Agora em casa, Dylan teve a sorte de seu avô não estar na sala, ou de sua mãe estar presente, pois sentia que devia esconder a espada ganha o mais rápido possível, e foi isso que fez - guardou a ferramenta sob uma tábua, em seu quarto.
Enquanto sentado à lateral da cama, Dylan procurou respostas para ter ganho uma espada, pois não possuía habilidade com tal ferramenta. E agora sentia uma grande sensação vigorosa, mas que ia muito além de um mero sentimento de boa saúde e força, e ainda naquele momento, conseguia perceber algo em suas mãos, um calor, e que não chegava a incomodar.
Além disso, por mais que se esforçasse, as recordações do momento em que empunhou a espada não saiam de sua mente. Fora realmente algo muito incomum e aterrorizante para Dylan. Justo quando seu mestre mostrou crença na existência de seres mitológicos. No entanto, não seria Baldwin, refletiu hesitante... um ser mágico?
Não haviam provas em suas recordações ou evidências de que Baldwin fosse um mago ou algo do tipo. Ele fora, desde sempre, uma pessoa um tanto difícil de entender, que muitas vezes viajava de forma repentina, e não interagia muito com pessoas, a menos que estas viessem até ele, e, nesse caso, tratava-as educadamente, porém, concluiu Dylan, isso não apagava os fatos da realidade atual e do que vira.
Talvez, no dia seguinte, pudesse comentar isso com Harumi e Ralph.
Não, eles não acreditariam., pensou Dylan.
- É melhor eu me concentrar nos preparativos para a viagem - dizia Dylan enquanto olhava para o horário no despertador, calmo. Aquele calor em suas mãos havia sumido.
Entrementes, ele logo procurou arrumar suas vestimentas para a viagem no dia seguinte, e também verificou de que estava tudo certo com os documentos, pois não queria ser o motivo das gargalhadas de Harumi, ou dos sermões de sua mãe, não uma vez mais.
Dylan, depois de arrumar a mala e uma mochila, desceu pela escada de madeira, na qual tinha um formato de um "L". E, saindo próximo à sala de estar, ele percorreu um olhar pela casa - no momento, pouco iluminada pela luz solar -, e foi como imaginara, seu avô ainda não havia retornado, e sua mãe ainda estava no trabalho, obviamente.
Logo, Dylan caminhou até uns retratos ao canto da sala, onde fitou, com um sorriso, sua falecida avó Zoé, que usava óculos - bem semelhante à Sra. Isabelle -, tinha um nariz curto, o que combinava com o resto de sua graciosa aparência, junto ao belo estilo de cabelo. Mais ao lado, o Sr. Albert, a Sra. Isabelle e o pequeno Dylan estavam presentes na imagem, sorridentes. O garoto trajava uma fantasia, feita à mão por sua avó. À época da imagem, Dylan devia ter uns seis anos, e, diferentemente do atual, tinha um cabelo à altura dos ombros.
Mais ao lado, notou uma imagem em que sua mãe e o Sr. Immanuel, seu falecido pai, pareciam estar indo à praia. Encontravam-se sorridentes, e era inegável que Dylan tivesse herdado muito da aparência de seu pai, que era algumas polegadas mais alto que a Sra. Isabelle, e parecia ter preferência pelo cabelo alongado.Dylan, por fim, afastou-se das imagens, e indo à janela, ele entreabriu as cortinas, o que o permitiu fitar a movimentação na Rua dos Iluminados, na qual, diferente da parte da manhã, parecia mais movimentada, com o pipilar de alguns pássaros aqui e ali, e o farfalhar das folhas.
Ele pensou em sair brevemente de casa, aproveitar um pouco de São Francisco, antes que partisse em viagem, mas acabou desistindo no mesmo momento, então afastou-se da janela, de modo que a pouca luminosidade voltou a tomar conta do local, e, caminhando em direção à escada, sentiu as imagens de quando empunhara a espada vir à sua mente, como uma tempestade indesejada, então soltou um xingamento. Aquela lembrança lhe era obsessiva, e quanto mais desejava esquecê-la, mais ela lhe vinha à mente, o que o irritou. E agora olhava para a palma de sua mão, com uma expressão pensativa.
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O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas Sombras
FantastikA Grande Calamidade, um evento sombrio e inevitável, nunca esteve tão próxima quanto agora. A malícia se alastra nas sombras, à medida que o medo cresce nos que sabem do que está por vir. E agora, forças têm agido, para o bem ou o mal, para a espera...