Capítulo 5

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Iara

Termino o banho me sentindo muito melhor. Ele já chamou duas vezes na porta para saber se está tudo bem. Parece realmente preocupado comigo. Uso o meu óleo corporal para massagear bastante o quadril que está bem dolorido. Coloco o meu ativador de cachos e meu cabelo já fica pronto. Pego na mochila uma saia azul royal, um pouco acima do joelho e uma camiseta branca. Para tentar fazer um look bem casual, coloco uma sapatilha rosa pink. Para o rosto apenas meu protetor solar e brilho labial, tenho que me sentir segura para lidar com essa situação. Recolho todas as minhas coisas e coloco na mochila. Dele, só precisei usar a toalha. Deixo o banheiro organizado e abro a porta. Encontro o quarto vazio. Vou seguindo porta afora sem saber exatamente para onde ir. Ouço um barulho que parece ser de panelas. Continuo seguindo em direção ao som e o vejo picando algum legume em uma tábua sobre a pia. Ele percebe a minha presença e se vira para mim. Seu rosto se fecha em uma carranca e diz:

— Onde pensas que vais? — ele fala vindo em minha direção e retira toda a bagagem da minha mão. — Ainda não obtiveres alta. Não vais precisar disso — diz enquanto mostra a minha mochila.

— Como assim alta, Fernando? Achei que você fosse professor e não médico — falo, sem entender aonde ele quer chegar.

— Eu sou médico, professor de medicina e eu trouxe-te do hospital com a garantia de permanecer com os cuidados médicos cá. Portanto — dá um pequeno sorriso —, ainda não obtiveres alta. Precisas ficar pelo menos até amanhã.

— Isso não é necessário. Eu te agradeço imensamente por cuidar de mim, mas tenho muito que fazer. Não posso ficar aqui. — Ele levanta as sobrancelhas demonstrando ironia.

— Isso está fora de questão — fala sem me dá a oportunidade de contestar. — Já disse que tens que ficar de repouso. Isso é determinação médica. Preciso supervisionar-te e não se fala mais nisso.

Ele sai caminhando em direção ao quarto. Eu o sigo. Ele deixa minha bagagem em uma poltrona e se vira para mim.

— Estou a preparar nosso almoço. Sei que já é um pouco tarde — fala olhando para o relógio —, mas imagino que estejas com muita fome. A alimentação vai ajudar-te na recuperação. — Ele coloca a mão no bolso pega o celular e estende para mim — Podes usar o meu telemóvel para entrar em contato com tua família, namorado, quem quiseres.

Olho para a sua mão. Penso um pouco e decido não fazer confusão. Afinal, ele está sendo muito fofo comigo. Não posso ser deselegante depois de todo esse cuidado. Eu pego o celular e falo:

— Eu não tenho família — digo meio sem jeito —, mas vou ligar para uma amiga. — Vou discando o número de Rach que a essa altura deve estar mais louca do que já é. — Obrigada mais uma vez — falo colocando o telefone no ouvido e ele sai para me dar privacidade.

— Rach

— Iara sua desnaturada! Que diabo de foda louca foi essa que te fez esquecer tudo? — ela vai falando e eu posso sentir que está brava comigo. — Não me diga que quebrou sua promessa e deixou o gostosão te dá uns pega?

— Claro que não sua louca. — Penso comigo, como ela sabe que eu estou com um gostosão? Só de pensar nessa possibilidade de ficar com ele, já começo a aquecer o meu corpo. Não posso deixar a minha cabeça ir por esse caminho. Ele definitivamente não faz o meu tipo. São dos novinhos que eu gosto. Penso tentando mais do que tudo me convencer dessa ideia. — Como sabe com quem estou? E você sabe muito bem que não me envolvo com ninguém como ele. Muito menos sem uma negociação prévia — eu explico por fim.

— Então me diga Ara, o que aconteceu? Muito estranho esse seu desaparecimento. A última vez que falei contigo estava xingando um tal gostoso. Então, acabei deduzindo que estaria com ele.

A Dona do Show - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora