Cap XV

59 5 127
                                    

Desperto do meu sonho com ele e o procuro nos lençóis. Lembro que não estamos juntos.

Será que ele ainda pensa em mim?

Pego o celular e procuro por seu nome. Lembro que não posso e que não devo.

Quero sem querer.

Quando penso que o esqueci, vejo que ele está em mim. Ainda que quisesse me livrar dos pensamentos, ele se fazia presente mesmo não estando mais ali.

Não durmo até amanhecer. Aviso Valerie que iriei sozinha para o trabalho. Já estava mais que na hora.

Coloco um vestido que ele sempre disse amar. Eu não queria lembrar, mas era inevitável.

Entro no carro e percebo que estou sem cigarros. Agora eu admito que bebo e fumo, pois nunca fiz tanto das duas coisas como nos últimos tempos. Dois vícios adquiridos na tentativa de suprir outro vício.

Paro o carro do outro lado da rua e atravesso correndo. Entro na loja sem olhar para os lados.

Direto no caixa peço três carteiras. O atendente fala qualquer coisa sobre o tempo, mas já não consigo prestar atenção em nada.

Taylor está passando em frente à loja.

"Te encontro até onde não te procuro. Você está em tudo." — Penso...

Percebo que ele analisa meu carro de longe, tentando ter certeza do que vê. Tiro os óculos escuros, quero sentir a sensação de vê-lo. De senti-lo em minha retina. Quero sentir o quanto queima nosso encontro.

Não demora muito para que ele me veja dentro da loja. Não tento me esconder e saio de uma vez. Paro em sua frente.

Ele sorri. E por impulso me abraça. Respira fundo nos meus cabelos, procurando por meu perfume.

Sinto o tecido da sua camisa tocando minha pele. Seus cabelos tocando meu rosto.

Ele me machuca sem nem saber e coloca um band-aid nas cicatrizes.

Finalmente movimento minha mão em direção as suas costas. Sinto a pele, a carne por debaixo da roupa. Me afasto. São muitas sensações de uma vez só.

Encaro.

Ele analisa cada traço do meu rosto. Passa a mão por meus cabelos.

— Que saudade...

Ele diz quebrando o silêncio. Eu queria poder dizer o quanto sofro com sua ausência. Que choro, que grito. Quero abraçá-lo. Beijá-lo.

— Bom te ver, Taylor. Eu estou muito atrasada, preciso ir!

Nos despedimos. Tomamos nossos caminhos. Opostos. Mas ambos olhamos para trás. E isso me aqueceu como o sol no inverno.

Eu o amo. E ele me ama.

Cheguei na Bridesmaid com um sorriso bobo estampado. Valerie logo notou.

— Que cara é essa? Você estava aonde?

— Comprando cigarros.

Mantive o segredo só para mim. Ela não insistiu, ficou feliz por me ver feliz.

Sinto como se o mundo tivesse, finalmente, voltado a me enxergar. Tem sido dias difíceis.

****

Natalie deveria estar muito feliz com o marido em casa, pois nunca mais me procurou, o que de fato foi muito bom. Não gostaria de ter nenhum tipo de contato com ela agora.

Minha saudade só aumentava. Queria ele na minha cama, na minha pele. Eu não havia aprendido minha lição. Eu queria ele.

Os dias seguintes ao nosso encontro na loja foram estranhos. Difíceis demais de suportar. Vê-lo e precisar agir friamente me matava.

Dancing With Your GhostOnde histórias criam vida. Descubra agora