Capítulo 15 - O Ataque das Árldenry

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Dylan e os demais avançavam pela terra de Zaybengard. As gotas de chuva não foram mais que um falso prelúdio de uma queda d'água maior, o que os deixara muito temerosos no início. Saíram do lado meridional do planeta, em uma região de Zaybengard onde sua nudez era plenitude, com o terreno ainda sendo aquele arenoso e árido. Mas, depois de um tempo, arbustos sem folhas passaram a surgir, junto de muitas montanhas e morros altos à direita e à esquerda, adiante deles ao longe.

A grande parte do dia havia ido embora. Dylan se preocupava que não fossem capazes de atingir Nathursko, antes que a maior escuridão viesse, e pediu para se adiantarem na corrida, acompanhados de um vento, agora, oeste, frio e ainda constante. Não muito de energia precisou se gastar com um maior esforço, pois logo uma floresta começou a surgir ao longe.

Voltaram a estar sobre uma vegetação rasteira, que, nas primeiras passadas, parecia morta, em sua cor amarela desgastada. Era como capim alto, estendendo-se à frente da floresta por pelo menos uma milha. A Nathursko, que significava Floresta Âmago, parecia uma vastidão de árvores com ramos sinuosos e folhas verdes, de formato pontiagudos e serrilhados. E liberava um úmido ar, deveras respirável e convidativo, para os que se aproximavam de sua orla. O oxigênio mais próximo ao da Terra estava naquela floresta.

Chegando às primeiras árvores, Dylan parou, sentindo-se, pela primeira vez, não muito cansado. Era o que seria a noite. Fazer uma fogueira agora estava fora dos planos, e, sobretudo, considerando que inimigos pudessem estar por ali.

Ora, sendo assim, o melhor que puderam fazer foi seguir adiante. Não muito à frente, encontraram uma árvore estranha, diferente das demais e maior, cheia de estranhezas, que até parecia uma fusão de várias árvores, com muitos ramais saudáveis e cheios de folhas. Havia uma brecha na árvore, que dava para seu interior, um espaço pequeno, em que acharam seguro ficar, depois de uma boa averiguada. O local serviu bem para todos eles, de modo que podiam ficar recostados aos limites enquanto sentados no chão, formando um semicírculo, sem exatamente precisarem ficar um encostado no outro.

Logo, Lauren anunciou que dormiria e de fato o fez.

- Hoje eu ficarei acordado, Andrik - informou Dylan, na maior escuridão que os afligia. Olhava lá para fora através da brecha.

- Tem certeza que consegue? - quis saber Andrik.

E voltando o olhar para seu companheiro, Dylan teve a impressão de ter visto luz naqueles olhos, mesmo na escuridão, e isso o preocupou. Era a segunda vez que acontecia, mas depois não mais voltou a ocorrer. Porém, o que vira eram olhos tranquilos e cansados, e, ainda assim, carregados de algo ruim.

- Dylan? - chamou-o Andrik.

- Ah, sim... Consigo. - Ele apressou-se em responder, tendo ficado perdido em imaginações. - Pode dormir, Andrik.

E o seu companheiro não mais respondeu. Devia ter fechado as pálpebras na posição em que estava, logo à frente.

Fazia silêncio lá fora e também onde estavam, e Dylan pensou que aquela noite seria longa, mas estava confiante de que iria ficar acordado pelo restante dela. Teve, por um momento, a sensação de estar sendo observado por Ahsley; mas o breu dificultou uma confirmação quando voltou sua atenção a ela, e, portanto, apenas resolveu ignorar.

As noites daquele mundo eram menos longas, assim como parecia ser o dia, mas foi não tão difícil para Dylan se manter acordado, no breu silencioso, salvo que por estalidos das vegetações à influência do vento. Durante a primeira hora, ele buscou não pensar muito nas coisas, ficando apenas por olhar ou não olhar lá para fora, mas, inevitavelmente, pensou em sua família - sua mãe e seu avô -, sobre como deveriam estar, e instigou confiança a si mesmo, dizendo, em pensamento, que logo estaria em casa. Não muitas horas depois, uma maior claridade já podia ser notada lá fora, e Dylan, exausto e com as pálpebras pesadas, ficou subitamente alertado por um barulho próximo. Escorregou a destra ao cabo de sua espada, assustado e atento, quando melhor olhando, viu que não exatamente poderia se tratar de um inimigo. A criatura que fitava se assemelhava a um cervo gigante, com aqueles chifres que pareciam galhos de arbustos, e possuía pelagem rubra; comia tranquilamente da vegetação rasteira, solitário.

O Guerreiro do Amanhã: Jornada nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora