Capítulo 8

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Iara

Levanto da cama sem saber exatamente que horas são. Pela pequena claridade que entra pela janela, imagino que ainda é cedo. O sol está despontando.

Saio do quarto, curiosa para ver como ele está. Não sei o que me espera depois da cena de ontem à noite. Ouço um leve barulho como batidas. Continuo andando e o vejo através do vidro da varanda. Ele está batendo em um saco de boxe. Mais uma vez fico perplexa com a imagem. Ele está de bermuda branca, sem camisa. Seu corpo é perfeito, forte, ágil. Enquanto ele bate no saco eu vejo todos os seus músculos tencionando. O suor faz o seu corpo brilhar e eu fico paralisada. Não me movo. Não quero que ele me veja. Enquanto ele faz os movimentos de esquiva sua bunda torna perceptível na bermuda. Uma descarga de adrenalina toma o meu corpo e faz com que eu me aqueça completamente. Acho que nunca fiquei tão excitada só de olhar para um homem antes. Fico observando enquanto ele continua o seu movimento e então percebo a bermuda grudada no joelho, um pouco de sangue escorrendo por suas pernas. Então, me recordo da imagem da noite de ontem. Existe um contraste absurdo entre o homem forte, destemido, poderoso e ativo em minha frente. Com o homem vulnerável, derrotado, passivo que pude presenciar de joelhos ontem. Ao mesmo tempo em que esse homem lindo e gostoso acende o meu corpo. O homem estranho, vulnerável e misterioso mexe com a minha cabeça e me toca profundamente.

Ele percebe a minha presença, se vira para me olhar. Agora eu posso ver o seu peito forte e leves pelos dourados. Sua barriga é tudo que uma mulher pode sonhar. Nada de gordura, músculos que descem até o cós da bermuda baixa e permite acompanhar parte dos pelos descendo pelo caminho da perdição. Paro de respirar. Minha boca denuncia a perplexidade. Ele me observa com seus olhos azuis completando o conjunto mais lindo e mais sexy que eu já pude presenciar em minha vida.

— Oi — ele diz, e abaixa os olhos para o chão. Deve estar constrangido com a cena da noite de ontem.

Tento fingir que nada aconteceu. Ele é adulto e sabe o que faz de sua vida, não tenho nada a ver com suas escolhas.

— Oi, bom dia! — Tento soar o mais natural possível.

— Como estás? — ele pergunta, meio embaraçado.

— Eu estou ótima! — Sorrio. — Pronta para retomar a minha vida. — Ele não parece contente com a informação.

— Vais precisar de paciência. As tuas atividades ainda permanecem restritas — ele fala e eu percebo que estou vidrada em seu corpo perfeito. Tento disfarçar. Será que ele percebe o quanto me afeta?

— Vou me preparar para ir para casa, você sabe do meu carro?

— O teu carro está aqui na garagem. Pedi para trazê-lo aqui. Porém não aconselho que comeces a dirigir ainda.

Sorrio. Até parece. Não vou ficar presa dentro de casa.

— Sem possibilidade. — Continuo sorrindo. — Não vou ficar sem meu carro.

— Por conta da medicação e do trauma que tiveste não estás em condições de dirigir. Teus reflexos e concentração ainda precisam de um tempo para voltar ao normal.

— Sério mesmo? — falo com ironia, ele não tem noção de quem sou... — Desculpe te informar, mas ninguém toma as decisões por mim. Eu já deixei que me ajudasse. Fez tudo por mim. Não sei nem como agradecer por tudo. Agora é comigo, beleza?

Ele não fica contente com o que escuta. Seus olhos estão apertados e as sobrancelhas se fechando e eu pouco me importo. Preciso retomar as rédeas da minha vida, já deu. Brincar de médico e paciente tem suas vantagens. Desde que o médico não queira interferir na sua vida.

— Veja bem, eu vou levar-te em sua casa. Podes chamar um táxi ou um uber toda vez que precisares sair. Pelo menos até terminar os teus medicamentos — ele fala e sai em direção ao corredor, sem esperar a minha resposta. E eu me viro também sentindo um cheiro maravilhoso de homem, suor e o calor que emanam do seu corpo. Caminho para acompanhar os movimentos de todo aquele corpo escultural. Que bunda!

Balanço a cabeça para voltar a me concentrar. Saco! Quem ele pensa que é para se meter em minha vida?

— Olha, não precisa se preocupar. Posso pedir para me buscarem e levarem o meu carro. Você já fez muito por mim.

— Está decidido, vou levar-te a tua casa. O George levar o teu carro.

— Quem é George? — pergunto

— Trabalha comigo e está a ajudar-me em tudo que preciso.

Ele entra no primeiro quarto e eu sigo para o último.

Vou direto para o banho que deveria ser frio para acalmar o fogo que toma meu corpo. Que homem! Não posso permitir que minha mente entre nessa onda. Não me envolvo com ninguém, principalmente homens. Eu me divirto com garotos! Garotos, novinhos, nada de homens experientes. Nada de peitos com pelos. Nada de olhar de comando. Nada de homens seguros. Nada de homens com vontade própria. Minha drástica e única experiência com homem mais velho me marcou para toda a minha vida. Prometi a mim mesma que jamais me envolveria com ninguém. O que faço atualmente com os garotos é apenas diversão, para mim e para eles. Nada de envolvimento, nada de ser seduzida. Prometi que jamais permitiria que um homem exercesse o domínio sobre mim novamente. Eu estou muito bem assim. Eu procuro os que me interessam. Pago por eles e acabou. Bloqueio qualquer pensamento ou atração que possa me fazer sair do meu condicionamento.

A Dona do Show - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora