INVERNO - 1

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Acordei como se lutasse contra a correnteza para sair da água, sentando-me imediatamente alerta. Estava cansado, ofegante. Apenas uma luz esverdeada iluminava o quarto que eu não reconhecia. Alguma coisa caiu em cima de mim e a joguei para o outro lado daquela sala, sentindo uma fisgada no meu braço. Um apito infernal vinha de algum lugar atrás de mim sem parar. O braço que levantei para afastar dos olhos o cabelo molhado de suor tinha um fio de sangue e, perto da parede, um suporte de soro caído.

Ah, era o hospital.

A guerra havia acabado.

Recostei-me na cama com um suspiro observando o sangue que fluía daquele pequeno ferimento. Uma enfermeira entrou correndo no quarto. Ela me olhou com olhos espantados e saiu correndo do quarto novamente.

Menos de dois minutos depois Sakura entrou acendendo a luz. Caminhou com um sorriso até o lado da minha cama e desligou a máquina que apitava atrás de mim.

- Como você está se sentindo, Sasuke-kun? - ela perguntou com a voz gentil enquanto soltava alguns fios da minha cabeça.

- Bem - desviei os olhos para a janela e fiquei olhando as sombras que se moviam em tendas lá fora. Era noite, mal havia iluminação.

A enfermeira entrou novamente com um carrinho cheio de suprimentos médicos.

- Pode deixar - Sakura sorriu para a enfermeira que não sabia se chegava perto de mim ou não.

Ela tocou no meu braço, senti seus dedos quentes na minha pele. Nem sabia que estava com frio.

- Não precisa - encolhi o braço.

- Você quase morreu. Esteve inconsciente uma semana. Embora não esteja em perigo iminente, não temos pessoal para tratar os ferimentos de todos o que chegam aqui, estamos contando que seu corpo consiga se recuperar sozinho de grande parte do dano que sofreu. Então, sim, precisa sim.

Sua voz era séria e incisiva. Ela limpou o rastro do sangue em meu braço e fez um novo acesso, ligando o tubo de plástico ao soro.

- Além disso - disse apontando para o bolso do jaleco branco onde estava escrito "Haruno: médica" - sou eu que mando aqui - agora ela estava apenas se divertindo às minhas custas.

Fechei os olhos sentindo uma dor de cabeça que se aproximava. Ela continuou me examinando, apalpando minhas costelas, medindo meus sinais vitais, minha temperatura. Colocou um cobertor sobre minhas pernas e algo na minha mão.

- Isso serve para chamar as enfermeiras, se eu puder, eu mesma venho. Se você precisar de alguma coisa, pode me pedir que eu faço para você - ela corou levemente enquanto dizia isso, seu tom não era mais aquele profissional.

- Obrigada, Sakura. E me desculpe. - Acho que precisaria dizer isso toda vez que a encontrasse.

- Só fique bom logo, ok? - Ela abriu um sorriso largo que fez seus olhos se fecharem - vou precisar ir agora, o turno da madrugada é o mais difícil - olhou o relógio em seu pulso e se afastou empurrando o carrinho que a enfermeira havia deixado até a parede oposta. Olhou uma última vez como se quisesse dizer alguma coisa, mas não disse nada e saiu.

Eu podia ouvir um choro vindo de algum lugar no prédio. O barulho metálico de macas e equipamentos sendo levados pelos corredores. O hospital não era um lugar pacífico, mas em algum momento eu escorreguei de novo para a inconsciência.

SASUKE: RedemptionOnde histórias criam vida. Descubra agora