Capítulo 19 - Encruzilhada

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Quando já havia se passado algumas horas desde a batalha que tiveram, Dylan e seus amigos pausaram a ligeira locomoção, porque precisavam recuperar o fôlego que os faltava no momento. Uma descida íngreme estava adiante, e a floresta ainda parecia vasta e verdejante até onde seus olhos conseguiam ir, mas não mais com aquelas finas estruturas rochosas. Apesar disso, uma névoa tênue era muito presente por sobre as árvores da região, como fora em algumas regiões de Precendsko, a Floresta Primordial.

Logo, depois de um pouco recuperados do maior esforço recente, lavaram os rostos sujos de sangue da batalha recente, num córrego, e seguiram em frente, com muita pressa no mover das pernas. Estava sendo fácil ver animais em um canto ou outro da região... animais esquisitos, que dessa vez Dylan pouco conseguiu os assemelhar a algum da Terra de que se lembrasse. Os arvoredos, contudo, eram ainda os mesmos, com aquele chão escuro tomado por muitas folhas caídas, de cor amarelada.

Naquele dia, no seguinte e também no que veio depois, chuvas caíram sobre Dylan e seus amigos... Às vezes fraca, de modo que podiam continuar como constantemente desejam, e às vezes vinha muito forte e gélida, o que os obrigava a parar de se mover e procurar um lugar, para se manterem longe da chuva. Mas sempre seguiam em frente logo que ela parava, sendo dia ou noite, temerosos sobre algum novo embate, e esse também era o motivo pelo qual apenas ousaram abrir o mapa não mais que duas vezes até ali, porque ainda era essencial saber se estavam seguindo na direção correta, e os alegrava perceber que estivessem tão próximo de seu destino final.

No décimo primeiro dia após a feroz batalha, Dylan e os outros agora seguiam lentamente por uma região de muitas colinas e pontos tortuosos, em que se tinha de haver um cuidado a mais, na hora de descer. Porém, até ali, tudo ocorrera bem, no que se referia à comida e água, ou até mesmo sinais de perigo. Seguiram, portanto, por planícies de terreno molhado e de vegetação branca e rasteira, onde o ar saía de suas bocas como uma pequena fumaça, e, em muitos pontos, sentiam algum gelo se desfazer sob seus pés, em estalidos, e logo o relevo voltou a dar para a floresta com montes e elevações altas, em que a névoa preenchia os vales e antros profundos.

Logo, Dylan subitamente parou de andar e se deu conta de algo em suas mãos e sentiu muito medo, desejando que não fosse o que achasse que era, mas, sim, era exatamente o que pensava... o Fragmento de Poder em seu corpo estava prestes a sofrer um novo pico de evolução, e isso iria liberar de seu corpo uma energia que não era capaz de manter sob controle, e por isso àqueles à sua procura e a serviço de Morddiur saberiam de sua exata localização, mas Lyndrahir cuidara disso, como refletira anteriormente, e espalhara a assinatura de sua energia por muitas direções, as quais, além de tudo, simulariam o pico de evolução do Fragmento, fazendo com que os monstros não exatamente soubessem qual rastro seguirem.

Entretanto, era de fato esquisito que o Fragmento tivesse evoluído justo agora, quando pensava que seu desenvolvimento estava momentaneamente pausado. Lyndrahir o dissera que estava. Porém, aconteceu, e num momento muito pouco pertinente, por isso buscou, em sua mente, explicações lógicas para o ocorrido; mas não duvidou da capacidade da Árldenry, tampouco de sua palavra.

- O que foi, Dylan? - perguntou Lauren, um pouco adiante, percebendo que ele parara.

Droga! A essa altura, se os inimigos sabem da existência da passagem de volta para Midgard e que somos humanos, certamente devem saber que seguimos a ela., pensou ele, enchendo-se de preocupação.

E desviando o olhar para Andrik, que também parara, disse:

- Preciso dar uma olhada no mapa - informou ele.

O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora