Amor. Uma palavra. Quatro letras. Milhões de definições.
Como você define o amor?
Talvez essa autora tenha virado uma sonhadora casamenteira...
TABLOIDE DE GRUFFIN, por LADY EMYLINE.
O médico examinou Thomas e disse que era apenas uma gripe leve, mas ele precisava passar pelo menos aquele dia na cama, repousando, ele tinha certeza absoluta de que Emma não sairia de perto dele enquanto ele estivesse doente e até que estava gostando de ver que ela se preocupava com ele daquela maneira, o seu sentimento só aumentava ao constatar isso. Thomas já se sentia melhor, mas ainda estava com o corpo muito dolorido e a cabeça também doía, ele sempre se considerou muito fraco para resfriados, qualquer coisa já o fazia ficar de cama. Ele já podia prever como seria o casamento dos dois, se eles se casassem mesmo, ela iria ser o tipo de esposa que brigava com o marido e o fazia obedecer as suas ordens, mas até que ele não se importaria de tê-la ao seu lado para lhe dar ordens, fazia muito tempo que não tinha mais isso.
- Sabe que não precisa conferir a minha temperatura a cada minuto, não é? – ele disse quando Emma foi trocar o pano úmido da sua cabeça pela quinta vez em vinte minutos. – Você não veio para a minha casa para ser minha enfermeira.
- Sim, eu sei. – Ela respondeu. – Eu vim para passar mais tempo com você e nos conhecermos melhor, então, aqui estou eu.
Emma deu um sorriso, sentando-se de novo na cadeira que trouxera até ali, aquele sorriso fez o peito de Thomas se alegrar mais. Se ele não estivesse tão abatido como se sentia, tomaria ela nos braços e a levaria ao altar no mesmo instante. Emma era ainda mais encantadora pessoalmente do que nas cartas, mas ele via mais que a educação requintada ou a beleza dela, Thomas via uma dama forte e destemida, via alguém que lutava por aquilo que queria e que não se conformava com coisas erradas, ele via... tinha algo nela que ele não sabia explicar, um mistério por trás daqueles olhos atentos que pareciam ver tudo que acontecia ao seu redor e uma dor oculta que ela parecia querer esconder de todos, mas que a corroía mais a cada dia, e ele só queria poder ajudá-la a se livrar daquilo. Cada coisa que ele via o encantava mais.
- Bem... – disse ele. – Se está aqui para nos conhecermos melhor, por que não aproveita o meu excesso de tempo livre no momento para fazermos isso? Pode me fazer perguntas sobre coisas que está curiosa para saber...
- Quem lhe disse que existem coisas que estou curiosa para saber? – ela questionou com um sorriso e arqueou uma sobrancelha.
- Você sempre foi muito curiosa. – Thomas rebateu. – Até mesmo nas cartas eu pude perceber isso, não é como se tivéssemos acabado de nos conhecer.
Emma puxou a sua cadeira para mais próximo da cama, deixando seu livro de lado.
- E isso é um problema para você? – ela perguntou. – Qual a sua opinião sobre damas curiosas?
- Na verdade, eu não vejo problema nenhum nisso. As damas também têm direito a ter a sua própria opinião sobre todos os assuntos, serem independentes e não precisarem viver sempre à sombra dos homens.
Ele viu o sorriso dela se alargar com a sua resposta, Emma era o tipo de mulher que nunca pediria a permissão do marido para fazer algo e nunca iria guardar seus argumentos para si quando discordasse de algo, Thomas admirava isso nela também.
- Então... – prosseguiu ele. – Pode perguntar sem medo. Sobre o que quiser.
Com um suspiro fundo e uma expressão pensativa enquanto olhava ao redor, Emma perguntou:
- Naquele quadro... – ela apontou para o quadro na parede. – Deve ser a sua irmã, mas e a outra dama, quem é?
Thomas não esperava essa pergunta logo de início, esperava algo mais leve. Ele paralisou por um segundo. Uma hora ou outra ele teria que falar sobre aquilo, e foi ele quem disse que ela podia perguntar sobre qualquer coisa, então ele teria que ser sincero e contar toda a história a ela.
