Capítulo 14 - Perigo

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Pouco tempo depois de voltarem a se mover, avançavam em um pique suave, atravessando diversas colinas com declives suaves. Montanhas ainda davam para esquerda deles, não sendo mais possível perceber o rio, poucas árvores podiam ser vistas na região, independente da direção que olhassem, salvo às costas deles. E um vento noroeste soprava forte.

Em determinado ponto, quando as colinas passariam a dar para planícies, avistaram, não muito à frente, diversas estruturas ósseas, as quais, em algum momento do passado, deveras pertenceram a gigantes. Também haviam restos mortais de alguma gente pequena, embora bem mais difíceis de se verem dali, e já bastante tomados pela vegetação. Aquele certamente fora outro grande palco de uma terrível batalha, é claro.

Toda o relevo que se estendia adiante parecia bem plano, pouco tomado por grandes variedades de vegetação, era somente a relva alta e úmida.

- Imagino que não tenham passado por aqui - falou Dylan, observando toda sua frente.

- Não, não passamos - retrucou Lauren, contemplando aquela região.

Andrik desceu o declive, chegando a deslizar sobre o terreno, quase que caindo horrivelmente no chão. Os outros o seguiram. E, andando tão próximo daquelas grandes estruturas ósseas, Dylan percorria olhares pelo local, tendo certeza de que corpos menores não podiam pertencer aos Alfūrah, ou aos Eldūrah. Aqueles seres não usavam armaduras, e nada sobrara do que houveram usado, o que poderia facilitar uma identificação. Seria possível dizer que fossem os Döergh, pelo modo como seus corpos eram pequenos, e, ainda assim, isso poderia ser uma dedução errada, sendo de conhecimento que estes habitavam outro plano - Nidavellir -, e não muito se envolviam em conflitos. Mas, bem, os gigantes, isto é, os Ordūnn também viviam em outro plano, dizia o livro dado por Baldwin, ainda que, nesse caso, estes grandes seres fossem de natureza destrutiva.

- Sabe o que são eles, Dylan? - quis saber Andrik, quando atravessavam por entre uma estrutura óssea de algum gigante.

- Tenho certeza de que são Ordūnn... Gigantes - respondeu Dylan.

Os grandes restos mortais eram tomados por musgos viscosos. Deviam ter umas dezoito jardas de comprimento, ou, possivelmente, bem próximo disso; eram verdadeiros titãs. E, como os pequenos, não ficou claro se estariam trajes na batalha.

Depois de atravessado aquele outrora campo de batalha, eles seguiram em frente. Prosseguiram numa suave corrida, como estavam a fazer no início, e Andrik ia à frente, com Dylan logo atrás, quase que sendo ladeado por Ashley e Lauren. Esperavam mesmo chegar a Zaybengard naquele dia.

Em um certo ponto, enquanto ainda se moviam num suave pique, Dylan lançou um olhar sobre os ombros, com a preocupação de que os monstros pudessem estar os seguindo, o que fez Lauren também querer olhar para trás. Para não inquietar ela à toa, voltou sua atenção à frente, tomado por alguns pensamentos sobre aquele estranho calor em suas mãos. Na verdade, no dia anterior, houvera se forçado a achar que sua dedução estivesse errada, que o calor em suas mãos não estivesse ligado ao fato de correrem perigo, mas, bom, esse era o tipo de pensamento que ia e vinha.

Além de tudo, ainda havia a voz daquela mulher. Quem seria ela, bem, isso era o maior dos mistérios. E estavam próximos de sair do terreno de Árldenheim - o Domicílio das Sabedoras -, aquele pesadelo e também o que fora primeiramente dito por Lauren e Andrik, indicavam a existência delas naquela floresta, ainda que seu pesadelo fosse apenas uma projeção de algum medo em seu subconsciente, Dylan tinha certeza de que tudo nele fora real demais, mexendo-o de alguma maneira, com memórias que não mais conseguia se recordar.

O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora