Cap VII

74 6 68
                                    

Sento no chão da sala. Respiro com dificuldade. Não sei lidar com o que acabei de fazer.

Tudo é tão raro, até esse sentimento sem nome que divide a tristeza da felicidade.

Taylor é a minha história de como o amor não é óbvio.

"Porque agora?"

Isso tudo não pode ser em vão.

Coisas grandes acontecem o tempo todo, não é porque não se está prestando atenção que elas deixam de acontecer.

Eu estou velha, nós estamos. Precisamos resolver o que precisa ser resolvido.

Eu já perdi as contas de quantas vezes nos despedimos achando que seria a última vez. Eu não sei o que nos prende, eu só sei que temos algo que não nos desconecta facilmente.

O interfone toca, mando subir.

Abro a porta, ele entra em silêncio, está todo de preto, cabelo preso.

Parado em minha frente, seguro seus pulsos, subo para seus ombros.

Está acontecendo agora. Uma coisa grande...

Estou meio bêbada ainda e percebo isso quando simplesmente falo "eu te amo", assim sem aviso, sem sentido.

Ele me analisa.

Estava lindo, o preto realçou a barba loira meio ruiva, enquanto eu estava acabada,  bêbada e vestia somente uma camiseta maior que eu.

— Eu te amo, Taylor! Eu quero você. E nada chega perto da maneira que eu preciso de você! Eu preciso sentir a sua pele! Eu não queria amar, mas eu amo! Eu queria muito conseguir seguir minha vida, te deixar seguir a sua vida, mas eu não consigo! Que inferno! Eu preciso saber se estou sozinha nisso, Taylor...

Eu tinha medo do que ouvir.

Qual será a temperatura do coração quando se sente frio na barriga?

— Fala alguma coisa,Taylor...Eu tô maluca? Estou sozinha nisso?

Ele parecia digerir todas as palavras.

— Eu te amo, Harper! Nós escondemos nossas emoções sob a superfície, tentamos fingir, mas isso é impossível! Você não sabe, mas eu te amei todo esse tempo, eu te amei ansioso, desacreditado, nos dias bons e nos ruins. Eu sou apaixonado por você. Eu não paro mais de pensar em você. Estamos juntos nisso, mas estamos muito ferrados! Mas vamos dar um jeito... juntos!

Sinto sua boca macia me beijar. Nossas línguas se tocam, mergulham sem pressa.

Eu ansiei por esse momento. E quando vi ele estava acontecendo. Sonhar gigante para viver o imenso.

Com os olhos fechados toco seu rosto para ter certeza que ele está ali comigo. Desenho suas linhas. Levo as mãos até sua nuca, acaricio seus cabelos.

Suas mãos soltam meu rosto e agarram meus cabelos. Sua boca procura meu pescoço.

Paladar (s.m) o gosto que vem dele e que me invade por completo.

Quando solto seu pescoço, fico meio tonta.

— Você comeu, Harper?

Ele interrompe o beijo.

— Hum... Não que eu me lembre.

Respondo com displicência, como uma adolescente apaixonada que perdeu a fome por estar sofrendo demais.

Ele me leva para a cozinha. Me direciona para sentar na cadeira da bancada.

Pega o avental que estava pendurado. Se prepara, prende melhor o cabelo. Desbrava minha cozinha com uma intuição certeira. Abre a geladeira, pega meia dúzia de itens e começa a planejar alguma coisa.

Dancing With Your GhostOnde histórias criam vida. Descubra agora