Cap VIII

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Acordo cedo. Olho no celular na mesinha ao lado da cama e marcam 7h.

Tento me mexer o mínimo possível.

Taylor tem um sono pesado e sempre dorme me esmagando. Ele é enorme e eu fico muito menor do que de fato sou perto dele. Mas nem por um segundo acho isso ruim, é perfeito tê-lo agarrado a mim. Preenchendo cada espaço vazio que meu corpo tinha antes de voltar para ele.

Consigo rolar e ficar de frente pra ele sem acordá-lo. Gosto de ficar observando quem é esse homem do meu lado.

Noto que os cabelos estão num tom mais escuro que o dourado da juventude. O rosto desenhado pela barba, mas ainda consigo enxergar as pintas através dela. Uma do lado esquerdo no queixo, perto do lábio. Uma no lado direito do nariz. Outra na bochecha.

Nos últimos tempos eu tenho te desenhado tantas vezes na minha cabeça.

A mão descansando suave na cama, a aliança afrontosa brilhando, me lembrando do erro que estamos cometendo.

Estou completamente viciada e iludida por você! Ou talvez eu seja a culpada pela ilusão.

Às vezes eu penso em ir em frente e superar o que eu perdi. Mas aqui onde estou -parada/perto- é o ângulo que o enxergo melhor.

Suspirei fundo demais e ele acordou.

Eu adoro observar sua pupila dentro do azul transparente.

— Bom dia, meu amor!

A voz ainda rouca e os olhos pequenos.

Eu não sei identificar quando eu descobri que estava completamente apaixonada por ele. Se foi quando me deparei quase casando com outro homem ou se foi lá na beira da piscina aos dezesseis anos.

É nítido em nosso olhar silencioso, nos pertencemos como nunca havíamos pertencido a alguém antes.

— Bom dia...Meu amor!

Enfatizei e ele me olhou intrigado. Eu era sempre muito contida com essas palavras. Tinha medo delas na verdade.

A claridade do dia invadia o quarto. Mas não estávamos interessados em sair dali.

— O que você quer fazer?

— Quero ficar aqui! Na cama...Com você!

— Você me mata assim, sabia? Onde você estava esse tempo todo? Porque você não aparecia assim pra mim?

Ele fala num tom de brincadeira, me procurando, mas eu entendi. Realmente eu não aparecia muitas vezes assim enquanto estivemos juntos. E por isso desistimos e deixamos o tempo nos levar.

Levantei da cama nervosa com os comentários. Peguei um dos cobertores e comecei a andar pelo quarto em busca da minha bolsa. No meio das nossas roupas e outras coisas a achei. Peguei o cigarro e o isqueiro.

— Preciso fumar!

Acendi o cigarro e abri o janelão sem me importar com o frio.

Ele se cobriu mais e ficou ali me observando.

— Está frio sabia!

— Se cobre mais então...

Ele suspira e se cobre até o pescoço.

— Eu achei que seu cigarro era somente contingencial.

Ele sorria de forma provocativa.

— É bem isso, Taylor... Contingencial.

— E qual seria a crise?

Ele falou como se nada de errado estivesse acontecendo.

— Olha eu posso te fazer uma lista: virei sua amante, passei a noite transando com um cara casado e com filhos, e o pior de tudo, eu me sinto bem, estou feliz, e por isso eu estou muito ferrada... Ou seja, motivos de sobra para fumar!

Dancing With Your GhostOnde histórias criam vida. Descubra agora