presidentes de países humanos estão se unindo, e nós também, os vampiros estamos nos unindo. Estou chegando a acordos com chefes vampiros de estados e até mesmo alguns países tomado, e o seu, meu caro Wulfric, é o maior deles. Seu reino é imenso e quase impenetrável. Preciso que se junte a seus irmãos, nós vampiros para lutarmos com os outros. Eu tenho equipes trabalhando em avançamentos de armas e também tenho espiões que trabalham para os humanos, e nos mantém informados.
- Me juntar a vocês. O que eu ganho?
- Não só você, mas o seu reino também. Caso aniquilarmos os humanos, as terras vizinhas, ou seja, países ao seu reino poderão ser seu. Você triplicará o tamanho de seu reino, podendo aceitar até mesmo algum dos nossos aí para aumentar a população. - reflito por um pequeno período de tempo, concordando.
- Certo, agora segundo ao que Baltazar tem me dito, o seu reino vive em épocas medievais, vocês quase ão usam carros, armas entre outros. Estou disposto a vender-lhe helicópteros, aviões, armas avançadas e até mesmo soldados se necessitar.
- Venda de soldados? Venderia os seus próprios? - acho isso injusto. Nunca venderia meus soldados, eles são de certa forma para mim como irmãos, minha família. Jordan pareceu não dar importância ao que eu tinha dito e isso me deixou um pouco furioso.
- Imperador, presumo que Baltazar também tenha dito que nós não usamos dólar, euro e nem reais como forma de trocas, então não tenho como comprar suas mercadorias, mesmo que esteja interessado. - e realmente estou. Estou cansado de vivermos o de sempre, vivemos como primitivos, sempre quis que o reino mudasse e este é o momento.
- Meu caro rei Wulfric. Segundo aos pesos e anotações que Baltazar me enviou, cada moeda de ouro de seu reino equivale a 120 dólares aqui. De prata 90 e cobre 25. Então presumo que tenhamos como iniciar as trocas.
Eu aceito o acordo. Eu e o Imperador discutimos preços, eu saio na vantagem. Também contrato alguns trabalhadores de fora para vir para o reino. Não quero ficar comprando mercadorias já feitas, gasta muito. Quero que carros, armas, entre outros sejam fabricadas aqui mesmo no reino, e então contratei um pessoal capacitado para tais tarefas.
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O Reino dos Vampiros
Teen FictionUm conto. O mundo estava em guerra entre vampiros, lobisomens e humanos. Giovanni Wulfric, um lorde de uma família militar, que após a morte de seu pai herdaria todos os títulos no mesmo. Nasceu e cresceu em um reino próximo ao do que os vampiros c...