Capítulo 3

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Iara

Chego a Universidade ainda com quinze minutos de antecedência. Paro o meu carro já perto da sala da reitoria, em um estacionamento lotado de carros.

A reunião será com a comissão de formatura e a coordenação de docentes do curso. Dessa vez precisei marcar com a coordenação de docentes além da comissão de formatura porque estou apresentando mudanças na colação de grau. Tradicionalmente a colação de grau é preparada apenas pela universidade. Em meu projeto elaborei um show à parte para a colação de grau. Normalmente as universidades públicas não fazem questão de enaltecer esse momento como as privadas. Em meu caso estou transformando um momento especial, em um momento inesquecível para os formandos. Preciso da aprovação da comissão e possivelmente da reitoria.

Preferi chegar uns minutos antes para deixar o material pronto na sala de reunião e não ter qualquer imprevisto. Sei que esses professores universitários não têm muita paciência para esperar.

Como já conheço a sala reuniões, vou direto para o fim do corredor, onde vamos nos reunir. A porta está fechada, mas não deve estar trancada. Viro a maçaneta e vou empurrando... De repente bato em alguém que saía detrás da porta.

— Ops! — falo tentando segurar sem sucesso minha pasta e todo o material que se espalha porta adentro.

Abaixo para recolher o material no chão. Em minha frente vejo um sapato de couro, que sem dúvida é bem caro. Vou subindo meus olhos por uma calça social sob medida, combinando perfeitamente com um blazer azul escuro. Paro meus olhos em seu rosto. Fico paralisada com a imagem de tirar o fôlego, uau! Só pode ser ator ou modelo. Estou em dúvida se é o Thor ou o Brian O'Conner de velozes e furiosos. Tenho absoluta certeza que nunca vi um homem tão lindo em toda minha vida. A expressão dele não está nada boa. Paramos alguns segundos olhando um para o outro. Acho que parei de respirar nesse momento. Sinto seus olhos azuis anil me queimarem, como se eu estivesse fazendo algo errado. Ele respira fundo, vira para o lado e resmunga com alguém dentro da sala.

— Opa! Este dia só está a melhorar! — fala com um sotaque diferente, acho que português. Ele sai da sala quase pisando em meus papéis pelo chão.

Nossa, que cara grosso! Só porque é lindo como um Deus acha que pode ser arrogante igual o capeta.

Recolho tudo do chão e coloco sobre a mesa. Cumprimento outro senhor que está sentado à mesa fazendo algumas anotações.

— Bom dia! — digo com um sorriso. Tento ser educada e desfazer a minha entrada vergonhosa. — Eu sou Iara Costa. Estou aqui em nome da Axé produções e entretenimentos. Marcamos uma reunião para tratar sobre a formatura de medicina do próximo ano.

— Bom dia Iara! Eu sou o professor Luciano — ele fala e levanta para apertar a minha mão — também estou aqui para a reunião. Fique à vontade. Os outros devem chegar em instantes. Vou comunicar aos demais professores da coordenação sobre a sua chegada. Desculpe pelo professor Fernando de Castro... — fala com um ar de desdém. — Acho que o estrelismo dele não o permite se misturar conosco.

— Não se preocupe — falo, sem saber ao certo o que ele quer dizer. — Vou preparar a minha apresentação então.

— Tudo bem, até breve — se despede com um sorriso e deixa a sala.

Que ambiente mais estranho! Ainda bem que trabalho com festa, show, emoção, alegria... Vai entender esse povo que vive enfiado nos livros. Só observo... Pensando bem, tem momentos que tenho que lidar com estrelismo de artista também. Se acham... Principalmente os que estão no início da fama. Leva um tempo até eles perceberem que apesar da fama, não são melhores que ninguém.

A Dona do Show - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora