Capítulo 11

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Iara

Sou acordada com a campainha tocando. Levanto devagar, pois sempre que levanto rápido sinto uma leve tontura. Deve ser Rach. Estou vestida com a minha camisola de algodão. Sem sutiã e sem calcinha. Como eu costumo me vestir em casa. Rach já está acostumada com as minhas vestes. Sigo para a porta sem me preocupar de me trocar. Vou direto abrindo a porta

— Achei que viria mais tar... — paro de falar surpresa com um par de olhos azuis me encarando dos pés à cabeça.

— Fernando — digo surpresa. — Como conseguiu subir?

Ele limpa a garganta, aparentemente sem jeito com a situação. Para os olhos nos bicos de meus peitos apontando em minha camisola. Esses meus bicos sempre rígidos... Sempre me deixam em situação embaraçosa. Seus olhos voltam para os meus e ele e diz:

— O senhor Jonas... — Ele dá uma risada sem graça. — Precisava saber como passou o dia. — Ele passa a mão pelo cabelo disfarçando o embaraço em que ficamos.

— Ah, eu... estou bem. Permaneço em repouso. — Puxo o canto da boca demonstrando meu desagrado com o repouso forçado. — Por favor, entre. — Abro o restante da porta e dou passagem para que ele entre.

Ele passa por mim e entra olhando ao seu redor.

— Sente-se. Eu estava assistindo filmes, mas confesso que não suporto mais olhar para a televisão — falo retirando o controle do sofá e desligando a televisão.

— O seu apartamento reflete você — ele fala, olhando por todos os lados. — É alegre, iluminado... — Olha-me com seus olhos intensos e continua. — Vibrante e... quente. — ele fala, quase em um sussurro.

Passeia seus olhos sobre o meu corpo. Sobe-me um calor intenso vindo das entranhas. Impressionante, ele me deixa excitada apenas com um olhar.

Limpo a garganta e sigo a minha velha estratégia de disfarçar a situação difícil.

— Deseja beber algo? Tenho bebidas geladas e destilados se preferir.

— Eu aceito água — ele fala. — Faz-se necessário uma hidratação constante com esse clima tropical.

— Em se tratando de hidratação eu tenho água de coco — afirmo orgulhosa. Nunca faltam bebidas e comidas em meu freezer e geladeira. — Vou pegar para você.

Saio em direção à cozinha que fica no mesmo ambiente. Dividido apenas por uma ilha no centro. Abro a geladeira e pego uma garrafa de água mineral e duas de águas de coco. Coloco sobre o balcão juntamente com os copos que pego do armário. Ele olha e se aproxima, senta no banco próximo a bancada.

— Você se lembrou de tomar o medicamento no horário certo? — ele questiona.

— Eu tomei. Não exatamente no horário... — Faço um biquinho puxando a boca de lado indicando a minha displicência.

Ele expira forte, mostrando a insatisfação.

— Algo tão simples — ele diz insatisfeito.

— Realmente simples — falo irritada —, mas não costumo me lembrar de medicamentos. Sempre uso o celular para isso e ainda estou sem... — Saco! Detesto ter que ficar dando satisfação de minha vida. Já tem um tempo que sei me cuidar. Quem esse cara pensa que é?

Ele pega a garrafa de água, abre coloca no copo e bebe tudo do copo sem parar. Sacanagem... É injusto ser tão bonito assim. Coloca o copo no balcão e seus olhos passem pelo meu corpo novamente. Sinto-me nua com esse olhar de raio X. Meus bicos do peito que já são atrevidos, ficam ainda mais eriçados pela excitação que ele me causa.

— Não se preocupe. Vou colocar o alarme no celular ainda hoje e não vou esquecer novamente. — Não sou uma criança, ele tem feito sentir-me assim desde ontem. — Já sou bem grandinha para me cuidar, não preciso de uma babá.

— Estou percebendo — ele fala com ironia. — O quanto antes ficar comprovado que você está recuperada, tão logo fico livre dessa incumbência.

