A Dona do Show - Degustação

Capítulo 14

Iara

Às 20h chego ao Othon para mais um evento. Minha equipe está a postos e tudo está perfeitamente organizado. Cada equipe cumprindo com a sua tarefa. A decoração ficou maravilhosa. Tenho uma designer muito competente. Acompanho de perto todo o andamento do evento, mas não me envolvo. Rach comanda tudo com maestria e eu aproveito para estender os meus laços comerciais.

Após conversar com pessoas de diversas empresas nacionais e internacionais, encontro diretor executivo da empresa que contratou o evento. Eles estão ampliando sua companhia para o nordeste. Salvador foi escolhida como sede do nordeste. Na reunião em que nos contratou, Sebastian Matarazzo foi extremamente exigente com a qualidade do evento. Segundo ele, o evento é o cartão de visita para abrir as portas para novos investidores tanto nacionais quanto internacionais. É claro que eu garanti a ele que nenhuma empresa estaria à altura da minha para tal serviço. Chegou o momento de ver se estamos respondendo às suas expectativas.

— Boa noite, Sebastian. — Estendo a minha mão para cumprimentá-lo. Ele é italiano. Muito charmoso e elegante. Fala um português arrastado extremamente sexy. — Tudo conforme solicitado? — pergunto.

Ele se vira com um sorriso radiante e percebo logo pela sua expressão, que estamos nos saindo bem.

— Senhorita Iara, excelente noite! — Pega a minha mão e beija. — Devo confessar que a senhorita conseguiu me surpreender. — Continua segurando a minha mão e me dirige um olhar convidativo. Opa! Alerta ligado. — Conseguimos todo o requinte e elegância com o toque exótico do Nordeste. A senhorita está de parabéns!

— Fico feliz que tenha gostado. Trabalhamos em diversas linhas de eventos e entretenimento. O nosso diferencial é fazer a leitura apropriada dos desejos mais profundo do cliente e depois... fazer a magia acontecer! — Sorrio e ele abre ainda mais os olhos, se mostrando admirado.

— A senhorita é uma empreendedora nata. Gostaria de ter alguém tão confiante e competente em minha empresa. — Era só o que me faltava.

Meu telefone toca.

— Se me permite... — Aponto para o telefone.

— Claro, fique à vontade — ele fala, enquanto outro empresário se aproxima de nós.

Não reconheço o número, mas atendo para dá um tempo com o flerte dele.

— Alô. — Atendo.

— Eu disse que deverias ficar a repousar. — A voz de Fernando me toma em cheio. Seu tom autoritário já está me dando nos nervos.

— Não estou fazendo nada demais. Estou perfeitamente bem e não preciso de nenhuma babá no meu pé — respondo rispidamente.

— Estou na porta a te esperar. — Sorrio, ou melhor, gargalho.

Sinto sua respiração furiosa do outro lado da linha.

— Não estou a brincar Iara. És minha responsabilidade e não vou permitir que tenhas qualquer indisposição que possa agravar a tua recuperação.

— Tá de brincadeira comigo? Estou em um evento muito importante para a minha empresa. Não vou sair daqui agora. Eu agradeço seu cuidado, mas dispenso... — falo, enquanto percebo o olhar de Sebastian e outro empresário me observando. Será que falei alto demais? Abaixo o tom de voz e continuo. — Então Fernando... Boa noite. Amanhã nos falamos na última consulta. — Desligo sem dar tempo para ele responder.

Viro-me para os dois ao meu lado e falo.

— Desculpem-me pelo transtorno. É só o meu médico que é absurdamente chato e exigente com o meu tratamento — explico, para disfarçar o importuno.

— Um médico! Muito raro ter um profissional tão disponível hoje em dia. — Se vira para o senhor ao lado. — Deixe-me te apresentar Iara Costa, Iara é a responsável pelo belíssimo evento de hoje. Iara esse é Afonso Garcia nosso parceiro em fibra ótica no Mercosul.

— Encantado, senhorita Costa. — Pega a minha mão e eu sorrio.

— É um prazer conhecê-lo Senhor Garcia. — Depois, dirijo-me para Sebastian. — Senhor Matarazzo, a sua apresentação será em 10 minutos. — Olho para o relógio. — Precisa que seja providenciado mais alguma coisa além do solicitado? — Sinto uma mão segurando o meu braço e me viro.

Os olhos azuis, que tanto me acostumei nos últimos dias, me fitam com fúria abrasadora e eu tremo. Esse toque firme mexe comigo de forma inexplicável.

— Com licença, senhorita Iara. — Ele me olha se contendo para não explodir. No entanto, demonstra toda a elegância nata que possui. — Poderias dá-me um minuto de sua atenção? — Se vira para os empresários. — Permita-me ter uma conversa com a senhorita.

— Com licença, senhores — falo, com um sorriso e Fernando sai me puxando para o canto do salão. — Posso saber o que está acontecendo?

— Já destes o teu show de sedução Iara. Agora podemos ir? — Continua segurando o meu braço e fitando-me intensamente. — Vou levar-te a tua casa.

— Qual. O. Seu. Problema? — falo baixo e pausadamente para que apenas ele perceba minha irritação. Ele sorri e levanta as sobrancelhas como se fosse iluminado por alguma ideia.

— Ora, ora... A senhorita não estás a querer que esse maravilhoso evento se transforme em um fiasco, não é? — Amplia seu sorriso diabólico e dá uma leve piscada de olho.

Ele só pode estar brincando. Não acredito que está ameaçando estragar meu evento. Que idiota, embuste do caralho.

— Está ameaçando estragar o meu evento? — falo assustada. Ele não faria isso... ou faria? — Você não seria capaz... — digo puxando o meu braço com força para que ele me solte.

— Não me conheces... — Me desafia com seus olhos em versão diabólica.

— Algum problema, Iara? — Viro-me e vejo Rach chegando.

— Rach! — Solto o ar dos pulmões tentando me acalmar. — "Quiviagi"11... O cara aqui não tá puro, não. — começo a falar gírias em sinal do meu rompante de raiva. Balanço a cabeça em negativa — Quer que eu vá ficar de repouso. Dá para acreditar nisso?

— Ah! É isso? — Ela levanta os ombros como se não fosse nada. — Aqui tá tranquilo. Talvez seja melhor ir para casa mesmo. Você já trabalhou hoje pela manhã e agora à noite... Talvez devesse mesmo ir. — Olho para a Rach e abro a boca, sem acreditar que ela realmente vai ficar do lado dele.

— Até você com essa? — falo incrédula.

— Deixe de onda... — Ela sorri e pisca o olho. — Vai tranquila que eu assumo aqui. — Se vira em direção aos bastidores e eu sou obrigada a seguir com Fernando que apresenta um sorriso de pura satisfação e arrogância. Definitivamente, isso não vai ficar assim.

11 - Expressão baiana que expressa algo inacreditável.