- Aquela é a minha irmã, Hanna, e minha noiva, Isabela. – Thomas disse com um suspiro e viu Emma arregalar os olhos. O contraste das duas mulheres na pintura era muito visível, as diferenças não eram apenas por Isabela ser negra e Hanna branca de olhos verdes, Hanna sempre fora muito sorridente, mas Isabela não, ela nunca sorria, sempre era séria e objetiva, isso se refletia na pintura também.
- Noiva? – Emma perguntou, curiosa. – O que aconteceu com ela?
- Hanna e o marido iriam se mudar para o continente, eles estavam muito animados. Isabela sempre fora a melhor amiga da minha irmã e nossos pais fizeram um acordo quando nós éramos jovens, nós nos casaríamos dois meses depois do dia que elas faleceram. – Thomas suspirou, olhando para a pintura na sua parede. – Elas duas foram com Edward, o marido de Hanna, e o nosso pai para o continente, iriam arrumar toda a nova casa para quando as crianças fossem para lá também, os três filhos deles ficariam comigo até eles voltarem para buscá-los. Teve uma tempestade durante a viajem deles para o continente e o barco afundou, os corpos das duas foram encontrados na costa, mas o de Edward e do meu pai nunca foram achados. É por esse motivo que as crianças continuam morando comigo, eles não têm mais ninguém além de mim. E eu só tenho os três.
A garganta dela oscilou quando ela engoliu em seco.
- Sinto muito pelos quatro. – Ela disse com tristeza. – Você a amava?
Thomas pensou se deveria ser sincero ou contar a mesma história que contava para os outros.
- Na verdade, não. – Ele disse, sendo sincero. – Sempre acreditei que sim, mas depois percebi que eu apenas acabei aceitando o casamento porque era algo que o meu pai queria. Eu gostava de Isabela, mas da mesma forma que eu gostava da minha irmã, não era o tipo de amor romântico.
Ele podia ver a dúvida no olhar dela, debatendo internamente se fazia a próxima pergunta ou não. Ele sabia qual seria a próxima pergunta dela, estava pronto para respondê-la também.
- Pode perguntar. – Garantiu ele em um sussurro.
Emma respirou fundo e cruzou as mãos no colo.
- O que você sente por mim, é o mesmo que sentia por ela?
Ele quase sorriu ao constatar que ele realmente havia adivinhado qual seria a próxima pergunta dela.
- Não. – Ele negou. – O que sinto por você é... não sei, não consigo explicar. Pode parecer ridículo, mas os meus sentimentos por você são maiores do que qualquer coisa que já senti, as vezes parece que estou sonhando só de pensar que você finalmente está aqui na minha casa, na minha frente. Eu não quero apressar nada, mas, se dependesse de mim, eu iria hoje mesmo pedir a sua mão ao seu irmão, só quero poder olhar para você todas as manhãs quando acordo e todas as noites antes de dormir. Eu tenho medo disso tudo, porque pode ser que você não sinta o mesmo, ou tão intensamente quanto eu. Nunca senti algo assim por Isabela ou qualquer outra pessoa em toda a minha vida.
Emma sorriu e ele a amou ainda mais, ela caminhou até a beirada da cama dele e se sentou ali, tirou os panos da cabeça dele de novo e verificou a febre.
- Não estou delirando, eu realmente amo você. – Ele disse em tom de brincadeira, Emma sorriu de novo.
- Eu sei. – Ela disse. – E eu também amo você.
Ele sorriu e até tentou se levantar, sentido a necessidade de beijá-la, mas seu corpo todo doeu e ele voltou para o colchão. Emma se inclinou sobre ele e os lábios dela tocaram os seus de maneira suave.
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O segredo de Emma Campbell
Ficción históricaLivro 4 da série Família Campbell. Conhecida por suas muitas correspondências, além da sua tendência a fofocas, e depois um encontro inesperado com um belo barão, Emma envia uma carta para ele em agradecimento por tê-la ajudado quando ela necessitou...