Corri entre mecânicos e engenheiros, algo que nunca imaginei fazer, mas meu único objetivo era encontrá-lo no meio daquela multidão. Foi fácil reconhecê-lo no grupo de funcionários, mesmo que estivesse sorrindo para uma das estrategistas que já havia caído nos encantos de Jules. Com um ar de preocupação, implorei: "Não entre no carro". Naquele dia, algo me dizia que não seria bom. Ele bagunçou meus cabelos e respondeu: "Não posso deixar de correr por causa da chuva, Nana". Nos abraçamos pela última vez, com o capacete já em sua cabeça. Antes de partir, realizei nosso ritual especial: abaixei sua viseira e beijei o topo do capacete, desejando sorte e proteção. Mesmo sabendo que aquela era a vida que ele escolheu, supliquei para que voltasse são e salvo. Ele sorriu e disse: "_Eu sempre volto_". Acreditava firmemente nessa frase. Afinal, ele sempre voltava. Mas naquele dia fatídico, a água escorria no asfalto quente enquanto testemunhava a vida do meu padrinho escorrendo entre destroços e ferragens daquilo que um dia foi seu carro. Sua profissão. Seu sonho.