Dylan e seu grupo percorreu sem parar pela Floresta Âmago. Em um canto ou outro, houve momentos nos quais decerto viram animais pequenos e grandes, que percebendo a aproximação deles, ocultavam-se à vegetação; e sobre um em específico, cuja pelagem era como a de um mico-leão-dourado, Dylan jurou tê-lo visto alterar a cor de seus fios antes de ele sumir. E aconteceu que notaram leves alterações nas nuvens, enquanto se moviam, e temeram uma chuva, o que na verdade podia ser boa e má, ao mesmo tempo, se ainda considerassem que, além de tudo, pudessem ser rastreados pelo cheiro e não somente pelo mapa. Isso certamente era plausível aos outros, mas não mais ao Dylan, por saber de coisas fora do conhecimento dos demais, é claro.
Àquela altura, quiçá a única preocupação devia ser evitar um embate desnecessário, mas Dylan almejava chegar às Montanhas Escarlates naquele mesmo dia, se possível. A considera o quanto de luz a mais havia no lado setentrional e ainda restava para que se findasse o dia, o desejo que carregava não era de todo impossível. Sendo assim, chegaram à extremidade norte da vivente Floresta Âmago, e ali Dylan e os demais pararam, tendo o primeiro vislumbre das Montanhas Escarlates, que estavam acolá, ao longe da posição atual deles. Deveras um emaranhado de picos rochosos, tomado por nuances brancas para mais próximo de seu cume, arrastando-se, como prontamente indicava o mapa, à lesta e oeste, muito imponentes.
De onde estavam, o terreno sofria uma longa descida, a qual era tomada por uma vegetação verdejante e rasteira, como grama alta. E em seu meio, destacavam-se diversas plantas de variadas flores, que tinham muitas tonalidades, mas eram, na sua maioria, rubras e abertas, adornadas por colunas amareladas e levemente luzentes. Um vento oeste soprava suave ali, e balançava a vegetação delicadamente, trazendo a fragrância adocicada e muito agradável das flores, que mexia com as emoções e aliviava a alma. E Dylan sentiu que muito daquilo era como uma chegada repentina do outono, porque tinha grande beleza, aquela vegetação, e tiraria uma foto dela, se estivesse disposto de seu celular.
Logo, eles seguiram adiante na descida verdejante, que, depois de um tempo, perdeu sua beleza, dando para um ermo em sua nudez. Lauren, contudo, trouxe uma flor de pétalas brancas consigo, presa a seu cabelo louro ondulado, e parecia ter gostado de ter feito isso. Dylan também carregou uma flor consigo, para sentir seu cheiro suave por mais um tempo e guardá-lo na mente. Andrik pouco ficou interessado em fazer algo assim, ainda que muito tivesse gostado daquela vegetação, enquanto Ahsley, impassível, apenas agiu com indiferença a tudo que estava à sua volta.
Foram caminhando sem pressa por um tempo, e o vento assobiante os acompanhava. As Montanhas Escarlate pareciam estar próximas, mas eles não chegavam a elas, de modo que Dylan até sentiu que seu senso de distância estivesse a ficar ruim, porém, por fim, alcançaram as Montanhas Escarlates. Deveras estar ali, tão pertos delas, fazia-as parecer bem maiores e mais imponentes do que poderiam ser, e Dylan e os demais, sem rodeios, seguiram numa subida por ela, rapidamente entendendo o porquê de seu nome, pois as rochas que compunham as montanhas era vermelho em incontáveis partes, mas também havia o preto e outras nuances àquela grande tonalidade que as fazia, e o branco da neve, no alto.
À medida que subiam, o frio ia ficando mais intenso quando somado ao vento mais constante. Preocupou Dylan que sofressem com o mal da altura, pois o oxigênio daquele mundo não era como o da Terra, ainda que o daquela região, desde a aproximação à Floresta Âmago, já fosse mais próximo ao que tinham lá; mas não desejam seguir muito para o topo. Em determinado ponto, Dylan preocupou seus amigos, soltando um xingamento, após uma rocha escorregar sob seus pés e descer montanha abaixo, de modo que jurou que poderia ter caído, e era o último na subida, porque seus amigos estavam à frente. Devido àquele susto, a partir dali, passou a ter mais cuidado, junto dos demais.
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O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas Sombras
FantasyA Grande Calamidade, um evento sombrio e inevitável, nunca esteve tão próxima quanto agora. A malícia se alastra nas sombras, à medida que o medo cresce nos que sabem do que está por vir. E agora, forças têm agido, para o bem ou o mal, para a espera...