— Escuta aqui, Fernando. Eu não pedi para você ficar acompanhando a minha recuperação, ou melhor, eu te disse que não precisava de toda essa preocupação — falo, me segurando para não ser grosseira o quanto eu gostaria. — Agora você pode se considerar livre de toda essa incumbência. Te proíbo de acompanhar o meu caso.

Sinto os olhos de raiva sobre mim. Ele passa a mão na cabeça, como se estivesse lutando para se controlar.

— Não foi isso exatamente que eu quis dizer — ele fala, se levantando do banco. Chega mais perto e toca a minha mão. Eu puxo a mão de vez para impedir a sensação que o seu toque me faz. Não vou me guiar por esse caminho. Vou acabar logo com isso.

— Te agradeço Fernando, como acabei de dizer, não preciso mais nada de você. — Ele me devora com seus olhos. Nossos rostos estão tão próximos que posso sentir seu perfume me tomando. Sua respiração quente está aquecendo a minha pele. Ele levanta a mão e toca o meu queixo. Eu passo a língua em meus lábios como se sentisse o gosto dos dele nos meus. Fecho os olhos sem conseguir pensar em mais nada além naqueles lábios tocando os meus.

A campainha toca, nos salvando. Abro os olhos, ficamos sem jeito. Afasto-me, viro de costa e respiro. O ar volta aos meus pulmões. Passo as mãos no rosto para sair do transe. Ele segura a junção dos olhos como se precisasse se recuperar também.

— Com licença — digo. — Deve ser a Rach.

Corro para a porta o mais rápido que posso. Rach se joga em meus braços me beijando como sempre faz quando me encontra.

— Que saudade florzinha. — Me olha investigando o meu estado. — Como você está?

— Bem cobrinha, também estava com saudade. Como foi lá hoje? — falo, puxando-a para que perceba que temos companhia.

— Rach esse é o Fernando, Fernando, essa é Rachel, ou melhor, Rach. — Ele fica olhando de Rach para mim. Recordo então que ele me perguntou se ela era a minha namorada. Acho que não seria nada mal deixá-lo com esse pensamento.

Rach não disfarça o seu olhar inquisitivo. Passeia os olhos da cabeça aos pés de Fernando e se senta na bancada. É engraçado que ela faz questão de mostrar que está de olho nele. Pega a garrafa de água de coco e coloca na boca. Entrega-me a sacola e fala:

— Seu celular novo, florzinha. — Pego e abro a sacola.

— Não aguentava mais ficar sem ele. — Olho para Fernando — Não vou mais esquecer o horário do remédio. — Provoco.

Ele estreita os olhos e os cantos da boca tremem. Como se segurasse para não sorrir. Eu aproveito para apimentar a sua desconfiança e entro no meio das pernas de Rach. Seus olhos se abrem em surpresa. Coitado, nem imagina que quando eu quero ser diabólica, o inferno é pequeno para mim. Coloco as mãos nas coxas de Rach e massageio levemente. Ela sem saber de nada me ajuda arrumando o meu cabelo puxando para fazer um rabo de cavalo.

— Então, Fernando, o que essa minha florzinha andou aprontando? — Rach fala virando para ele. — Preciso que me diga quais cuidados devo ter com ela. Ela é uma menina levada. Preciso ficar em seu pé para que ela não apronte.

Ele não tira os olhos de nós, dos nossos carinhos.

— Precisa de repouso e garantir os medicamentos até o fim dessa semana — ele fala, ainda olhando a nossa interação.

Eu tenho vontade de sorrir pensando o que pode estar passando por sua cabeça.

— Eu vou deixá-las à vontade — ele fala. — Preciso que me passe o seu número para te avisar o horário da consulta na sexta — ele fala sem jeito, passando a mão no cabelo.

— Você pode me dizer qual foi o médico que me atendeu. Posso marcar eu mesma. — Não vou dar mais essa incumbência para ele. — Acho que tempo agora não me falta, não é?

— O médico é meu colega. Será mais fácil eu mesmo fazer isso. — Ele pega o celular do bolso.

Sem que eu pudesse impedir Rach passa o meu número para ele. Eu não vou fazer uma cena aqui na frente dele, mas a Rachel me paga por essa.

A Dona do Show - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora